Home office: a opção que virou solução

Marcio Monteiro, 17 de Maio , 2020 - Atualizado em 17 de Maio, 2020

Recente estudo relatado pela revista Forbes e realizado após início da pandemia, demonstraram surpreendente elevação de 13% na produtividade com o trabalho remoto, além de uma sensível melhora na criatividade e na eficiência. O Home Office, de repente, deixou de ser uma opção e passou a solução possível para muitas empresas manterem-se ativas no mercado.

Esse regime de trabalho em que o funcionário trabalha em sua residência, pode ser diferenciado a partir de três tipos de arranjos: sendo funcionário de uma empresa (modalidade predominante e conhecida como teletrabalho), sendo freelancer (trabalhando por demanda ou em projetos avulsos) ou como empresário de uma empresa home based (que tem a residência como sua sede) muito característico em atividades desenvolvidas por Microempreendedores Individuais.

Dentre esses arranjos, os dois primeiros compreendem a grande maioria dos home Office existentes e funcionam mediante contratos que estabeleçam tarefas e/ou demandas de trabalho, atingindo um determinado nível de produtividade. Apesar de ser alternativa de trabalho utilizada desde os anos 90 em outros países, o regime de home office surgiu timidamente no Brasil, como uma solução para a redução de espaços corporativos, demorando anos para começar a ser levado a sério.

O home office começou no Brasil sob a forma do que se convencionou chamar de “teletrabalho”, regime inserido na Consolidação das Leis do Trabalho em 2017, através da Lei 13.467, motivado muito mais pela crescente disponibilidade de ferramentas tecnológicas e da evolução da qualidade de comunicação via Internet.

Hoje, em razão da situação de excepcionalidade provocada pela pandemia, muitos funcionários que não foram dispensados das empresas, viram-se obrigados a trabalhar remotamente por questões de segurança. As recentes mudanças introduzidas na legislação trabalhista, por certo trouxe maior segurança aos empregadores de aceitarem o home Office como uma alternativa viável, sobretudo na superação dos temores em relação à limitação da capacidade de supervisão e da perda de produtividade.

O home office que até então restringia-se a dias ou semanas deverão gradativamente passarem a funcionar quase que em tempo integral. A disciplina e a organização exigidas pela agenda de trabalho serão desenvolvidas para que as coisas funcionem e não se perca o foco. Funcionar a contento, implica em que o funcionário mantenha hábitos como se estivesse trabalhando na empresa, mesmo estando em um canto de sua residência ou em uma estação de tratbalho do escritório da empresa (work station). Segundo especialistas, é essencial que as tarefas sejam sempre concluídas para que este regime funcione.

Milton Beck, CEO do Linkedin, sugere que o funcionário que trabalhe em home office comece o dia fazendo a seguinte pergunta: o que eu não posso deixar de fazer hoje? E em seguida registre as metas do dia, e regularmente participe de vídeo reuniões virtuais (via Skype ou Zoom), tendo acesso livre ao repositório de documentos compartilhados pela equipe (Nuvem).

O Whatsapp é outra ferramenta útil quando bem utilizado, caso contrário transforma-se em ladrão de tempo e perda de foco no trabalho, mas por outro lado trata-se de ferramenta de comunicação imprescindível, devendo ser utilizado em canal exclusivo para trabalho em equipe. O gestor do grupo (administrador) terá que acompanhar e conduzir a equipe para que todos joguem juntos e os resultados sejam alcançados.

Segundo dados da consultoria Global Place Analytics, a dinâmica de lucros consegue se desenvolver em regime de home Office, além de ganhos com a redução de gastos com serviços de limpeza, segurança, manutenção e transporte, entre outros.

Questões relacionadas à produtividade sempre foram alegadas pelos administradores para justificar a não aceitação do trabalho remoto (Home Office). Pensamento que vem mudando, conforme constatado em recente estudo realizado pelas empresas Dell e Intel, que revelou ser acima de 50%, a parcela de profissionais brasileiros que acreditam que o trabalho em regime de home Office seja mais produtivo.

Outro estudo realizado no Brasil pela empresa alemã SAP, revelou que o home Office por aqui funciona como se fosse uma concessão ou recompensa, e não uma opção empresarial de redução de custos ou visando aumento de produtividade de uma equipe de trabalho. Apesar da grande resistência dos empregadores em dissociar a presença física do funcionário da eficiência na obtenção de resultados antes da pandemia, a COVID-19 chegou para quebrar de vez esse paradigma.

Empresas do Vale do Silício como a Amazon, Facebook, Microsoft e Apple optaram por colocar todos os seus funcionários de Seattle em regime de Home Office, como forma de resguardar não só a saúde e a segurança das equipes, mas priorizando a vida dos seus colaboradores e familiares. Até porque o coronavírus disseminou por todo o território americano e todos estão convictos de que o mercado de trabalho passará por grandes transformações. Será uma experiência em que pessoas terão de se ajustar ao trabalho remoto e os gerentes mudarem essa perspectiva negativa que sempre tiveram em relação ao trabalho remoto.

Adesão ao home office tem crescido basicamente por três razões: trânsito, custos e novas tecnologias. A epidemia do coronavírus veio agora como um imperativo de aceleração desse processo, e servirá de experiência para muitas empresas que temiam por esta solução. Isso também não quer dizer que essa seja uma alternativa de trabalho que irá abolir a necessidade da presença física do funcionário na empresa, mas apenas pontualmente. Encontros e reuniões de trabalho presenciais são importantes para manter o elo que une as equipes, incentiva a troca de conhecimento e fortalece o essencial sentimento de pertencimento.

Estima-se que antes da COVID-19, cerca de 5% dos brasileiros trabalhavam em regime de home Office, enquanto em outros países do hemisfério norte o contingente de funcionários trabalhando em home Office superavam os 50%. Pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral após o início das medidas de isolamento social imposto pela pandemia, indica que mais de 70% das empresas de todos os setores da economia brasileira esperam que as novas práticas de home office adotadas agora, permaneçam, integral ou parcialmente, após a crise passar.

A mesma pesquisa mostrou que nos segmentos de comércio, indústria e serviços não houve muita dificuldade na implantação do home office com a COVID-19, mas que quase metade das empresas pesquisadas pensam em manter atividades no regime de home office. A percepção dos segmentos de indústria e serviços em relação a essa permanência alcança mais de 80% das empresas, enquanto que no comércio as expectativas são mais modestas.

Para quem tiver interesse em saber mais sobre como se preparar para o trabalho em regime de home office, a rede social de negócio Linkedin disponibiliza 10 cursos sobre educação em um projeto chamado “Trabalho remoto: colaboração, foco e produtividade”, bastando para isso acessar: https://www.linkedin.com/learning/paths/.

A título de curiosidade, existe o site “I Mis The Office” que recria ruídos de um ambiente de trabalho na perspectiva de associação da eficiência funcionário com presença física no escritório. Muitas outras soluções criativas por certo virão para tornar a work station cada vez mais como uma sala ou escritório da empresa, mesmo estando fisicamente a quilômetros de distância.

Gerir pessoas à distância certamente é mais trabalhoso, mas o desafio terá que ser enfrentado por tratar-se de uma alternativa irreversível, e não apenas da COVID-19, mas de um novo mercado de trabalho mais flexível e dinâmico. A opção pelo home office não significa também que teremos um futuro de trabalho solitário, pois a presença física sempre se fará necessária e o contato pessoal fundamental para incentivar a criatividade das equipes e o fortalecimento dos funcionários no pertencimento em relação à empresa.

 


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