16 DE JULHO E A PRATA DE ITABAIANA

José de Almeida Bispo, 15 de Julho, 2022 - Atualizado em 15 de Julho, 2022

 


16 de julho, quando Itabaiana caiu literalmente na boca do mundo,
Se houvesse um túnel do tempo, e nele mergulhassem os habitantes do Rio das Pedras e visitantes do dia do Parque dos Falcões, bem como Percílio e sua equipe, eles poderiam ser espectadores de um dos acontecimentos mais importantes da História do Brasil, à época, ou seja em 16 de julho de 1619, quando Melchior Dias Moreia, neto de Caramuru, portanto de linhagem nobre recém formada no Brasil chegou à colina em frente ao Parque dos Falcões trazendo nada menos que o governador-geral do Brasil, D. Luís de Souza, para supostamente entregar ao governo espanhol a mina de prata São Pedro que estaria no Gandu, que em tupi quer dizer mata rala, ao pé da Itabaiana açu, a serra grande.
Mas não era aqui.
A apropriação da mina de prata Potosí, hoje Bolívia, em 1545, pelo conquistador espanhol deixou os portugueses com certa dor de cotovelo e apreensão.
Historicamente foi a prata, muito mais abundante que o raríssimo ouro que sustentou grandes impérios, sendo por eles usados para qualquer fim: desde financiar seus exércitos, como também corromper os exércitos alheios, como os persas corrompendo Esparta contra Atenas na Guerra do Peloponeso, desde a Sicília ao próprio território grego, até Dardanelos.
Como os demais reinos europeus, Portugal sabia que seu suado lucro das caravanas comerciais da Índia não era páreo para uma Espanha belicosa, de população muito maior, e agora entulhada de prata assaltada dos Andes. E foi tanta prata que em meados do século XVII, cem anos depois de descoberto, a prata estava baratinha no mercado europeu. A gula espanhola fazendo efeito contrário. Mas, em 1575 começam as lendas sobre prata na região de Bahia e Sergipe, e em 1598, Melchior Moreia tornou público que tinha encontrada a mina de prata.
Só que entre 1575 e 1598 a Espanha finalmente conseguiu seu intento de unificar toda a península sob a coroa de Castela, submetendo Portugal e suas colônias. Melchior, então, muito mais cuidadoso redobrou as exigências para entregar o seu achado, que agora seria da Espanha.
Em 1619, o acerto seria com o governador-geral, D. Luís de Souza, Conde do Prado; e não o rei em pessoa. O certo é que Melchior decidiu testar a paciência e as intenções do governador, trazendo até a colina, hoje em frente ao Parque dos Falcões, e aqui a paciência do governador esgotou, levando a prender e torturar Melchior que ainda apontou para outro lugar – o povoado Serra das Minas, em Campo do Brito – e daí em diante foi levado a ferros para Salvador onde ficou na masmorra pelos três anos de mandato do governador.
D. Luís de Souza era sobrinho de outro governador-geral anterior, D. Francisco de Souza, que, entre outras coisas recebeu o título requerido por Melchior para entrega da mina, ou seja, Marquês das Minas. Os cariocas aproveitaram e lhe deram o título de Marquês das Manhas.
Melchior Dias Moreia faleceu em 1622, tão logo foi solto, sob pesada indenização.
E Itabaiana virou a terra da lenda da prata.
Em 1693 foi achado ouro. O rei proibiu explorar, e para mais garantia mandou que criasse municípios em Itabaiana e Lagarto para reforçar a vigilância, então somente em São Cristóvão. O ouvidor criou mais dois: Santo Amaro das Brotas e Santa Luzia do Itanhy.

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