Seu filho é muito inteligente? Será que ele é superdotado?

Redação, 09 de Dezembro , 2019

Em níveis e diferentes graus, toda criança tem potencial de aprendizagem e entre os fatores importantes estão estímulos e condições ambientais. Mas existem algumas crianças que chamam a atenção dos pais e professores pela facilidade em absorver conhecimento e apresentar aptidões. Mas será que toda criança inteligente é superdotada ou tem altas habilidades?

Psicóloga clínica há 35 anos, Nairete Correia, especialista em neuropsicologia e avaliação neuropsicológica, avaliação da capacidade cognitiva e trabalho com as Escalas Wechsler (Wisc IV, Wasi, WNV), Matrizes Progressivas de Raven entre outros testes de avaliação das habilidades cognitivas, explica que são considerados sujeitos com altas habilidades/superdotado, aqueles que são identificados na pré-escola ou no ensino fundamental por terem um potencial de habilidades que evidencie uma capacidade de alto desempenho nas áreas criativa, habilidade intelectual, acadêmica específica, de liderança e realização, artes visuais. “Normalmente as pessoas são identificadas como superdotadas na infância e, na maioria das vezes, quando passa a frequentar um ambiente escolar (desde a creche, a escolinha), o comportamento, as habilidades da criança para se comunicar, seus interesses, tudo chama a atenção dos adultos cuidadores. Atualmente já existem instrumentos de medida de QI a partir dos quatro anos de idade”, disse.

Para a Escala Wechsler de Inteligência para Criança, WISC IV, o quociente de inteligência medida, acima de 130 é considerado superdotação. Porém os testes de QI medem uma estreita gama de habilidades humanas, principalmente facilidades com a linguagem, números e organização perceptual que envolve o raciocínio espacial, raciocínio mecânico e raciocínio abstrato. “A avaliação para diagnosticar indivíduos com altas habilidades não está presa apenas em testes de QI, mas na observação do comportamento e do desempenho em variadas atividades quer sejam isoladas ou combinadas. A capacidade intelectual é medida considerando alguns fatores como inteligência verbal, inteligência de execução, capacidade de memória operacional, velocidade de processamento, organização perceptual. É um construto de demandas cognitivas de alto nível. Além dos testes pode-se observar o interesse por áreas distintas Deve-se pensar no superdotado como alguém que tem personalidade, vive em sociedade, tem um contexto familiar e pensar como tem sido sua orientação e suas limitações”, falou.

Segundo Nairete Correia, a partir do diagnóstico de altas habilidades ou superdotação, a escola precisa incluir no seu planejamento algumas atividades multifuncionais e multifatoriais para atender às demandas diferenciadas. A instituição deve fornecer meios para que o professor possa dispor de ferramentas e materiais estratégicos, a equipe pedagógica deve amparar o professor e oferecer suporte teórico e prático para que possa desempenhar bem o seu papel. “Se as crianças com altas habilidades e/ou superdotadas não receberem um tratamento adequado, se não forem estimuladas, validadas nas suas habilidades excepcionais elas podem apresentar um resultado desastroso no desempenho escolar, podem estagnar. E passar a se desenvolver como uma criança de inteligência média. Para cada criança superdotada seu plano de estudo é específico, e deve ser direcionado para desenvolver suas habilidades e aptidões específicas”, confirmou.

Um projeto pioneiro em Sergipe trabalha com avaliações neuropsicológicas que permitem ampliar a visão desses alunos e auxiliando em habilidades já acima da média e contribuindo com outras com mais dificuldades. Iniciado em 2016, com a necessidade de produzir pesquisa de campo para tese de doutorado intitulada “As contribuições da Neurociência Cognitiva para a educação de alunos com altas habilidades/ superdotação”, a Prof. Dra. Angélica Piovesan, coordenadora do curso de Psicologia da Unit, explica que inicialmente buscou parceria com a prefeitura de Aracaju que, por dois meses, encaminhou alunos das escolas públicas que tinham alguma indicação de altas habilidades. “Para fazer parte do projeto a criança ou adolescente precisa ter um indicativo de altas habilidades. Essa indicação geralmente é dada pela escola ou um profissional psicólogo ou pedagogo que identifique um diferencial de aprendizagem, de conhecimento fazendo uma relação entre faixa etária e a série”.

Piovesan revela que os monitores que auxiliam no desenvolvimento de atividades são alunos que já foram atendidos no projeto. “Dois estão hoje como monitores da oficina de desenho. Para o próximo semestre, mais um se tornará monitor, dessa vez na oficina de física quântica. O interessante é que eles adoram essa oportunidade de ensinar, de compartilhar os conhecimentos”.
Atualmente programa atende 16 pessoas e conta com alunos das redes pública e particular com idades entre 6 e 16 anos. Fábio dos Santos Menezes Júnior é um dos alunos. Aos cinco anos, já conseguia montar alguns brinquedos eletrônicos com muita habilidade. O pai, Fábio dos Santos Menezes, funcionário público, conta que todos os equipamentos montados funcionam. “Ele começou com uma lanterna e uma mini máquina de fazer algodão doce. Depois evoluiu para avião e helicóptero eletrônicos e até um carro de controle remoto sem fio. Tudo isso com produtos recicláveis como papelão, cola quente e restos de aparelhos eletrônicos que não servem mais para uso, mas tem uma grande quantidade de peças que podem ser reaproveitadas. Atualmente, ele está trabalhando na armadura do homem de ferro e em um avião de aeromodelismo, também feitos com produtos recicláveis. Ele gosta muito de pesquisar, passa maior parte do seu dia pesquisando coisas que podem ajudar em suas invenções”.

Com registros de notas cada vez mais altas no boletim escolar e aprovado para o sexto ano já na terceira nota, Fábio Junior, tem duas irmãs e mora com a família no município de Campo do Brito, região agreste de Sergipe. Curioso, dedicado, comportado e apaixonado por mecatrônica, o garoto de 10 anos, estuda em uma escola particular no município como bolsista. Chegou ao “Projeto Mentes”, oferecido gratuitamente pela Universidade Tiradentes, por meio da irmã mais velha que foi informada por um amigo. Passou por uma avaliação e desde então tem vivido a experiência. Nas aulas que acontecem sempre às sextas-feiras, ele está aprendendo como funciona uma impressora 3D. “É meu sonho ter uma dessas impressoras para fabricar as peças das minhas invenções. A ideia agora é construir um motor à combustão”, adiantou Júnior.

Segundo o pai, ter um filho com altas habilidades no início causou surpresa, mas, segundo ele, tem disso um aprendizado diário. “Para ser sincero, nós ainda nos assustamos com cada invenção que ele faz. Com cada tese que ele inventa e que dá certo. Aprendemos com o passar dos anos a nunca o subestimar. Muitas vezes ele nos mostrou que estávamos errados em não acreditar em uma inspiração. A família tem muito orgulho do ser humano que ele está se tornando”, confidenciou Fábio.


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