E SE...

José de Almeida Bispo, 22 de Março, 2022


E se Cristóvão de Barros tivesse preferido a colina em que está assentada a cidade de Santo Amaro das Brotas?
Sergipe foi conquistado por uma força mista – 1.200 índios, 200 mamelucos – sob o comando de alguns brancos, atendendo certamente a ordens espanholas, em 31 de dezembro de 1589, após a última batalha nos contrafortes da serra do Pico, hoje limite dos municípios de Macambira, Frei Paulo e Itabaiana, terminada por volta da meia noite do citado dia, pronto para o nascimento do primeiro dia do ano de 1590.
A força, que penetrou na margem esquerda do Real em 23 de dezembro veio à desforra da surra levada 15 anos antes, na tentativa de missão pelos jesuítas de João Salônio e Gaspar Lourenço na confluência dos rios Piauí e Jacaré, ou seja, no hoje povoado Campo do Crioulo, do Município de Lagarto. Os índios de Mbaepeba – o Porquinho, conforme Frei Vicente do Salvador – enganaram os soldados mandados pelo governador-geral, Luiz de Brito, matando alguns e desarmando todos, e recolhidas as armas, talvez pensando em dominar a tecnologia, guardando-as na aldeia matapoan (cf. sugere o padre Francisco da Silva Lobo e o Mapa de Barlaeus).
Terminada a batalha e amanhecido o dia, Cristóvão de Barros pôs-se em direitura ao litoral a procura de um local para instalar a cidade, como exigido por Madrid. Certamente ao chegar ao Morro do Urubu deve ter visto outras opções de colinas próximas com rios navegáveis para ali fundar o forte, ponto de partida para cidade. Por que escolheu Aracaju e não Santo Amaro?
A velha e pequena Santo Amaro está assentada numa colina, em torno de 60 metros de altitude, com forte ladeira para o rio Sergipe, e do qual dista 1000 metros em linha reta do rio. Uma altitude similar à do Morro do Urubu, ou outros locais ideais para aí se fundar uma cidadela com o ponto de superioridade estratégico para Santo Amaro pois originalmente este veria o mar, como originalmente Aracaju e São Cristóvão mas jamais seria avistado dele normalmente: está a 12 quilômetros de distância em linha reta para o mar. Não chega a ser os 18 quilômetros de Roma antiga em relação ao Mar Mediterrâneo; mas duas léguas grandes; e, para ser atingido por alguma força invasora, são 18 desde a barra da Atalaia Nova, subindo o rio Sergipe.
Portanto, em matéria de segurança estratégica teria sido o local ideal para assentar o nascimento da capital da nova capitania.
Mas o “Forte Velho” foi pro Morro do Urubu, perambulou por mais uma tentativa de fixação, e 15 anos depois, finalmente parou em São Cristóvão numa aparente situação similar com Salvador. Sem uma baía para chamar de sua, obviamente. E voltou no dia 17 de março de 1855, não para o Morro do Urubu – os tempos e as estratégias de defesa agora eram bem mais complicados – mas para o pântano adjacente das olarias. E é hoje, depois de milhões ou bilhões de investimentos a bela Aracaju.
Há 167 anos.

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