HÁ 435 ANOS, O TRÁGICO NASCIMENTO DE SERGIPE.

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No dia 23 de dezembro de 1589, duas colunas penetraram no atual território sergipano. Uma por terra; outra por mar.
A que veio por terra, pela trilha que depois ficou conhecida como trecho da estrada Salvador-Olinda. Supostamente a trilha tomada pelos jesuítas, duas décadas antes, na tentativa de converter tupinambás e cariris. E a que veio por mar, comandada pelo próprio Cristóvão de Barros, rompendo as frágeis defesas de Surubim, na ribeira do Potypeba, hoje Rio Vaza-Barris, região onde atualmente se assenta Itaporanga d’Ajuda.
Os relatos são confusos porque com base em relatos orais da época. Porém, a seguir, devidamente anotados pelo Frei Vicente do Salvador, que os publicou 37 anos depois.
Em 31 de dezembro, a força, agora reunida com as duas colunas cercou a serra dos matapoans, também aí rebatizada de Os Três Picos, e hoje reduzida apenas a serra do Pico, ponto de fronteira entre os atuais municípios de Frei Paulo, Itabaiana e Macambira.
Por volta da meia noite de 31 de dezembro a cerca principal foi vencida; e os portugueses triunfaram sobre os desgraçados indígenas, que, perdedores numa “guerra justa”, foram em massa escravizados. Quatro mil, segundo Frei Vicente,
O objetivo ficou explícito no pedido de sesmaria de Brás de Abreu, em carta de 15 de maio de 1623, 33 anos depois, mesmo sob certas observações, incluindo falhas de história oral: bater o último reduto indígena; e recuperar cerca 150 arcabuzes tomado por Baepeba na Missão de São Tomé, hoje povoado Campo do Criolo (na confluência dos rios Jacaré e Piauí)(*), município de Lagarto, em 1575, 15 anos antes, o que determinou o fim da tentativa de colonização pacífica do então Sertão do Arabó (urubu, na grafia atual), conforme carta jesuítica. Baepeba foi um dos caciques confrontados pelo invasor. A serra dos matapoans ressurge na carta do Padre Francisco da Silva Lobo, de 1757, a confirmar as informações constantes no mapa holandês de 1646, que identifica o pequeno e íngreme pico de Poteapua. Segundo o Frei Vicente do Salvador, depois de vencida a batalha, Cristóvão de Barros se encaminhou ao litoral para instalar a cidadela de Sergipe d’El-rei, depois São Cristóvão, desmembrando Sergipe da Bahia. Que o fez primeira e provavelmente onde futuramente se desenvolveu a Aldeia do Aracaju, conforme mapa de Albernaz, que ilustra o livro manuscrito do sargento Diogo Campos Moreno, de 1612. Depois, tentada nas colinas ao sul do Poxim(*); e finalmente, a partir de 1606, junto ao rio Paramopama, onde até hoje se encontra.
Dia 1º de Janeiro: Sergipe d’El-rei – cidade e estado – 435 anos de existência.

(*) Cartas Jesuíticas. Cartas, Fragmentos Históricos, Informações, do Padre José de Anchieta, 1154-1594. Civilização Brasileira, Rio, 1933. (Obs. Desconhecemos qualquer histórico de tomada de armamentos pelos indígenas, além, antes ou depois, do ataque à Missão de São Tomé, do Padre Gaspar Lourenço.)

(*) Os historiadores sergipanos são cuidadosos em falar sobre essa segunda tentativa do estabelecimento do forte de Sergipe d’El-rei, citando apenas morros ao sul do rio Poxim. Acertadamente: documentos, não os há. Contudo, uma robusta construção, em local inusitado chama a atenção: a igreja de São Gonçalo, ao nordeste da cidade de São Cristóvão, encontrada pelos holandeses ao invadir Sergipe, em 1637, e que só definhou completamente na segunda metade do século XIX.
São Gonçalo do Amarante é santo, máxime venerado pela ordem dominicana, que até fins do século XVII foi muito presente no Brasil, quase desaparecendo, a seguir, e retornando no século XIX.
Sobre as fundações da igreja de São Gonçalo no ponto mais alto do município de São Cristóvão acha-se construído atualmente a estátua do Cristo Redentor. Ao sul do Poxim-Açu.

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