A CONTABILIDADE DA QUARENTENA ( Manoel Moacir Costa Macêdo )

Redação, 22 de Maio , 2020

A Covid-19, trouxe consequências que serão avaliadas no tempo. Pandemias marcam a história. As lembranças não deixam saudades. No presente, ficam dores e privações. Elas expõem a vulnerabilidade humana. Instabilidades e perturbações da consciência. O futuro parece inseguro e o presente instável. Certo, apenas o passado. Em condições de privações, o medo está presente. Ele é parte da estrutura ancestral da existência.

O coronavírus, vetor microscópico da molesta, avisou e chegou. Não enganou e nem apareceu de surpresa. A virulência mata impiedosamente. Um desconhecido que desafia tudo e todos. Transita sem constrangimentos. Atacou os ricos que o visitaram na Europa, retornaram com ele e contaminaram os locais. Acomete os pulmões, coração e rins. Asfixia e mata. Não escolhe vítimas. Prioriza idosos e vulneráveis, mas destrói jovens e maduros.

A “ciência normal” não o conhecia. Não existe terapia. O remédio é a prevenção: “fique em casa”. Tratamento para os privilegiados da “quarentena da minoria”. Não alcança a maioria da população. No rastro da enorme desigualdade, ao menos três quarentenas são identificadas: “a quarentena da maioria, a da minoria e dos sem quarentena”. Moradores de rua, menores abandonados, favelados, desempregados, encarcerados e desalentados, entre outros irmanados na crença cristã, estão abandonados e esquecidos. Contabilidade vergonhosa: setenta milhões de brasileiros se habilitaram ao auxílio emergencial. Desses vinte milhões sem CPFs. Evidência da desumana desigualdade. Os chamados invisíveis. Não causa indignação, nem anormalidade. O que ameaça a ética, ameaça a convivência.

Aos “quarentenados da minoria”, uma hipotética contabilidade: Quarentena da Minoria (Y) = Receita (X1) – Despesa (X2) ou Ativos (X1) menos passivos (X2). X1 = aposentadorias + salários + lucros + dividendos + agiotagem + jogo do bicho + cargos políticos + ganhos empresarias. X2 = alimentação + água + energia + internet + telefone + televisão + cuidados de saúde + serviços essenciais. Destaque para o passivo: os bens básicos e necessários à vivência humana. Descartadas as despesas com combustível, restaurante, turismo, happy hour, shopping center, room service, coffee break, sale, salão de beleza, coquetéis, futebol, escola de samba, motel, comemorações e “saidinhas”, entre outros supérfluos. É possível outra forma de viver com moderação e solidariedade.

Algumas premissas foram assumidas. Receitas somente de atividades lícitas. Não foram contabilizados os ganhos de drogas, tráfico de armas, sonegações, extorsões e corrupção. Foram tolerados o jogo do bicho, agiotagem, “jeitinho”, comissões de confiança, “levar vantagem em tudo” adicionais ao teto salarial, licenças e premiações trabalhistas, diárias e salários de quem recebe, mas não trabalha. Dispensados os gastos com motoristas, empregadas domésticas, babás, auxiliares e mordomos. Resultados: 1. Consumo de bens essenciais e controle de desperdícios. 2. Dispensa de gastos supérfluos. 3. Novos hábitos, crenças e relacionamentos. 4. Desejos e emoções novas. 5. Levantar “templos à virtude e cavar masmorras ao vício”. 6. Reencontros familiares. 7. Confissão e meditação. 8. Oportunidade de reformar-se. Outros benefícios coletivos: redução de engarrafamentos, de acidentes de trânsito, de poluição ambiental, de internações hospitalares e de registros de violência. Informações desconhecidas sobre a redução do consumo de álcool, fumo, drogas e homicídios. Acerto de contas: Saldo Positivo. Todos vencedores. Oportunidade de união numa cadeia de cooperação universal. Que esse sonho seja em breve uma realidade.

Lições e deveres passados. Rupturas em curso. Alerta ao reducionismo, materialismo e consumismo. Paradigma aberto à pós-materialidade. O cosmo com respostas às dores e lamentos. Desprezo às forças da ignorância destituídas de razão. Ações para pacificar e acolher um novo humanismo. Não se admite uma geração sem futuro. Acumulação desumana, sem ponto final e sem pudor. A “contabilidade da quarentena” conduz à reflexão sobre o que escreveu o pastor dos ‘cristãos-católicos’: “ser feliz é muito bom, mas fazer os outros felizes é bem melhor”.

Manoel Moacir Costa Macêdo                                                                                                                        Engenheiro Agrônomo e Advogado


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