Exercícios físicos na adolescência podem gerar impactos duradouros na saúde adulta

Redação, 29 de Fevereiro , 2024

Um recente levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que quatro em cada cinco adolescentes ao redor do mundo são sedentários. Conforme a pesquisa, 81% dos jovens com idade entre 11 e 17 anos e matriculados em escolas não atenderam à recomendação de uma hora diária de atividade física em 2016, apresentando uma ligeira redução em relação a 2001 (82,5%). 

A situação é ainda mais preocupante entre as meninas, onde 85% delas são sedentárias, comparadas a 78% dos meninos. Diante desse cenário marcado pelo aumento alarmante do sedentarismo entre os jovens, surge uma questão crucial: a prática de atividade física na adolescência pode influenciar a qualidade de vida na idade adulta? 

A professora dos cursos de Educação Física, Fisioterapia, Psicologia e Medicina da Universidade Tiradentes (Unit), Nara Michelle Moura Soares, esclarece. “A prática regular de atividade física, ou seja, o exercício físico na adolescência, pode ter um impacto positivo nos níveis de colesterol durante a vida adulta. A literatura destaca que indivíduos que se exercitam regularmente na adolescência tendem a apresentar níveis mais saudáveis de colesterol quando adultos, pois o exercício contribui para aumentar os níveis do ‘bom’ colesterol (HDL) e reduzir os níveis do ‘mau’ colesterol (LDL), promovendo, assim, a saúde cardiovascular a longo prazo”, destaca. 

Benefícios a longo prazo

Além da redução do colesterol, a prática de atividade física na adolescência pode ter efeitos benéficos na qualidade de vida durante a idade adulta, influenciando positivamente a saúde cardiovascular, o controle do peso corporal, a saúde mental, o desenvolvimento ósseo, a socialização e a formação de hábitos saudáveis. 

“No que diz respeito à saúde cardiovascular, a prática regular de atividade física na adolescência favorece a saúde do coração, diminuindo o risco de doenças cardiovasculares na fase adulta. No controle de peso, pode contribuir para prevenir a obesidade e suas complicações na idade adulta. Na saúde mental, o exercício na adolescência está associado a melhorias na saúde mental, reduzindo o estresse, ansiedade e sintomas depressivos”, lista a professora. 

Segundo Nara, a prática de atividade física na adolescência promove um desenvolvimento ósseo saudável, ajudando a prevenir a osteoporose e outras doenças ósseas na idade adulta. “Adolescentes que se exercitam regularmente têm maior probabilidade de manter hábitos saudáveis ao longo da vida, incluindo alimentação equilibrada e sono adequado. Consequentemente, a participação em atividades físicas durante a adolescência pode promover habilidades sociais, autoconfiança e senso de pertencimento, fatores que contribuem para uma melhor qualidade de vida na idade adulta”, destaca. 

Recomendações

Para colher esses benefícios, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (HHS) recomendam que adolescentes realizem pelo menos 60 minutos de atividade física moderada a vigorosa por dia. “Isso pode incluir atividades aeróbicas, como corrida, natação, ciclismo, além de exercícios que fortaleçam os músculos e ossos, como flexões, abdominais e levantamento de pesos. A intensidade da atividade física pode variar de moderada a vigorosa. Atividades moderadas incluem aquelas que aumentam a frequência cardíaca e a respiração, como caminhada rápida, andar de bicicleta em terreno plano e dança. Atividades vigorosas incluem aquelas que exigem um esforço maior, como corrida, natação rápida e esportes competitivos”, recomenda a professora.

A docente também destaca a importância de os adolescentes encontrarem atividades físicas que apreciem e que sejam seguras para sua idade e habilidades. Além disso, evitar longos períodos de inatividade, limitando o tempo dedicado a atividades sedentárias, como assistir TV e jogar videogame, é uma recomendação válida. Adotar essas diretrizes de atividade física na adolescência pode contribuir significativamente para a saúde e o bem-estar ao longo da vida adulta. 

“No contexto da prevenção de doenças cardiovasculares, a atividade física regular na adolescência ajuda a melhorar a saúde cardiovascular, reduzindo fatores de risco como pressão arterial elevada, colesterol LDL elevado, excesso de peso e obesidade. Além disso, promove a saúde do coração e dos vasos sanguíneos, o que pode reduzir o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, como hipertensão, doença arterial coronariana e acidente vascular cerebral (AVC) na idade adulta”, reforça. 

Saúde mental e atividade física 

Na promoção da saúde mental, a prática regular de atividade física auxilia na redução dos sintomas de ansiedade e depressão, melhora a autoestima e promove um sono mais saudável. Isso ocorre porque a atividade física libera endorfinas, neurotransmissores que ajudam a aliviar o estresse e aprimorar o humor. 

“No desenvolvimento cognitivo, estudos indicam que o exercício pode aprimorar a concentração, a memória e a capacidade de aprendizado, contribuindo para um melhor desempenho acadêmico e habilidades cognitivas ao longo da vida. Além disso, auxilia na redução do risco de diabetes tipo dois na idade adulta, aumentando a sensibilidade à insulina e contribuindo para o controle dos níveis de açúcar no sangue”, relata. 

Existem também várias orientações que pais, educadores e profissionais de saúde podem seguir para incentivar os adolescentes a adotarem um estilo de vida mais ativo, de acordo com Nara Michelle, tais como: 

Dê o exemplo: Os adultos devem servir como modelos de um estilo de vida ativo. “Quando os adolescentes observam seus pais, professores e profissionais de saúde praticando atividade física regularmente, eles têm maior probabilidade de seguir o exemplo”, destaca.

Ofereça opções variadas de exercício: Auxilie os adolescentes a descobrir atividades físicas que despertem seu interesse e que se adequem às suas habilidades e preferências. “Isso pode incluir esportes em equipe, dança, artes marciais, caminhadas, ciclismo, entre outros”, orienta.

Faça atividades em família: Planeje atividades físicas em família, como caminhadas, passeios de bicicleta, jogos de tabuleiro ativos ou esportes recreativos. “Isso não apenas estimula a atividade física, mas também fortalece os laços familiares”, sugere.

Ofereça apoio e incentivo: Reconheça e elogie os esforços dos adolescentes em serem ativos. “Proporcione apoio emocional e incentive-os a continuar mesmo diante de desafios”, aconselha.

Eduque sobre os benefícios: Explique aos adolescentes os benefícios físicos, mentais e emocionais da atividade física, destacando como ela pode aprimorar sua saúde geral e qualidade de vida.

Promova um ambiente ativo: Crie um ambiente em casa e na escola que estimule a atividade física, como disponibilizar equipamentos esportivos, promover competições amigáveis e incorporar atividades físicas em eventos escolares. 

A conscientização sobre a importância da atividade física na adolescência pode contribuir significativamente para combater o sedentarismo entre os jovens por meio da educação nas escolas. A introdução de programas educacionais sobre os benefícios da atividade física desde cedo nas escolas pode ajudar os jovens a compreender a importância de manterem-se ativos. “Isso pode incluir aulas de educação física, palestras sobre saúde e bem-estar, e atividades extracurriculares relacionadas ao esporte e à atividade física”, destaca. 

O envolvimento dos pais e cuidadores também desempenha um papel fundamental na promoção da atividade física entre os jovens. Educar os pais sobre a importância de incentivar seus filhos a serem ativos e fornecer recursos e apoio para que isso aconteça pode ser uma estratégia eficaz. 

“A criação de ambientes propícios que facilitem a prática de atividade física para os jovens é essencial. Isso pode envolver a disponibilização de espaços públicos para a prática de esportes e atividades físicas, a implementação de políticas escolares que promovam a atividade física e a colaboração com organizações comunitárias para oferecer programas de atividades físicas acessíveis e inclusivas. Incentivos e reconhecimento dos esforços dos jovens em serem ativos podem motivá-los a continuar participando de atividades físicas. Isso pode incluir prêmios, certificados de reconhecimento e eventos especiais para celebrar as conquistas relacionadas à atividade física”, conclui.

Asscom Unit


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