A votação da resolução que suspende a ação penal relacionada aos atos golpistas, conduzida pelo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, na quinta-feira (8), foi interpretada como um recado direto ao Supremo Tribunal Federal (STF) e um gesto de aproximação com a oposição ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo apuração, em conversas com aliados, Hugo Motta teria expressado insatisfação com o que considera interferências antecipadas do STF em assuntos de competência do Legislativo, citando como exemplos decisões sobre emendas parlamentares e a própria resolução em questão.
A aprovação da resolução, que trava a ação penal do golpe, gerou controvérsia e reacendeu o debate sobre a relação entre os poderes Legislativo e Judiciário. A medida foi vista como uma forma de desafiar a autoridade do STF e de demonstrar força do Congresso Nacional. Ao mesmo tempo, o movimento de Hugo Motta foi interpretado como uma tentativa de agradar a oposição bolsonarista, que tem defendido a suspensão das investigações sobre os atos golpistas.
Apesar da aprovação na Câmara, o próprio Hugo Motta teria admitido a aliados que a resolução “não vai dar em nada”, reconhecendo a possibilidade de o STF derrubar a medida. A ação do presidente da Câmara, portanto, parece ter sido mais uma demonstração de insatisfação e um aceno político do que uma tentativa efetiva de impedir o andamento das investigações. O desfecho dessa disputa entre os poderes ainda é incerto e deve gerar debates nos próximos dias.