Desde as primeiras horas dessa terça-feira (20) os rumores de uma suposta manipulação do debateentre os candidatos a prefeito de Aracaju, organizado pelo Sistema Atalaia de Comunicação, e que teria como mediador, o jornalista e apresentador do Balanço Geral Sergipe, Sérgio Cursino, tomou conta de uma grande “batalha” de narrativas nas redes sociais. Política não é uma ciência exata e dentro do processo eleitoral é natural que as “paixões” estejam mais afloradas, e qualquer “fato novo” pode ter reflexos diversos, tanto de forma positiva quanto negativamente falando…
Este colunista não vai aqui “tomar partido” na “guerra de informação” e “fake news” dos “conglomerados de Comunicação”, portanto, vamos aos fatos: o anúncio de supostas conversas “vazadas” de Sérgio Cursino com alguém próximo a Emília Corrêa, com sugestões de perguntas para seus adversários e, mais adiante, com a divulgação de imagens confirmando um encontro dele com a candidata do PL antes do debate, eticamente falando já inviabilizaria sua presença como mediador e é algo que não deve ser normalizado, como fizeram os organizadores.
Ainda mais após a revelação feita pela própria Emília Corrêa de que Sérgio Cursino havia sido contratado para prestar serviços jornalísticos para a sua campanha. Independente se os candidatos a prefeito, através de suas assessorias, questionaram ou não a presença de Sérgio como mediador, não é razoável em lugar algum do País sua atuação no debate, porque naquele momento o profissional representa o veículo de Comunicação (no caso, o Sistema Atalaia) e não a candidata a prefeita do PL, sua contratante.
Pela preservação do próprio debate foi até positiva tamanha exposição, considerando que o Sistema Atalaia fez o “mínimo” que foi substituir o mediador pelo experiente jornalista e apresentador Gilvan Fontes, mas é inegável que quando a “isenção” parecia perdida, diante de tanto descrédito, não é exagero pontuar que “esfriou” toda a expectativa, desconcentrando TODOS os candidatos a prefeito presentes, desarticulando as “torcidas” e equipes de marketing, abrindo um precedente para qualquer desistência. Ninguém pode ser condenado, se enxergou o debate com suspeição…
Na prática, tivemos uma proposta de troca de ideias sobre a cidade que, em certo ponto, deixou o debate “morno”, com alguns “picos” favoráveis para este (a) ou aquele (a) candidato (a). Talvez tenha sido um equívoco da candidata Yandra Moura (União) pela ausência sentida, mas é fato que ela também não acumulou perda de seu tamanho político; sem muita estrutura de campanha os candidatos Candisse Carvalho (PT), Niully Campos (PSOL) e Zé Leão (NOVO) polemizaram em alguns pontos, mas também aproveitaram a oportunidade para exporem suas posições.
Mais experiente, Emília Corrêa “sofreu” no início, até pela situação desconcertante, mas foi para o ataque, “peitando” o candidato de Edvaldo Nogueira, fortalecendo seu discurso de oposição, de cobrança e fiscalização. Já os candidatos governistas Luiz Roberto (PDT) e Danielle Garcia (MDB) decepcionaram suas “torcidas”, com muitas repetições e pouca objetividade, em um debate “comprometido”. Enquanto ele só falava em “dar continuidade”, a outra incorporou a candidatura “nem-nem”, ou seja, nem era governo e nem era oposição. Quem venham os próximos debates…
Veja essa!
Quando do vazamento das informações, o Sistema Atalaia agiu rápido e substituiu o mediador do debate: trocou Sérgio Cursino por Gilvan Fontes. Mas se era do conhecimento de todos – a relação profissional do mediador com Emília – o bom senso requer sua substituição prévia.
E essa!
E a candidata Emília Corrêa também errou: bastante experiente, com anos de trabalho intensos, ela tinha sim consciência dos riscos e das especulações que tiraram o foco do debate do Sistema Atalaia durante boa parte do tempo. Poderia ter evitado tamanho constrangimento.
Insegura
Era visível no debate uma Danielle Garcia completamente diferente da que a sociedade aracajuana viu na eleição de 2020. A candidata a prefeita, por vezes, demonstrou insegurança, sem fortalecer sua posição naquele momento, de situação ou de oposição. Só “cresceu” quando rebateu as falas diretas de Emília Corrêa.
Nem-Nem
Para este colunista, Danielle Garcia assumiu no debate uma candidatura “nem-nem”, ou seja, nem se somava e nem cobrava, nem era governo e nem era oposição. Essa “neutralidade” foi determinante para que apenas o MDB estivesse dentro de seu projeto de chegar à PMA.
Luiz Roberto
Com o discurso de “dar continuidade” ao péssimo fim de gestão do prefeito Edvaldo Nogueira, o candidato Luiz Roberto apresentou muito pouco em propostas e chegou a se indispor com a oposição para sair em defesa do seu “padrinho político”, que ainda se encontra na PMA.
E a licitação?
E não é que o candidato Luiz Roberto até falou da licitação do transporte coletivo na capital, mas disse que “quem era a favor da licitação, hoje é contra”. Findou tomando uma “invertida” de Emília Corrêa que lembrou as incoerências no edital de licitação apontadas pelo Ministério Público.
R$ 8,16
Luiz Roberto chegou a dizer que o povo da Grande Aracaju seria beneficiado com a licitação do transporte coletivo, considerando que o valor da passagem chegaria a R$ 8,16 caso ela não se concretizasse. Detalhe: a oposição lembrou que o povo vai pagar duas vezes, isso porque as prefeituras de Aracaju, Barra dos Coqueiros, Nossa Senhora do Socorro e São Cristóvão terão que subsidiar para garantirem a realização dos serviços. Ainda assim a passagem passará de 4,50 para R$ 5, aproximadamente.
Pegou mal!
As trocas de farpas entre comunicadores sobre os problemas no debate do Sistema Atalaia não soaram bem. Os “conglomerados” demonstraram que têm “vida própria” no processo eleitoral de Aracaju. Uma situação muito triste quando estamos diante da “festa da democracia”…
Exclusiva!
Chega a informação para este colunista que, quando foi anunciado que Sérgio Cursino seria o mediador do debate, houve sim algum tipo de questionamento. Uma das condenações de campanha informou que supostamente houve um compromisso de promoção da troca do mediador, o que acabou ocorrendo horas antes do debate.
Ataque gratuito
O fato de a candidata Yandra Moura não ter ido ao debate pode ter sido desnecessário, mas diante de tanto descrédito levantado, sua ausência estaria mais do que justificada. Só que comunicadores do Sistema Atalaia atacaram e responsabilizaram a deputada federal pelo impasse criado sobre o debate. Não custa lembrar a todos que a Justiça Eleitoral está acompanhando tudo e pode intervir a qualquer momento. É preciso ter cautela quando acusar, até para evitar maiores consequências…
Enquadrados
Após um debate “morno” este colunista destaca “três enquadradas”: a do candidato Zé Leão em Niully Campos; a de Emília Corrêa em Luiz Roberto, sobre a efetiva aplicação dos recursos públicos; e a de Danielle Garcia em Emília, reforçando que ela assume e manifesta suas posições, afirmando que sua adversária não assume uma postura política temendo desgastes.
CRÍTICAS E SUGESTÕES
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