Pense numa notícia boa que foi a de ter o meu Mengão de Deus e do povo, do asfalto e do morro, jogando aqui na nossa Arena Batistão.

O próximo 15 de fevereiro será um dia para se realizar sonhos da garotada que ainda não viu o seu time do coração em campo. 

O mando de campo é do Bangu, que vendeu o jogo para “Aracaju”. Coloquei entre aspas porque Aracaju é apenas o local onde ocorrerá o jogo, mas vale a venda pra outras figuras institucionais.

A Federação Sergipana de Futebol, por certo, é peça que viabiliza essa realização, o que vem ocorrendo em diversos Estados do Brasil. 

O governador do Estado cuidou em dizer que fez contato com o presidente do Flamengo, Landim, e confirmou o jogo em Sergipe.

Sem sombra de dúvidas, teremos uma noite memorável, parafraseando o craque Neto, um “baitaaa evento”.

Na mesma quinta-feira, ou na sexta, meu Mengão vai embora e a gente ficará com a realidade do nosso futebol sergipano. Assim é a vida. Digo isso para colocar em perspectiva uma realidade há muito conhecida do torcedor sergipano.

Joguei futebol nas categorias de base do meu Tricolor da Serra, rodamos esse Estado pelo Campeonato Sergipano de 2006 a 2009 no vigor da juventude e da forma física - isso não me pertence mais! -, com o sonho de quase toda criança de se tornar um jogador de futebol.

Hoje mantenho a paixão pelo nosso futebol sergipano, costumo e gosto de estar no “estádios” acompanhando meu time. Infelizmente, pouca coisa mudou de lá pra cá.

Temos a Arena Batistão como única praça futebolística capaz de garantir um mínimo de dignidade para a torcida e o mínimo de estrutura para os times. Já a realidade no interior é de cortar o coração.

Só nesta edição, três clubes estão jogando fora de seus municípios. O Itabaiana está jogando em Aracaju ou outra cidade, pois o Etelvino Mendonça está com uma obra para trocar o gramado, uma luta histórica da torcida, mas que por falta de planejamento está prejudicando demais o nosso time.

Repare: o América de Propriá está jogando em Alagoas! Isso mesmo, o campeonato sergipano está sendo realizado em outro Estado! Quem dera fosse pelo mesmo motivo do Flamengo, mas infelizmente não é.

O Olímpico de Itabaianinha está jogando na cidade de Pedrinhas e, meu Deus do céu, utilizando mais um bordão do futebol, “parem as máquinas”.

Estive em Pedrinhas para acompanhar o Itabaiana. Perdemos mais uma. Faz parte, mas o que fica evidente mais uma vez é o nível da desestrutura, do acesso à segurança e, creia, não tinha nem água de beber para se comprar no estádio. Isso mesmo leitor: água.

O Brasil assistiu estarrecido a um show no Rio de Janeiro onde uma jovem faleceu por não ter a estrutura mínima de tomar água e óbvio que não quero comparar os dois eventos e suas consequências, mas fica demonstrada a realidade das nossas praças esportivas. 

Projeto de Lei de nossa autoria aqui na Alese prevê essa obrigatoriedade de disponibilizar água potável em eventos com grande concentração de público – é o PL 507/2023, que não foi aprovado ainda.

Em muitos estádios no interior o jogo começa às 15h30, em pleno verão nordestino, onde se tem um sol pra cada um. Você sabe por quê é assim? 

Simples: não temos ou não funcionam a contento os refletores do “estádio”. Isso mesmo! Há 100 anos passamos pelos mesmos problemas.
Esses são pequenos pontos de uma séria lista de problemas enfrentados pelo torcedor sergipano que gosta e ainda acompanha seus times do coração.

É por isso que aproveito esse momento especial da vinda do meu Flamengo para o Estado para chamar a atenção do governador para que olhe para dentro do nosso povo, dos nossos problemas, do Campeonato Sergipano que ficará com a gente aqui quando o Flamengo for embora pro Rio de Janeiro.

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