“AGRICULTURA: FATOS E MITOS” por Manoel Moacir Costa Macêdo

Redação, 16 de Outubro , 2020

A literatura agropecuária brasileira carecia de uma obra concisa, clara, científica e corajosa sobre conteúdos relevantes e sensíveis à práxis da agropecuária brasileira. O livro “Agricultura Fatos e Mitos: Fundamentos para o um Debate Racional sobre o Agro Brasileiro”, objetiva mostrar que “somente a boa informação, tecnicamente precisa e referenciada, poderá combater os equívocos existentes sobre o agro nacional. Fatos contra mitos”. A ciência em sua essência acolhe os fatos e rejeita os mitos. Ela gera e entrega os achados processados em organizações, a exemplo de universidades, centros de investigação, organizações de assistência técnica, extensão rural e fomento.

Os temas lavrados na obra, estão na agenda político-partidária, nas corporações e organizações contestatórias. Assuntos complexos da agropecuária são reduzidos numa retórica rasa entre direita versus esquerda e o bem versus o mal. Aqueles que investigam com independência específicos e às vezes polêmicos problemas de pesquisa, não são poupados, mas apontados como traidores, elitistas, vendidos, adversários dos pobres e inimigos do meio ambiente. Desprezo a ciência e ao contraditório. O foco da obra discute com vasto suporte científico, selecionados “fatos e mitos” presentes na produção agropecuária brasileira. Redação respeitosa aos contrários e na “antítese” sobre pesticidas, desmatamento, água e transgênicos, entre outros. Assumem que não existe neutralidade nos conceitos. A “ciência, historicamente, sofre alguns ataques das mais diversas ideologias, e muitas pessoas preferem estas àquela”.

A investigação científica acontece no interior das organizações. Elas não são herméticas, nem prescindem de críticas arguidas com suportes teóricos e empíricos. Não são acolhidas agressões e incivilidade, nem de fora, nem de dentro da “comunidade científica”. Não prosperam os manifestos e panfletos, em lugar de teses, dissertações, livros, congressos, artigos e ensaios alinhados ao método científico, as “revoluções científicas” e à “quebra de paradigmas”. A liberdade de pensar, observar, teorizar, problematizar, formular hipóteses, testar, comparar, generalizar, abstrair, publicar e debater são princípios céticos, sensoriais e universais da ciência positivista. A revolução científica do século XVI, “modificou o destino da humanidade e da vida na Terra”.

No ambiente científico é “proibido proibir”. O arbítrio, a ignorância e o negacionismo cassam, maltratam, rotulam e discriminam. O labor investigativo debruça sobre a ética e procedimentos metodológicos. Os resultados da pesquisa “rejeitados ou não-rejeitados”, são bem-vindos e relevantes. O exigido é o modus operandissistematizado, testado, responsável e reconhecido pelos pares. Não existem cárceres para o pensamento e inteligência divergentes, mas acolhimento a criatividade livre e independente. Tolerância com as óticas discordantes. Réplica e tréplica em “igualdade de armas” e suporte teórico e metodológico são indispensáveis ao convencimento e a “substituição do velho pelo novo paradigma”. A “ciência normal” sobrevive até que seja acreditada para explicar e generalizar os fatos. “Nenhum conceito ou teoria é sagrado ou inquestionável”.

“Agricultura Fatos e Mitos: Fundamentos para o um Debate Racional sobre o Agro Brasileiro” expõe à crítica, relevantes conteúdos. Os autores são engenheiros agrônomos reconhecidos, premiados e distinguidos. Treinados, titulados e incorporados às organizações cientificas de prestígio nacional e internacional. Respeitados no ambiente da agropecuária brasileira, a exemplo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA e da Fundação Getúlio Vargas - FGV. Credenciais do labor do cientista, acrescidas de qualificações e reputações.

Entre outros, eis alguns selecionados fatos e mitos. Fato: “a biotecnologia gera organismos transgênicos que fazem parte da civilização humana, salvando vidas ou melhorando a qualidade de vida”. Mito: “lastreado em estatísticas confiáveis, é um mito dizer que o Brasil é o campeão mundial de uso de agrotóxicos”. Fato: “a intensificação tecnológica do agro poupa terras virgens, trazendo reflexo positivo para a proteção da biodiversidade e dos recursos hídricos”. Mito: “a agricultura gasta mais água que as cidades”. Ao final, os autores concluem: “somente vislumbramos uma solução efetiva para o futuro se ocorrer uma fusão entre as duas visões [produção rural e conservação ambiental]. Será uma feliz simbiose da ecologia com a agronomia”.

[GRAZIANO, X.; GAZZONI, D. L.; PEDROSO, M.T.Agricultura Fatos e Mitos:  Fundamentos para um debate racional sobre o agro brasileiro. São Paulo: Baraúna, 2020.].

                                   
Manoel Moacir Costa Macêdo é engenheiro agrônomo


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