BRASIL,1822 – 2022: COMO SEMPRE COLÔNIA DE BANQUEIROS.

José de Almeida Bispo, 10 de Maio, 2022 - Atualizado em 10 de Maio, 2022

Até 1800 fomos corpos portugueses com alma vendida à Espanha; em 1822 viramos capitania do banqueiro Nathan Rotschild, então um mimo da Coroa inglesa, obviamente, em agradecimento à vitória “de Wellington” sobre Napoleão; assim permanecendo até 1888 quando passamos a nos entregar aos Estados Unidos em troca das sacas de café.

Em 1500, acossado pela disparada de Castela a engolir toda a península ibérica, para formar a Espanha moderna, Portugal tomou posse do Brasil e empreendeu a viagem líquida e certa de Cabral às Índias, reabrindo o comércio europeu com aquele subcontinente desde o fim do Império Romano do Ocidente, voltando com riquezas suficientes para manter Madri sossegada em seu furor expansionista na península.
Porém, em 1578, acredito que numa casca de banana interposta pela própria Espanha o impetuoso e desastrado jovem rei D. Sebastião caiu na cilada de guerrear em Alcácer-Quibir, hoje Marrocos, imolando-se numa batalha e deixando órfão o reino e nascente império comercial português. Foi o bastante para desarrumar todo o xadrez no tabuleiro mundial. E internamente, bota confusão nisso.
Em 1580, Felipe II pressionou pelo legítimo direito ao trono português, já que não havia ninguém na linha de sucessão: finalmente a Espanha conseguiu ser toda a península.
Mas processos de absorção não ocorrem de imediato e completo sem que haja uma guerra com “limpeza étnica”; eliminação, total ou parcial do povo subjugado. E não foi o que ocorreu em Portugal.
Modernamente o poder vem primeiramente pelo dinheiro, em segundo, de fato quase sempre uma força auxiliar ao dinheiro, pelas armas; e em terceiro, mais estabilizado pelo domínio da opinião, que, na atualidade é dividido entre religião e mídia.
Em 1580 não era muito diferente. Com exceção de que o dinheiro era controlado pelo rei, e não pelos banqueiros; e a opinião se resumia à religião.
É justo por então deter enorme influência na Igreja Católica, ainda praticamente a religião no ocidente que a Espanha exerceu o soft power, especialmente mediante as ordens religiosas como a mais poderosa delas, a Companhia de Jesus ou dos jesuítas. Durante 250 anos o Brasil pensou, foi educado e obviamente governado pelos jesuítas. Portugal dava as ordens; mas só seriam acatadas se em consonância com as diretrizes jesuítas, que por sua vez devia obediência ao Papa e ao governo da Espanha. Eles ensinaram a ler, hospedaram, advogaram em benefício próprio a favor de índios, pretos e mestiços; mas também negociaram abertamente estes pobres infelizes escravizados. Agiotaram. Formaram a elite que temos hoje.
A primeira experiência capitalista brasileira ocorreu em torno do Recife e, óbvio, na capitania de Pernambuco, com os calvinistas holandeses, entre eles, judeus, emprestando até a 42% de juros ao ano aos senhores de engenho. Quando os holandeses se foram, justo pelos escorchantes juros, não demorou e os jesuítas assumiram o lugar. Em todo o Brasil.
Super rica e organizada, a ordem foi extinta no império português em 1759, e teve seus bens apropriados pelo Estado em leilões que acabaram por instalar a corrupção no governo em escala industrial. Em Sergipe, foi um escândalo atrás dos outro.
O império português se livrou da tutela direta da Espanha em 1640; mas a um custo enorme: renasceu em 1640, e desde então, mais ou menos acentuadamente tem sido colônia inglesa. As tentativas de D. Pedro II, o Pacífico, de lhe recuperar a independência de fato deu no fiasco das minas de prata de Itabaiana(SE) e Paranaguá(PR) na década de 1670. Quando motivado por estas buscas, correndo da forca por ter matado D. Rodrigo de Castelo Branco, o paulista Borba Gato achou a torrente de ouro de Minas Gerais; tornado isso oficial, a Inglaterra muito mais poderosa com brindes portugueses pela Restauração impôs o Tratado de Methuen a Portugal e aproveitou o ouro português do Brasil para realizar sua Revolução Industrial, trocando pano por ouro, claro e ainda levando os vinhos portugueses. Sem sequer mencionar Portugal nem Brasil. Nunca. Até hoje.
Depois de Methuen a asfixia permaneceu. A breve tentativa soerguimento do governo Pombal, no reinado de D. José I se desmilinguiu no reinado seguinte, onde não bastou a demissão de Pombal; ainda alcunharam a soberana D. Maria I de “a louca”, na verdade expulsando-a de Lisboa para o Rio de Janeiro, evitando assim uma mudança de tutoramento de Napoleão em substituição a Inglaterra de George III.
Mas é em 1822 que o Brasil ganha status de colônia moderna, ao ser constituído como nação independente para assim seu jovem Tesouro Nacional absorver parte do excesso de ouro juntado pelos banqueiros Rotschild, que sobrou da guerra contra Napoleão Bonaparte, sete anos antes. Que nunca saiu de Londres, ressalte-se.
Mas em 1880 o império dos Rotschild se já tinha ampliado imensamente e o império inglês, por outro lado já apresentava cansaço, de tão gigante que se tornara. Então, parte dos capatazes brasileiros passaram a lhes trair até que enxotaram o imperador D Pedro II, criaram o encilhamento, e reorientaram a colônia para a nova potência que surgia: Estados Unidos da América. Claro, na história das mudanças, como a República sempre têm os sonhadores, incautos, tolos e boas-fés, com o nosso professor Lima Jr., ou mesmo o involuntário proclamador da República, o marechal Deodoro da Fonseca, que acabou pondo a batata quente nas mãos das Forças Armadas e mergulhando no país na cultura do golpe militar.
A questão republicana tanto impactou o Brasil que chegamos a figurar em 68º lugar entre as nações do mundo, enquanto a Argentina era o segundo da América e 8º de mundo.
Em 1908 o insuspeito crítico sergipano, Silvio Romero escreveu: “É um facto positivo, claro, evidentíssimo por todos reconhecido e proclamado, que as três classes que têm mais de perto dirigido a vida mental e pública do povo brasileiro - os políticos, os jornalistas e os literatos, levaram a um tal gráo de confusão, pessimismo e desanimo, que nem elles mesmos tomam mais pé no meio dos desatinos que accumularam. Só se ouvem pragas e esconjuros; apontam-se panacéas capazes de curar as fundas chagas da nação; surgem de todos os lados prophetas e guias, com suas bandeirolas de improvisados estadistas e salvadores dos povos.”
Adiante, arremata: “(...) restauração da monarchia e até ditadura militar, reclamada em altas vozes das columnas de vários jornaes(...) Houve até político, litterato, jornalista, tido na conta de grande sabedor, que, com todo o desembaraço nos aconselhou a renúncia da independência e a submissão ao protectorado dos Estados Unidos... Tanto é profunda a incapacidade desses levianos directores da opinião brazileira!(...)”
Estamos fechando o bicentenário da Independência. Nos 132 anos de República, quase no mesmo estágio daquele 1908 de Romero.

(*) Título inspirado no livro Brasil, Colônia de Banqueiros, Editora Civilização Brasileira, 1935, por Gustavo Barroso.

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