Até os dias atuais, quando se fala em África, se tem a ideia de um mundo onde a pobreza, a fome extrema, ditadores sanguinários e corruptos, coexistem com o maior deserto do mundo e, paradoxalmente, com uma natureza exuberante, cercada de grandes volumes de água dos oceanos Indico, e Atlantico, dos mares Vermelho e Mediterrâneo.
Pouco se fala que esse continente é o mais antigo do planeta e comprovadamente o berço da humanidade, possuidor de recursos naturais abundantes, entre eles minérios e diamantes.
Grandes e poderosas civilizações ali floresceram, sendo a egípcia a mais conhecida delas. Esses povos tinham conhecimento de técnicas agrícolas, dominaram a metalurgia através da domesticação do fogo, praticavam a pecuária, adaptando-se ao clima hostil. conhecimentos esses que muitas vezes não eram dominados pelos europeus que ali iniciaram um comércio altamente lucrativo, inicialmente de mercadorias e posteriormente de gente escravizada nas áreas costeiras, aspecto fundamental para desagregação social de parte dos povos africanos.
A história do Brasil se entrelaça para sempre com a angolana a partir do tráfico de escravos. O cativeiro na África era praticado comumente entre as etnias ali existentes, porém, mais frequentemente como uma demonstração de poderio, militar, político e econômico, conforme suas tradições milenares, bem diferente com o que ocorreu no Brasil, na América e no Caribe.
O Brasil foi o último país da América que aboliu a escravidão após 388 anos de uma relação forçada que deixou sua marca indelével na nossa cultura. A linguagem é um dos aspectos mais evidentes da nossa herança africana, mas nem de longe é o único.
Em Angola e entre os outros povos do Golfo de Guiné as consequências do tráfico foram trágicas, já que nessa região habitavam a grande maioria dos que foram escravizados e remetidos ao Novo Mundo. Ali estava estabelecida as redes de reprodução da mão de obra escrava formando um vicioso ciclo de violência entre os nativos, e uma guerra fraticida que provocou uma degradação social
Importante lembrar que Brasil Angola faziam parte do império português. Fica evidente que para a construção do nosso país , o povo angolano foi pilhado, deportado, escravizado e empregado em todos os setores da economia da surgente nação brasileira. o Brasil não era viável sem Angola, e a riqueza daqui se fez à custa da destruição de lá.
Os efeitos perversos da escravidão sobrevivem no Brasil contemporâneo. O racismo e as condições sociais das minorias são os testemunhos de um passado que insiste em se fazer presente.