Apesar das turbulências, "semi-novato" Domènec Torrent faz bom trabalho inicial no Flamengo
Mesmo os investimentos vultuosos feitos pela diretoria do Flamengo no fim de 2018 e no começo de 2019 para a temporada passada não eram garantia de qualquer sucesso para o rubro-negro. Afinal um time não depende apenas de seus astros para atingir boas performances, mas também precisa de um bom comandante que saiba implementar um plano de jogo que extraia o melhor de todo o seu elenco.
Abel Braga, o técnico escolhido na primeira parte do ano para realizar esse comando, não era a pessoa certa para esse posto. Jorge Jesus, seu substituto, provou-se mais do que certeiro, superando até as expectativas dos flamenguistas mais otimistas ao conquistar o título do Campeonato Brasileiro e também a Copa Libertadores ano passado.
As expectativas em torno do Flamengo continuam grandes. Em plataformas como a Betfair, que oferece a chance de realizar apostas no futebol brasileiro, o rubro-negro é tido como favorito nos jogos que ele tem pela frente. E quanto as suas chances de título, o time carioca encontra-se atrás apenas do Boca Juniors na lista de quem pode levantar a próxima Copa Libertadores.
Entretanto, Jorge Jesus já não é mais líder do Flamengo há três meses. Em meio da crise econômica mundial que afetou de forma avassaladora o Brasil (e também a força do real sobre moedas estrangeiras), a chance de voltar à Portugal para comandar o Benfica não poderia ser desconsiderada. E nem mesmo dispensada, como mostrou seu retorno ao Estádio da Luz.
O Flamengo poderia ter feito o que outros times brasileiros no passado já fizeram. A saída de um técnico vitorioso é preenchida por um comandante com tantos ou mais títulos em sua carreira, mesmo que sua filosofia de jogo seja totalmente dissonante ao que o técnico prévio tenha trazido ao time em primeira instância.
Por sorte do Flamengo e seus torcedores, a diretoria rubro-negra se mostrou um pouco mais “antenada” com o próprio futebol demonstrado pelo time durante o glorioso ano de Jorge Jesus na Gávea. Trouxeram um técnico inexperiente, Domènec Torrent, em seu lugar. Mas a inexperiência pode ser muito bem compensada pelo plano de jogo de Torrent, ex-assistente técnico do multicampeão europeu Pep Guardiola, que não foge daquilo que Jesus havia implementado no Flamengo na temporada passada.
Turbulências são normais, não importa quão seguro é o avião em voo. Os baques iniciais contra o Atlético Mineiro, com quem o Flamengo agora disputa a liderança do Campeonato Brasileiro, e contra o Atlético Goianiense que impôs uma derrota de 3 a 0 sobre o time – um placar que o rubro-negro não sofria desde agosto do ano passado – devem ter servido como aprendizado a Torrent, cujo único trabalho anterior como técnico principal foi na liga de futebol estadunidense, a MLS, comandando o New York City FC.
A derrota acachapante por 5 a 0 contra o Independiente del Valle, que procurava se vingar da derrota na Recopa Sul-Americana em fevereiro desse ano, foi outro sinal de alerta. A compensação veio com o 4 a 0 sobre o Independiente no Maracanã, onde a famigerada altitude não era um fator adverso para o time.
Até o dia 15 de outubro, Torrent registrava 11 vitórias, 3 empates e 4 derrotas sob comando do Flamengo, mantendo uma disputa acirrada pelo topo da tabela do Brasileirão desde então – mas ainda não demonstrando o mesmo grau de potência ofensiva que o time de Jorge Jesus tinha a essa altura do campeonato. Talvez para isso, o inexperiente Torrent precisará de mais alguns meses para realmente fincar seus pés nos gramados brasileiros, sentindo a confiança de que há espaço para que suas ideias sejam mais do que uma extensão ou continuação do legado de Jesus no Flamengo.
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