“Cadê a Excelência”? Perguntavam estudantes do Centro de Excelência Doutor Augusto César Leite, em Itabaiana, em protesto pelas péssimas condições estruturais do prédio que abriga a unidade de ensino.

O cenário é de abandono. Adolescentes passam o dia interior em um escolas que falta água praticamente todo dia e quando há água não conseguem dar descargas nos vasos sanitários, pois as mesmas estão quebradas. Algo simples, como tomar banho se tornou um “luxo” e até um teste de paciência, já que o número de chuveiros para os estudantes é insuficiente, no banheiro feminino apenas dois funcionam e é o mesmo número do banheiro masculino. Os estudantes não contam sequer com armários suficientes para que todos possam guardar seus pertences que serão usados ao longo do dia.

“Sauna” de aula

Soma-se a falta de água, o calor insuportável nas salas porque o ambiente não é adequadamente climatizado. Estudantes contam que é comum colegas passarem mal de tanto calor. Os ventiladores estão velhos e são tão barulhentos que para que os estudantes consigam ouvir a explicação do professor é necessária desligar os ventiladores. Ou ventila ou aprende, as duas opções ao mesmo tempo não são viáveis no Centro de Excelência Doutor Augusto César Leite.

A estudante do 2° ano do ensino médio, Ana Clara, conta que foi prometida a climatização das salas, por meio de instalação de ar-condicionados, mas a promessa fez até aniversário.

“Nos foi prometido ar-condicionados há 3 anos. Eles disseram que primeiro iam fazer toda a instalação da energia [para suportar o uso dos aparelhos sem haver queda de luz na escola] e que depois iam colocar os ar-condicionados. Depois que fizeram o serviço da energia, as máquinas [ar-condicionados] não vieram. Estamos sem água sempre de 11h:30 até 13h, é o momento mais quente do dia, e nem um banho a gente pode tomar e ar-condicionados também não temos. É insuportável. O que nós queremos é uma estrutura melhor para a nossa escola. Até o muro da frente está caindo”, narra a estudante.

O muro da escola é uma preocupação de toda a comunidade escolar, pois apresenta rachaduras. A estrutura do muro está instável e pode cair tanto em estudantes, professoras, professores e demais funcionários da escola, como em um passante da rua.

A estudante do 1º do ensino médio, Maria Clara, fala que quando entrou na escola esperava que o integral fosse diferente, que a estrutura da escola fosse boa, mas a jovem se deparou com uma decepcionante realidade.

“Quando a gente vai tomar banho, a gente sai pior do que já tava porque o banheiro é uma sauna. Só tem 2 chuveiros. A nossa quadra tá precisando urgente de uma reforma, disseram que a reforma ia acontecer no ano passado, mas não reformaram nada”, pontua a estudantes.

Quadra perigosa

A quadra de esportes é fruto de reclamações e preocupações unanimes pelos estudantes e não sem motivos: piso com rachaduras, buracos pela quadra, alambrados destruídos e enferrujados, que se acumulam retorcido pelo chão do espaço. Os estudantes denunciam a péssima estrutura e dizem que está cada vez pior usar a área porque muitos colegas já se machucaram. A necessidade de reforma é urgente não só para garantir um espaço digno para a prática de esportes, mas até mesmo para assegurar a integridade física dos adolescentes.

O estudante Peter, do 3º ano do ensino médio, confirma que a quadra tem representado risco e pede por reforma.

A quadra está sem reforma caindo aos pedaços, tem gente se machucando nas grades enferrujadas, o chão tá rachado. Precisa urgente de reforma”. O estudante apontou ainda para a falta de computadores na escola. A “era digital” passou longe do Centro de Excelência César Leite. “A sala de informática só tem dez computadores, destes um não funciona. E o integral tem mais 100 alunos. Dez computadores não dão conta, principalmente com um sem funcionar. É difícil”, expõe o estudante

Mato e mau cheiro

O aspecto de abandono ainda aumenta com o mato alto no pátio e na frente da Escola, com entulho e lixo espalhados pelos cantos e para tornar tudo ainda pior, o cheiro da fossa séptica se espalha pelo ar.

A estudante Islaine, também do 3° ano do ensino médio, relata que a forte cheiro da fossa tem atrapalhado a concentração dos estudantes. “A Fossa está com um odor muito forte e os alunos não estão conseguindo estudar direito, nem prestar atenção nas aulas, por conta do mau cheiro perto das salas”, diz.

Cobranças por melhorias

Diante de tenebroso cenário, o SINTESE enviou ofício ao secretário de estado da educação, Zezinho Sobral. No documento, o Sindicato lembra que o ambiente escolar deve ser um local agradável, sadio, seguro e que estimule a aprendizagem significativa. O ofício é taxativo ao colocar que a situação vivenciada pelos jovens matriculados no Centro de Excelência Doutor Augusto César Leite, faz com que a legislação educacional brasileira soe como uma peça fictícia, inaplicável e distante. O SINTESE cobra imediatas providências

“Fomos ao Centro de Excelência Doutor Augusto César Leite, dialogamos com os estudantes. O que aquelas meninas e meninos estão vivenciando é muito mais que abandono ou descaso, é desrespeito e negligência a seus direitos. É inadmissível que o Governo do Estado siga fazendo propagandas enganosas enquanto nossos estudantes estão passando mal em sala de aula de calor, se machucando em equipamentos da escola, sem ter direito nem a água. Realmente a educação “tá que tá”*: “tá que tá” abandonada. Vamos pedir providencias também aos demais órgãos competentes”, afirma a diretora regional do SINTESE, no Agreste do estado, professora Rita de Cássia.

De acordo com dados disponíveis no site da Secretaria de Estado da Educação (Secud), ao todo 539 estudantes estão matriculados no Centro de Excelência Doutor Augusto César Leite, em Itabaiana, entre anos finais ensino fundamental, ensino médio e educação de jovens e adultos.

REPRODUÇÃO: SINTESE / SERGIPE

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