O efeito do endurecimento das políticas de deportação já pode ser sentido em ambientes frequentados pela comunidade brasileira, como mercados e igrejas evangélicas, segundo relatos ouvidos pela BBC News Brasil. A caixa de mensagens do influenciador mineiro Junior Pena, popular entre a comunidade de imigrantes brasileiros nos Estados Unidos, tem se enchido na última semana com relatos de famílias vivendo assustadas no país. São pessoas que mudaram a rotina, passaram a evitar sair de casa e até cogitam voltar o mais rápido possível ao Brasil diante das notícias do cerco do presidente Donald Trump a imigrantes sem documentos, conta Pena, que tem mais de 1 milhão de seguidores no TikTok e vive nos EUA há 15 anos.
A tensão também se reflete nos grupos de WhatsApp, onde brasileiros trocam informações sobre operações de imigração e buscam conselhos sobre como agir em caso de abordagem. Muitos evitam frequentar lugares públicos, como igrejas, que antes eram pontos de encontro e conforto espiritual. “As pessoas estão com medo de sair de casa, de ir ao mercado, de ir à igreja. Estão vivendo em pânico”, relata Pena. A mudança de comportamento reflete o clima de incerteza e o temor de que uma simples ida ao supermercado possa resultar em uma deportação.
Além do medo, a situação tem impactado a economia local, já que muitos brasileiros deixaram de frequentar estabelecimentos comerciais. Restaurantes e lojas que dependem da comunidade imigrante relatam queda no movimento. Para alguns, a única saída parece ser o retorno ao Brasil, mesmo que isso signifique abandonar sonhos e projetos construídos ao longo de anos nos EUA. “Muitos estão vendendo tudo o que têm para voltar, porque preferem voltar por vontade própria do que serem deportados”, explica Pena. A crise humanitária e o clima de medo evidenciam o custo emocional e social das políticas de imigração mais rígidas.