VIVENDO A SEMANA SANTA

Por Jerônimo Peixoto

Jerônimo Nunes Peixoto, 28 de Março, 2021 - Atualizado em 28 de Março, 2021

VIVENDO A SEMANA SANTA

No mundo inteiro, os cristãos vivem a Festa da Pascoa Cristã, cuja origem se encontra no episódio da Ressurreição do Filho do Carpinteiro. Não tivesse Jesus vencido a Morte, não se falaria sobre Ele a essa altura. Mas, porque Ele é o Vivente, o Vencedor do pecado e da morte, tornou-se uma referência tão marcante que dividiu o calendário civil ocidental em duas eras: antes e depois de Cristo. A Páscoa é antecedida da chamada semana santa, um período de preparação próxima para a Festa da Vida Plena.

Como surgiu a semana santa? É uma longa história, marcada por idas e vindas, com costumes que foram se sedimentando, já no chamado período pós-apostólico, ou seja, imediatamente após a morte do último Apóstolo de Jesus. Nos fins do Século I e inícios do Segundo, há rumores de uma preparação maior para a festa batismal, rito que acontecia apenas na Celebração da Páscoa. Como a vocação cristã é selada com o Batismo, sacramento de adesão ao cristianismo, porta de entrada na vida cristã, as pessoas, nas primeiras comunidades, passavam um período de conhecimento da fé, preparação para o batismo. Era o chamado catecumenato, palavra esquisita que indica preparação.

O catecúmeno, a pessoa que se converteu ao cristianismo e desejava receber o batismo, passava por algumas etapas de vida na experiência das comunidades. Com o tempo, essa experiência exigiu um aprofundamento, a partir dos últimos acontecimentos da vida terrena de Jesus, uma espécie de memória (reviver a atualização) dos últimos mistérios ocorridos ao Filho de Deus, sobretudo em Jerusalém. O costume foi-se multiplicando em cada igreja e chegou-se ao quarto século, no Concílio de Nicéia, com o que se passou a chamar Semana Santa, preparação imediata para a Festa Maior do Cristianismo, a Páscoa: Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor.

Ainda que exista uma preocupação muito grande com a preparação batismal – tanto é que um dos ritos da noite pascal é a liturgia batismal, com a renovação das promessas e bênção solene da água para o batismo – a Semana Santa tornou-se uma espécie de retiro espiritual, imediato – preparação próxima – para a Páscoa. E como vivê-la, na atualidade, quando a vida se tornou agitada, sem tempo e nervosa, pelo evento da pandemia?

A Palavra de Deus é a indicação maior. Já no Domingo de Ramos, a leitura da paixão de Jesus pelos evangelhos sinóticos (parecidos), Mateus (ano A), Marcos (ano B) e Lucas (ano C). o Evangelho de João, cuja narrativa da paixão é uma elaboração teológica mais aprofundada em detalhes, fica reservado à celebração da Paixão, na Sexta-feira Santa. Com a Entrada Triunfal de Jesus em Jerusalém, para a páscoa judaica, o cristão é chamado a refletir sobre a real missão de Jesus: dar a vida, e não viver a honraria humana. Os que o aclama “bendito que vem em nome do Senhor” são os mesmos que gritam: “Crucifica-o”!

Na Segunda-feira, santa, visualiza-se, pela Liturgia Oficial da Igreja, a unção em Betânia, quando Maria prediz a Morte de jesus, ungindo-o para a sepultura. Na Terça, o anúncio da traição de Judas é anunciada, mas ao mesmo tempo, vê-se a misericórdia de Jesus, que lhe oferece o pão molhado, gesto que indica acolhida e perdão. Na quarta-feira, a maldição de Judas acontece, isto é, Judas vai ter com os Sumos Sacerdotes e acerta as trinta moedas com que “vende” Jesus. Na Quinta-Feira Santa, o Serviço de Amor (lava-pés), a instituição do Sacerdócio e da Eucaristia, na Última Ceia que Jesus celebrou com seus discípulos. Na Sexta-feira, a entrega total e incondicional, na elevação no Lenho da Cruz, quando Cristo atrai a si todos os filhos e filhas de Deus dispersos. No Sábado, pela manhã, a soledade (saudade misturada à esperança) de Maria, que espera a última palavra de Deus sobre seu Filho. No Domingo, a Vitória sobre a Morte, com a Ressurreição. Convém lembrar, que a quaresma se encerra com a Quarta-feira Santa. Na Quinta-Feira Santa, tem lugar o Tríduo Pascal, três dias de intensa oração em preparação à Páscoa. Assim, a Festa Maior dos Cristãos tem intensa preparação vocacional, batismal, vivencial e penitencial, mas repleta de esperança, de fé e de piedade. A Ressurreição é palavra de ordem que rege todos os preparativos. Não é para a desilusão, parar tristeza, mas para a celebração da Alegria Cristã da Vitória de Cristo sobre a morte.

Assim, mesmo sem a participação presencial na liturgia do templo, a Igreja nos convida a vivenciar, pela meditação na Palavra e pelas mídias sociais, os últimos acontecimentos de Cristo. Se a pandemia nos crucifica, ela deve ser associada à cruz de Cristo, para ter sentido de conversão para todos. A Palavra de Deus e a Eucaristia são o centro de nossa vivência cristã, sobretudo nesses dias de intensa espiritualidade. Boa preparação para a Páscoa!

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