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Conscientização sobre Parkinson chama atenção para sinais iniciais e importância do diagnóstico precoce

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O mês de abril é dedicado à conscientização sobre a doença, especialista destaca sintomas pouco evidentes e reforça a importância de um cuidado multidisciplinar para o bem-estar dos pacientes

Uma leve dificuldade para abotoar uma camisa, passos que arrastam ou um tremor que surge enquanto o corpo está em repouso. Sinais que parecem inofensivos, mas podem marcar o começo de uma jornada com a Doença de Parkinson, uma condição neurológica progressiva que atinge aproximadamente 220 mil brasileiros, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). No planeta, mais de seis milhões de pessoas convivem com a enfermidade, que, apesar de não ter cura, tem sido alvo de diversas pesquisas e iniciativas voltadas à melhoria da qualidade de vida dos pacientes.

De acordo com o médico neurologista e professor da Universidade Tiradentes (Unit), Dr. Helton Benevides, o Parkinson é uma doença degenerativa do sistema nervoso central, de origem ainda não totalmente esclarecida. “Existem várias teorias em investigação. Algumas associam a condição a processos inflamatórios ou infecciosos prévios, outras sugerem influências genéticas. O que sabemos é que os diagnósticos vêm aumentando em nível global”, alerta o médico.

A identificação da doença geralmente acontece com a percepção da lentidão nos movimentos, chamada de bradicinesia, que costuma surgir de forma assimétrica, e é acompanhada por outros sintomas como tremores em repouso e rigidez muscular, provocando a sensação de peso nos membros. “Existem também sinais não motores que ajudam na definição do diagnóstico, como prisão de ventre, perda parcial ou total do olfato (hiposmia ou anosmia), distúrbios do sono com movimentos e falas durante os sonhos, além de episódios de dor, depressão e cansaço excessivo”, explica.

A crença de que o tremor é o principal indício do Parkinson precisa ser repensada. Conforme Helton, nem todos os pacientes manifestam esse sintoma, e nem todo tremor está ligado à doença. “As dificuldades motoras são amplas: escrever pode se tornar uma tarefa mais lenta, com a letra diminuindo de tamanho; abrir uma garrafa ou executar atividades simples com as mãos também pode ser um desafio. Além disso, alguns relatam desequilíbrio ao andar, com passos encurtados e arraste de um dos pés, além de uma postura mais curvada”, aponta.

Consequências no dia a dia e na saúde emocional

O avanço do Parkinson impacta diretamente a rotina e o bem-estar dos pacientes. Além das limitações motoras, principalmente em movimentos finos ou precisos, sintomas não motores como dores (que podem ser nas articulações, difusas ou noturnas), depressão e fadiga contribuem para uma redução na qualidade de vida. Esse impacto pode ser avaliado por meio de instrumentos específicos, como o questionário PDQ-39.

“Fatores do ambiente, como o contato com pesticidas, herbicidas, metais pesados como chumbo e manganês, ou solventes industriais, somados à idade avançada – especialmente em pessoas sedentárias – e ao histórico familiar da doença, aumentam o risco, principalmente quando há casos de início precoce, já que algumas mutações genéticas podem predispor ao problema”, exemplifica Helton.

Confirmação e acompanhamento

Apesar dos avanços da ciência, o diagnóstico ainda é, majoritariamente, clínico. “Não existe, até agora, um exame específico que comprove o Parkinson. A avaliação médica, o histórico do paciente e a resposta positiva ao tratamento com levodopa nos estágios iniciais são os principais recursos. Quanto mais cedo se identifica, melhor é o controle dos sintomas motores e não motores, permitindo uma vida com mais qualidade desde os primeiros anos da doença, além de facilitar a escolha das terapias mais adequadas”, ressalta o neurologista.

No cenário atual, a pesquisa busca identificar biomarcadores que possibilitem diagnósticos mais precoces, como a análise da alfa-sinucleína. “Outra novidade, já em uso em países como Japão, Canadá e mais recentemente os Estados Unidos, é a levodopa injetável – a foslevodopa – que promete diminuir os altos e baixos das versões orais, prolongando os efeitos e favorecendo a adesão ao tratamento”, destaca.

O cuidado com o Parkinson deve ser amplo e contínuo. “O tratamento envolve diversos recursos, sendo os medicamentos dopaminérgicos essenciais para controlar os sintomas. Mas não se resume aos remédios: fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional são componentes indispensáveis. A medicação entra em cena desde o diagnóstico, sempre de forma personalizada, com foco na melhora da função motora e do bem-estar geral”, reforça.

Abril: mês de alerta e mobilização

O mês de abril tem ganhado força como um momento importante para conscientizar a população sobre o Parkinson e desconstruir tabus. “É uma chance de dar visibilidade às dificuldades enfrentadas pelos pacientes e cuidadores, promovendo a criação de grupos de apoio e reforçando o papel do atendimento multidisciplinar. Também é fundamental para educar sobre os fatores de risco e incentivar hábitos saudáveis como forma de prevenção e desaceleração do avanço da doença”, aponta Helton.

Para o médico, a mobilização em torno do tema é crucial para fortalecer políticas públicas voltadas à inclusão e ao suporte. “É necessário investir em pesquisa, criar centros de apoio, garantir acessibilidade nas cidades e enxergar esses pacientes com mais empatia. Atividades como oficinas de música, sessões de fisioterapia em grupo e rodas de conversa são ações simples que têm um impacto profundo na vida das pessoas”, propõe.

Bem-estar é possível

Mesmo sem cura, é possível ter qualidade de vida com Parkinson. A prática regular de exercícios físicos e uma alimentação rica em fibras ajudam a aliviar sintomas. “Desde a melhora da constipação, comum entre os pacientes, até o aumento da eficácia dos medicamentos, os benefícios são inúmeros. Pessoas que mantêm uma rotina ativa costumam apresentar uma progressão mais lenta da doença”, destaca.

Dessa forma, a mensagem que o mês de abril traz vai além do símbolo da campanha: trata-se de um convite a prestar atenção aos sinais do corpo, combater estereótipos e promover acolhimento às pessoas com Parkinson. “Conscientizar é o primeiro passo para mudar a realidade de quem vive com a doença”, conclui.

Fonte: Asscom Unit

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