O GRANDE ENCONTRO [VIII] por Manoel Moacir Costa Macêdo

Redação, 25 de Setembro , 2020

A vida universitária não encerra com a conclusão do curso. Amizades, parcerias e relacionamentos continuam adiante. Algumas para a vida. Não foi diferente como estudante na Escola de Agronomia da Universidade Federal da Bahia - UFBA. Fatos do tempo estudantil, acompanharam a vida pessoal e profissional. Continuei trabalhando e residindo em Cruz das Almas, local do campus. Um cenário jamais imaginado. Na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA, reencontrei o orientador do estágio, o mestre Hermes Peixoto, uma pessoa inesquecível pela generosidade. Continuei as relações com a política local no Movimento Democrático Brasileiro - MDB, do Prefeito Carmelito Barbosa Alves e do vice-prefeito Waltercio Fonseca, esse último, esposo da colega Lousane.

Vencida as disciplinas semestrais, continuava a obsessão pelos estágios. Insegurança no contato com o complexo ambiente rural. Candidatei-me ao “Projeto Rondon”. Experiência para interagir com a realidade. Apreciava nas férias em Rio Real os universitários atuando na cidade. Não fui selecionado. Enorme frustação. A história é formada de circuitos, fecham e abrem. Não foi a primeira vez que sofri decepções e derrotas. Elas são ricas em aprendizagem, o que normalmente, não acontece com as vitórias. Compensado adiante com a seleção ao “Projeto Mauá”. Após, uma longa viagem de ônibus à Fortaleza, ficamos hospedados no ginásio de esportes Paulo Sarasate. Assistimos alguns treinos da seleção brasileira de basquetebol treinada pelo vitorioso técnico Kanela. Em oito dias, visitamos indústrias, organizações de ciência e tecnologia e até o estádio de futebol “O Castelão” em construção. Apologia ao nacionalismo militar e ao Nordeste atrasado e esquecido.

Acontecimento inusitado, mas determinante na existência, ocorreu no final do sétimo semestre - o terceiro ano do curso. Um sábado à noite, com Haroldo e Tite, não lembro de outros, após algumas “geladas” na “Pérgola” e na “Lanchonete de Samuca”, lá pelas vinte e duas horas, retornávamos à Escola, caminhando em animada conversa na larga avenida. Ao passar em frente à uma residência de muro baixo, nas imediações do hospital, chamou atenção o aglomerado de pessoas. Era uma festa. Algumas conhecidas, tinham sido alunas numa rápida passagem como professor voluntário no Colégio Estadual Alberto Torres - CEAT. Lembro que a esposa de Haroldo, Solange, filha do professor Álvaro Brandão e Beth que namorou César Maynard estavam presentes. Tite, nativo da cidade, conhecia a família. Estimulou a nossa entrada. Nunca tive coragem de “penetrar”. Prática de entrar nas festas, sem ser convidado. Para complicar, outros colegas ao verificarem as nossas presenças, foram se aproximando. Lembro do saudoso Camerindo. Imagine o sufoco. A essa altura duas dezenas de “penetras”. Nenhum constrangimento, estávamos blindados por Tite.

Era a festa de quinze anos da filha de Seu Ataíde Passos. Comerciante conhecido na cidade. Apreensões entre os pais, aniversariante e convidados com os “penetras”. Situações do passado, deixaram constrangimentos nas relações entre os estudantes de agronomia e a sociedade local. Ambiente tenso, menos para nós. Ficamos à vontade, como se convidados fossemos. Comemos caruru, salgadinhos, bebemos cervejas, vinhos e uísque, conversamos e demos boas gargalhadas. Estimulado pela “coragem alcóolica”, conheci a aniversariante e dancei com ela, após a valsa solene. Olhares trocados com a linda morena e meiga jovem aniversariante. Satisfeitos, despedidas pálidas, concluímos a chegada a Escola. Na segunda-feira à tarde, apenas por uma hora íamos à cidade no ônibus de Chico Banha. Na tradicional volta à Praça, avisto a aniversariante. Tentei aproximações, mas não fui correspondido. Insistir em outras visitas na “mesma praça e no mesmo jardim”, similares recusas. Após outras tentativas, a aproximação foi correspondida. Perguntei: quer namorar comigo? Após a ansiedade de dias de espera, recebi a resposta do consentido “namoro na porta”, com as “desconfianças dos estudantes”.

Daí em diante, a história tomou um novo movimento.  Namoro encerrado com a conterrânea rio-realense. “Namoro sério com a cruzalmense”. Noivei e casei com a aniversariante que um dia “penetrei na festa dos seus quinze anos, sem ser convidado”. O destino acolheu Cruz das Almas como minha cidade e local do primeiro trabalho. O encontro divino com um grande amor, mãe zelosa e companheira de uma vida. Parceira corajosa e dedicada. Rita de Cássia, paixão viva por mais de quatro décadas.


Manoel Moacir Costa Macêdo é engenheiro agrônomo


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