A escala 6×1 é um dos modelos de jornada de trabalho mais utilizados no Brasil, especialmente em setores como comércio, serviços essenciais e indústria. Esse formato, regulamentado pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), permite que o trabalhador desempenhe suas funções durante seis dias consecutivos e tenha direito a um dia de descanso.
Além de ser amplamente adotado, o regime 6×1 é foco de debates sobre produtividade, saúde mental e possíveis mudanças na legislação trabalhista. Confira a seguir como ele funciona, as regras que regem sua aplicação e o que está em discussão no cenário político e social.
O que é e como funciona a escala 6×1
Na prática, a escala 6×1 prevê seis dias de trabalho seguidos de um dia de folga, que pode ser fixado ou alternado, dependendo da atividade da empresa. O descanso semanal, preferencialmente aos domingos, pode ser adaptado para outras datas, conforme as demandas operacionais.
Principais regras do regime 6×1:
• Carga horária: A jornada semanal não pode ultrapassar 44 horas. Isso equivale a seis dias de trabalho com 7h20min diários ou cinco dias com 8 horas e um sexto com 4 horas.
• Horas extras: Podem ser realizadas até duas horas por dia, com adicional de 50% sobre a hora normal ou 100% em dias de descanso e feriados.
• Intervalos: Em jornadas superiores a 6 horas, é obrigatório um intervalo de pelo menos 1 hora para descanso ou refeição.
• Descanso semanal remunerado (DSR): O colaborador tem direito a um dia de folga após seis dias trabalhados, salvo em casos de faltas não justificadas.
Desafios e boas práticas na aplicação do 6×1
Embora eficiente para muitas operações, a escala 6×1 pode gerar desafios relacionados à saúde física e mental dos trabalhadores. O risco de sobrecarga é uma preocupação crescente, especialmente em setores que exigem ritmo intenso de trabalho.
Para evitar problemas, algumas estratégias são recomendadas:
• Comunicação clara: Informar as escalas com antecedência ajuda a evitar confusões e reforça a transparência.
• Planejamento: Organizar escalas de forma antecipada para atender demandas sazonais sem sobrecarregar os funcionários.
• Monitoramento: Usar sistemas de controle de ponto para gerenciar horários e evitar irregularidades.
• Feedback: Incorporar sugestões dos colaboradores para melhorar o equilíbrio entre produtividade e bem-estar.
A discussão sobre o fim do regime 6×1
O regime 6×1 entrou em pauta nacional após um movimento iniciado por Ricardo Azevedo, criador do grupo VAT (Vida Além do Trabalho). A campanha, que começou nas redes sociais, já reuniu mais de 1 milhão de assinaturas em uma petição que pede a revisão da CLT para eliminar o formato.
Entre os argumentos está a busca por uma jornada que favoreça o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, com menos horas trabalhadas por semana. O tema ganhou força após o apoio da deputada Erika Hilton (PSOL-SP) e a abertura do Ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, para o debate.
Dados que sustentam a proposta
• Carga horária no Brasil: A média semanal é de 39,5 horas, acima da média internacional de 36,8 horas, segundo a OCDE.
• Síndrome de burnout: O Brasil é o segundo país com mais casos de burnout no mundo, com 30% dos trabalhadores afetados.
O que esperar do futuro?
Embora o fim da escala 6×1 ainda esteja em discussão, a possibilidade de mudanças na legislação trabalhista destaca a importância de avaliar a jornada de trabalho no Brasil. Mais do que uma revisão da lei, o debate evidencia a necessidade de criar condições que conciliem produtividade, saúde e qualidade de vida.
As empresas, por sua vez, devem se adaptar a esse cenário, garantindo o cumprimento das normas vigentes enquanto consideram estratégias para melhorar a experiência dos colaboradores em suas jornadas.