Não pode ser em vão (por Carlos Pinna Junior)

por Carlos Pinna Junior

Carlos Pinna, 30 de Dezembro, 2020 - Atualizado em 30 de Dezembro, 2020

O ano termina e com ele alcançamos a compreensão de que o que vivemos em 2020 não pode ser em vão. Para os que nutrimos a convicção da fé, a percepção é a de que neste ano fomos impelidos a distanciarmos uns dos outros para, em verdade, (re)encontrarmos os ensinamentos dEle, por vezes adormecidos na automaticidade, velocidade e frivolidade da vida moderna.

Mas a fé, sabe-se, é sentimento individual. No íntimo de muitos, além de permanecer inabalada ela até se fortaleceu em meio à terrível pandemia e suas consequências, mesmo diante de tanta intranquilidade. Em outros, ela talvez tenha esmorecido por algum instante durante este tempo tormentoso, antes de afinal renascer revigorada, em uma espécie de revelação para as perguntas antes sem respostas.

O fato é que o ano de 2020 despertou sentimentos recônditos e a fé – como sagrada razão da existência – é o maior deles. Todos havemos de reconhecer que em certos momentos uma certa dose de receio nos rodeou nesse período angustiante. O receio não apenas da nefasta doença, mas igualmente das consequências que todo isolamento social acarretou: receio do colapso econômico, receio da irrecuperabilidade do tempo, receio do desconhecido. E em meio a todos essas inquietudes, felizes dos que se apegaram e se acalmaram com a sublime e eterna advertência: “Por que tendes medo? Ainda não tendes fé?”. De fato, afortunados são aqueles que encontraram no equilíbrio proporcionado por ela (a fé) o modo de conduta ideal em meio a uma montanha-russa de informações sobre a doença, não raro aguçadas com parcelas de sensacionalismo e mesmo pânico, em uma artilharia psicologicamente danosa a qualquer ser humano.

Em verdade, penso que a humanidade alcançará a paz e a fraternidade desejadas quando a fé for além dos momentos de caos pandêmicos, mesmo porque há várias espécies de pandemias a todo momento: a imoralidade, a indignidade, a dissimulação, a iniquidade, a deslealdade, a injustiça, dentre tantas outras mazelas que nos atingem frequentemente.

A verdade é que o pandêmico ano de 2020 nos deu lições de vida. Aprender a juntar os pedaços daquilo que inevitavelmente se quebrou – seja no aspecto emocional, econômico, afetivo, profissional, social ou em qualquer outro âmbito que justifica a nossa existência – foi a maior delas. O que nos salvou, em verdade, foi a capacidade de seguir adiante equilibradamente, sem relegar a doença inimiga, mas sem sucumbir ao desespero, comprovando-se que a sensatez e o equilíbrio são mesmo grandes virtudes.

A fé, repita-se, é sentimento individual. Mas a constatação de que o ano de 2020 foi uma teofania para nossas vidas é inevitável. Ante tantas reflexões ao final deste ano, resta a renovada e convicta lição de que o comando dos acontecimentos não está em nossas mãos, por mais planejados que sejamos. Em verdade, o que vivemos em 2020 jamais será em vão: basta sabermos colher os ensinamentos que dele brotam.

O ano vindouro será próspero, tenhamos esperança. É próprio dos cataclismos fazer surgir ânimo, resiliência, coragem e dinamismo em intensidades inimagináveis. Confiemos que 2021 será auspicioso: serão 365 oportunidades que se oferecerão a cada manhã para serem realizadas. Basta querer. E “tudo é aliado do homem que sabe querer”, como ensinou Joaquim Maria Machado de Assis, o maior nome da literatura brasileira. Confiemos. Com fé, coragem, persistência e determinação, o novo ano será venturoso: basta querer!

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