ITABAIANA – 350 ANOS. A MEDICINA.

Itabaiana – 350 anos.
A medicina. (por Antonio Samarone).

Comecei a escrever para tapear a insônia. Já que o sono não chegava, ao invés de soníferos químicos, resolvi sentar-me, para escrever essas mal traçadas linhas. Tenho postado esses textos nas redes sociais. Insisto nos Blogs, mesmo sabendo que as pessoas preferem os audiovisuais à escrita.

O amigo Wagner Bravo me fez uma provocação: por que você não escreve sobre Itabaiana. Pensei, ele está certo, vou aproveitar o resto de memória, enquanto o alemão não chega. No jubileu de 350 anos, em 2025, vou publicar um livro de memórias sobre a segunda metade do século XX.

Por outro lado.

A Academia Sergipana de Medicina marcou uma reunião festiva para o dia 23 de novembro, em Itabaiana. Me cobraram uma breve história dos médicos nativos. Tai, arrumei sarna para me coçar. Até 1970, nenhum médico, filho de itabaiana, exerceu a medicina em sua terra natal.

Estou procurando os que se formaram em medicina, antes do Ginásio Murilo Braga, ou que por lá não passaram. Saíram para centros maiores, e por lá estudaram. A criação do curso de medicina da UFS, teve grande influência. O primeiro itabaianense formado na UFS, foi o Dr. Antonio Santana Menezes, psiquiatra, aldeado em São Paulo.

Depois, formaram-se Luiz Antonio Machado e Átalo Crispim de Souza. Um foi para Simão Dias e o outro para São Paulo.

Formado fora, encontramos Airton Mendonça Teles (1947), Sinval Andrade (1967), Antonio Andrade, e um descendente da família de Boanerges Pinheiro, que eu desconhecia.

O Dr Walter Noronha, mandou-me um verbete sobre o Dr. Ernane, que eu reproduzo a seguir:

Dr. JOSÉ ERNANE PINHEIRO (por Walter Noronha)

“Nasceu orgulhosamente em Itabaiana, em vinte e um de abril de mil novecentos e trinta e dois.

Único menino de uma prole de quatro filhos do casal, José de Almeida Pinheiro (filho de Boanerges de Almeida Pinheiro) e Luiza Vasconcelos Pinheiro (Luizinha, irmã de Carlos da pipoca).

Ser de Itabaiana, para ele, vinha antes de qualquer coisa. Desenhou suas primeiras letras no Grupo Escolar Guilhermino Bezerra e, ainda menino, mudou-se para Aracaju juntamente com toda a família e concluiu o segundo grau na Escola Técnica de Comércio.

Considerado excelente aluno por todo lugar que passou, logo foi aprovado no concurso público do IAPI, antigo órgão previdenciário sendo locado na capital baiana, onde fincou residência, já casado com a psicóloga Ana Leão, com quem gerou três filhos.

Se valendo, embora sem ser pernóstico, de sua competência, em janeiro de mil novecentos e cinquenta e quatro, enfrentou o vestibular para médicos na Escola Baiana de Medicina, chegando a se formar no início da década de sessenta (quase cego). Onde foi ovacionado de pé por colegas e professores num verdadeiro reconhecimento de sua competência.

Especializou-se em Psiquiatria e exerceu por pouco tempo a profissão de médico. A cegueira chegou em definitivo. A doença era degenerativa e progressiva. De forma consciente reconhecia suas limitações e sabia que em breve tornar-se-ia incapacitado de exercer tão nobre profissão.

O emprego no IAPI e a função de médico dividiram o Dr. José Ernane Pinheiro por pouco tempo.

Aposentado, o Doutor voltou a morar em Aracaju já com os filhos adolescentes e assim externou como ninguém o amor pela cidade natal e pela Associação Olímpica de Itabaiana, chegando até a compor uma machinha em sua homenagem.”

Texto de Walter Noronha.

José Ernane Pinheiro, faleceu em 1999.

Até 1970, todos os médicos que viveram em Itabaiana, eram de fora: Batista Itajay, Fraga Lima, Gileno Costa, Pedro Garcia Moreno, Armando Domingues, Renato Mazze Lucas, Ormeil Câmera, Airton Millet e Raulino Galrão.

Essa história está começando.

Antonio Samarone – médico sanitarista.

A foto é a Rua do Sol (1903), da lavra de Miguel Teixeira. Cedida pelo historiador Almeida Bispo.

Acompanhe também o 93 Notícias nos seguintes canais: WhatsApp, Instagram, Facebook, TikTok, X Antigo, Twitter e YouTube.