PRECISAMOS URGENTEMENTE DE UM ANO NOVO

Por Jerônimo Peixoto

Jerônimo Nunes Peixoto, 29 de Dezembro, 2020 - Atualizado em 29 de Dezembro, 2020

PRECISAMOS URGENEMENTE DE UM ANO NOVO

A última virada foi maravilhosa, descontraída, ao som dos mais badalados sucessos de todos os gostos. Havia luzes, fogos de artifícios (muitos fogos!), promessas de renovação, roupa branca, beijos e abraços expressando as mais glamorosas saudações carregadas de auspícios. Houve pulinhos nas ondas, com o velho desejo de melhoria econômica e muita gente de amarelo, para atrair dinheiro. Eh! Foi uma virada e tanto...

O mundo presenciou a passagem de ano, com uma pulga atrás da orelha, pois, no Oriente asiático, um minúsculo vírus dava às caras, revelando-se avassalador. Mas, estava distante, do outro lado do mundo... com poucos dias, a Europa ocidental estava impregnada. De lá para a América, chegando ao Brasil, foi questão de dias. Aqui, sua chegada foi postergada, para depois do Carnaval. Não se poderia assustar os turistas e foliões, que movimentam a economia brasileira, naqueles dias.

As aglomerações, ao som de trios, de arrocha, de pisadinha, axé e frevo, encarregaram de dar asas ao vírus e ele, sem pestanejar, começou a ditar as regras, em meio a uma gente despreparada, aturdida com tudo o que se passava, pois a novidade era geral. Deu ordens a uns governantes, entupiu os hospitais, alargou as fronteiras dos cemitérios, revelou a grandiosidade do SUS, despertou na comunidade científica a curiosidade pela de vacina. Muita gente daqui e de longe, das mais variadas classes sociais, partiu. Famílias inteiras passaram o ano sob lágrimas doridas demais, pois – além de perder seus entes queridos – não lhes puderam dar sepultamento digno. Vivia-se um cenário de guerra.

No mundo econômico, interrompidas a produção e a efetivação dos negócios, pululou o desemprego, além do fechamento de pequenas empresas. O mundo caiu, de ponta cabeça, mas foram os países mais atrasados quem mais sofreu as consequências do vírus da corrupção, que continua matando mais pessoas do que o Corona. Por causa da corrupção e da impunidade, crianças ficam sem saúde, sem escola, sem lazer, sem família; hospitais ficaram sem respiradores, sem leitos, sem atendimento necessário, porque as verbas destinadas a esse fim esbarraram na máscara que, ao invés de salvar vidas, esconde o caráter de muita gente graúda. Gente que engole a vida dos pobres, dos desvalidos.

Quando arrefeceu o vírus, a gente graúda cuidou de lutar para que houvesse eleições, com toda a sorte de aglomerações, abraços, bebida, fogos (muitíssimos fogos!) e pouquíssimas propostas viáveis. Discussões e debates foram raros e destituídos do verdadeiro fim a que se destinam. Houve um novo carnaval fora de época, em quase todos os municípios do Brasil. Com poucos dias, as notícias se encarregaram de divulgar o alarmante crescimento da Covid-19. Até há quem chame de segunda onda... qual nada! A primeira não passou! Só aumentou.

Assim, daremos adeus ao velho ano, mas necessitamos urgentemente de um novo ano. Não suportaremos mais fechamento dos setores produtivos, dos serviços mais variados, para, em seguida, a campanha política se encarregar de destruir tudo, com o aparato da Suprema Corte. Não! Definitivamente, precisamos de um novo ano, de um tempo novo, de um modo novo, de uma nova mentalidade, de uma nova forma de viver em sociedade.

O novo ano não pode ser a assunção de um calendário novo. Precisa ser a oportunidade de aprender as lições que a pandemia vai nos sugerindo; tempo de rever a vida, com todas as implicações de decisões tomadas; ocasião propícia para uma luta em prol da educação, de uma nova ordem para o exercício da política, desvinculando-a do crime organizados, das milícias, das barganhas entre grandes empresas e mandatários do poder.

Enquanto não chegar o fim dessas realidades inimigas da paz e da justiça, não teremos um novo ano. É preciso mudar! É preciso continuar semeando o sonho de Deus, para o alvorecer de um novo dia, marca de um novo ano. Feliz ano novo!

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