Última sessão desta temporada aconteceu neste domingo, 15, no bairro Industrial
O Projeto Cinema de Preto e Branco nos bairros periféricos de Aracaju, esteve neste domingo, 15, realizando sua última exibição desta temporada. A sessão especial aconteceu em baixo da Ponte Aracaju/Barra, no bairro industrial, zona norte de Aracaju. Com entrada gratuita, o projeto levou de 27 de novembro a 15 de dezembro, quatro sessões de curtas e longa metragens brasileiros para bairros e comunidades periféricas situados na zona norte da capital.
O Terreiro Centro de São Lázaro promove o Cinema de Preto e Branco como uma forma de construir imaginários e promover questões relacionadas à liberdade de expressão, a liberdade religiosa, de culto e tudo aquilo que está relacionado à cultura e identidade dos povos afro-descentes.
“O cinema de Preto e Branco faz essa junção entre as etnias, entre culturas, ele tem o poder integrar, unir todas as populações e dar voz às pessoas que são marginalizadas. E a gente sabe que a população negra ainda está nos dados estatísticos, que ela é a mais violentada e à margem da sociedade. O cinema vem promover este fortalecimento da nossa cultura e identidade”, disse Danilo Felipe Cordeiro, assistente de produção do projeto.
O monitor do projeto Cinema de Preto e Branco, também ressaltou que a importância desta iniciativa, “É dizer: Olha, nós resistimos e nós queremos resistir a toda pressão! Então a cultura é um método de descaracterizar toda esse preconceito, levando em conta sempre a pauta anti-racismo. A gente sabe que cinema é caro, um tipo de cultura que muitas vezes é inacessível para as populações periféricas. É por isso que a nossa lema é entrada franca, acesso à cultura e filme gratuito, ocupando as praças e tornando este tipo de arte um lugar acessível”, explicou Bruno Thales, monitor do Cinema de Preto e Branco.
Público e identificação
Nesta edição de encerramento, o Projeto Cinema de Preto e Branco fechou uma parceria especial com o Projeto Rolê dy Negão. A programação contou com a Feirinha Dy Quebrada com artesanato, música, capoeira, além de exposição fotográfica da fotógrafa Alia. O público presente gostou do que viu e se identificou com a programação cultural oferecida.
“Eu nunca tive isso antes, na verdade. É a primeira vez que eu vejo uma coisa tão diferente assim que seja tão voltada para mim e não de uma forma generalizada, mas específica, pra gente. Meus amigos me trouxeram e foi a primeira vez que vi tanta arte negra reunida e de maneira tão linda, de pessoas que são com eu, estou ansiosa para ver o filme também”, salientou a estudante Iuly Firmo, pouco antes do início da sessão.
As exibições do Cinema de Preto e Branco tiveram início às 19h com a exibição dos curtas metragens As Minas do Rap, de direção de Juliana Vicente, 2015; e Afronta #08 Tasha & Tracie, também da diretora Juliana Vicente, 2017. Finalizando as exibições de cinema, o público do projeto acompanhou o longa-metragem Black Hill, Black Power, um documentário do diretor Emilio Domingues, 2023. Todos os filmes exibidos foram de classificação livre.
“Primeiro vamos falar que estamos num bairro histórico da cidade de Aracaju, que é o bairro industrial, o antigo Chica Chaves. E falar de cultura de periferia em Aracaju é falar justamente sobre a população negra, não só de Aracaju, mas também do país inteiro. Quando eu fiz o ENEM em 2019 para entrar na universidade, o tema da redação foi a democratização do acesso ao cinema no Brasil. Então ver hoje uma lei como a Lei Paulo Gustavo, funcionando e beneficiando a produção de pessoas pretas, voltadas para as pessoas pretas, é um motivo de muita felicidade”, destacou Gabriel, estudante de história e realizador do perfil “O abiúdo”.
Todas as sessões do projeto contaram com acessibilidade, áudio-descrição, libras e legendagem descritiva e movie reading. O Projeto Cinema de Preto e Branco nos bairros periféricos de Aracaju acontece através do edital 06/2023 Audiovisual Tarcísio Duarte e conta com o incentivo da Funcap/ Governo de Sergipe e da Lei Paulo Gustavo/ Governo Federal.