A Sociedade está desprotegida! (por Antonio Samarone)

Redação, 16 de Junho , 2020

O Governo encontra-se numa enrascada, fechou o comércio há 90 dias e não sabe como voltar a normalidade. Os Decretos se sucedem, sem apontar saídas.

O Plano apresentado ontem é um sarapatel de bobagens. Para ser cumprido, exige mudanças comportamentais improváveis. A vida não muda por decretos.

O decreto é um rosário de exigências, com etapas coloridas: façam isso, façam aquilo! Ao Poder Público cabe apenas vigiar e punir.

No final uma novidade, uma autocrítica, o documento recomenda aos municípios que façam a sua parte. O decreto sugere que os municípios iniciem:

“A instalação de “batalhões de saúde” destinados à realização de busca ativa de casos positivos e comunicantes, com incentivo à massificação de testes da população e novas estratégias de rastreamento e isolamento de pacientes.”

Essa é a única maneira de abrir a economia sem aumentar as taxas de contágio. Atualizar e fortalecer o sistema de saúde pública (testes, rastreamento, isolamento, monitoramento) para quando o fechamento for aliviado, os casos não aumentem.

Aracaju vai cumprir essa recomendação? Claro que não!

Na atual gestão de Edvaldo, as ações de saúde pública foram esquecidas, a rede básica fragilizada, as equipes de saúde da família desmontadas. O Prefeito deixou de acreditar no serviço público.

A Saúde de Aracaju apostou na terceirização dos recursos humanos e na privatização. Edvaldo chamou de modernização inteligente dos serviços. Lembram-se, Aracaju virou uma cidade inteligente.

Agora Aracaju precisa do envolvimento da atenção primária e não tem. Sem os agentes comunitários e de endemia, sem os médicos de famílias, sem as enfermeiras, assistentes sociais, psicólogos, técnicos e auxiliares de enfermagem. Sem recursos humanos não se faz saúde pública.

A saúde pública não se compra no mercado. E agora José?

A população foi abandonada, desprotegida, entregue à própria sorte. A essa altura, com o vírus disseminado, somente ações de vigilância epidemiológicas, com isolamento dos infectados, pode amenizar a desgraça e o medo.

As ações de busca ativa devem utilizar o aplicativo “Monitora Covid”, elaborado pelo Comitê Científico do Nordeste. E montar uma parceria imediata com a comunidade. É o que deveria ter sido feito desde o começo.

O isolamento social era uma emergência, para evitar-se o colapso da rede assistencial. A Saúde Pública precisava fazer o que sabe e sempre fez, em qualquer epidemia. A surpresa: em Aracaju ela tinha sido desmontada.

Sem o envolvimento da sociedade, sem a participação, a ajuda de igrejas, entidades de classe, associações comunitárias, não sairemos dessa encruzilhada tão cedo.

A arrogância do “fiquem em casa” que a gente resolve é fake. Senhores governantes, vocês não estavam à altura da gravidade da Peste, “fiquem em casa”.

Manter o comercio fechado a essa altura é uma resposta política de quem não sabe ou não quer fazer a sua parte.

Vocês imobilizaram a sociedade. Caímos numa armadilha.
Sem uma ação efetiva da Saúde Pública, estamos condenados ao confinamento eterno. Quem sair corre riscos, o vírus pega.

Vocês nos impuseram a imunização de rebanho.

A taxa de contágio explodiu em Sergipe, mesmo com o comércio fechado. Começamos junho com 7.233 casos e 166 óbitos, dobramos em 15 dias, ontem chegamos a 15.675 casos e 352 óbitos. O Poder Público foi omisso, incapaz de tomar as medidas necessárias e urgentes para conter a doença.

A Peste corre solta em Sergipe.

Antonio Samarone (médico sanitarista)


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