VEXAMES DA TECNOLOGIA.

José de Almeida Bispo, 09 de Março, 2022 - Atualizado em 09 de Março, 2022

Diversos momentos da telefonia: à esquerda, aparelho rústico, dos primeiros modelos; seguido do moderníssimo a manivela(preto); outro ainda mais moderno com discador numérico, já dos tempos das DDIs e DDIs; à direita o mais moderno fixo, seguido dos celulares analógica e um modelo atual, "smart", como tela de toque.

Na foto maior, o então governador do Estado de Sergipe, José Rollemberg Leite, ladeado pelo então jovem prefeito Antônio Teles de Mendonça e do presidente da Telergipe, inaugurando da Prefeitura Municipal de Itabaiana o sistema de universalização de telefone (fixo) em Itabaiana, em 13 de junho de 1978. (Foto, cortesia do ex-prefeito Antônio Teles)

Dando boas gargalhadas com uma colega que acabou de me fazer uma chamada de vídeo via celular. Involuntariamente.
Chamou, de imediato desligou; e passou-me mensagem de esclarecimento. Aproveitei e a acusei de invejosa, já que sou vezeiro em perturbar os meus contatos telefônicos com chamadas involuntárias, e não é de hoje.
Ao menos uma vez em média a cada semana tenho que me desculpar com alguém por fazer-lhe chamada “dedo tropo”; aquelas que você nem nota, mas tacou o dedão na tela do celular e o danado já disparou a chamada.
Quando o telefone era de manivela, e intermediado pela mesa telefônica nas centrais jamais se passaria por esse vexame; mas isso acabou completamente ainda nos anos 60. Aí veio o aparelho com o discador, DDD (discagem direta à distância) e DDI, internacional. Foram 30 anos de tranquilidade, excetuando-se os troteiros que sempre existiram. Em meados dos anos 90, a novidade: telefonia celular. A chance de falar sem os indefectíveis fios, de qualquer lugar, desde que tivesse antena geral de emissão/recepção do sinal.
Dez anos depois começa a virar febre a tecnologia digital. Muito mais refinada, mais expandida; contudo ainda com recursos de discagem via teclado, número a número. Todavia, já trazia a memorialização de números, tornando-os mais fáceis numa rechamada, e me induzindo em 2010 ao primeiro vexame: acordar um amigo as duas e meia da madrugada, certamente assustado com tal inusitada chamada a uma hora daquelas.
Entrando no emprego às sete precisava acordar às seis, o mais tardar, para dar tempo à correria. Dormia sempre depois da vinte e três, quase sempre próximo de uma da manhã, tendo que acordar debaixo de grito. Ou melhor, de alarme do celular; que dormia com o mesmo debaixo do travesseiro, bastante audível, mas suficientemente próximo para ser desligado antes que acordasse a casa inteira.
De março de 2010 a novembro de 2011 editei o jornal mensal Carta Serrana, aqui de Itabaiana, naturalmente mantendo com os diretores o diálogo mais franco e próximo possível. E eis que numa madrugada eu acordo com alguém me perguntando no celular “o que foi”. Meio atordoado, mas consegui de imediato identificar o que estava ocorrendo. Dei minhas desculpas, explicando-lhe o que provavelmente ocorrera; demos boas e contidas gargalhadas – afinal eram duas e meia da manhã – desligamos; e mudei o celular de lugar nunca mais ligando involuntariamente para assustar quem quer que seja. Havia de algum modo pressionado as teclas de aparelho que chamou o respectivo número.
O meu celular de teclas foi um dos últimos não especiais – que ainda existem – no mercado. Logo se tornaria comum a tela à base de toque. E, para mim ainda convalescente de AVC, justo que me afetou o lado destro, aqui e acolá estou digitando o que não quero e também sou ajudado pelo puxa saco do corretor automático (todo puxa saco me deve um conto!). E, quanto às chamadas, de áudio ou de vídeo... ih! Já perdi as contas.
São as falhas do excesso de tecnologia.

 

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