Majé Pataxó é assassinada no Dia de Combate à Intolerância Religiosa na Bahia

Redação, 22 de Janeiro , 2024

No domingo, dia 21 de janeiro, Dia Nacional de Luta Contra a Intolerância Religiosa, foi marcado pelo assassinato da Majé Pataxó Hã-hã-hãe Maria de Fátima Muniz, em Potiraguá, sul da Bahia.

 

O femicídio da liderança religiosa indígena está também relacionado à posse da terra Pataxó, que já foi garantida pela Justiça, mas demanda o procedimento demarcatório pela Funai.

O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa foi instituído na data de 21 de janeiro porque lembra um acontecimento triste e revoltante, a morte da Mãe Gilda de Ogum, vítima de racismo religioso através de agressões e ataques de ódio em Itapuã (Bahia).

Fundadora do Abassá de Ogum, a Iyalorixá Gildásia dos Santos teve seu terreiro invadido e sofreu ataques físicos e verbais que pioraram a sua saúde cardíaca.

No mesmo ano, a Mãe Gilda de Ogum sofreu outra violência de racismo religioso. A Igreja Universal do Reino de Deus publicou sua foto no jornal Folha Universal com uma tarja preta nos olhos junto às palavras: “macumbeiros charlatões lesam a vida e o bolso de clientes”. Diante da mentira divulgada junto com a sua foto, a mãe de santo teve uma parada cardíaca e foi a óbito.

Desde então, o dia da sua morte se transformou em dia de luta contra a intolerância religiosa e contra o racismo religioso. Em nome da Majé Hã-hã-hãe Maria de Fátima Muniz Pataxó e em nome da Iyalorixá Gildásia dos Santos, a Secretaria de Mulheres da CUT Sergipe manifesta o repúdio por todas as agressões praticadas contra várias mulheres, lideranças religiosas e Mães de Santo em todo o Brasil.

Além do assassinato da liderança religiosa do povo indígena Pataxó, que aconteceu ontem, temos na história recente o registro de invasões de terreiros, destruição material, quebra de instrumentos sagrados de axé, entre outros.

Inclusive, cerca de 70% dos casos de intolerância religiosa são praticados contra a religião de matriz africana – uma violência insana, fruto de intolerância religiosa e machismo, pois estamos falando de religiões que se organizam a partir do matriarcado.

É preciso lutar pelo respeito a todas as Mães de Santo, de todas as Majés indígenas, pelo respeito a todas as mulheres de axé, para que sejam tratadas na sociedade sergipana e brasileira com o mesmo respeito conferido a padres, pastores e demais lideranças masculinas que professam a fé de outra forma.

A morte de Mãe Gilda não pode ser esquecida. Mesmo porque a violência racista e machista não cessa. No dia 17 de agosto de 2023, a Mãe de Santo Maria Bernadete Pacífico, do município Simões Filho, na Bahia, foi assassinada no Quilombo Pitanga dos Palmares. Em defesa do território indígena, em defesa do território quilombola, basta de violência e feminicídio. Viva o poder sagrado e de cura da mulher brasileira, chega de feminicídio contra lideranças religiosas que lutam em defesa do território dos povos originários.

Por: Secretaria de Mulher da CUT/SE


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