A Morte das Abelhas e dos Mangangás... (por Antonio Samarone)

Redação, 18 de Novembro , 2020 - Atualizado em 18 de Novembro, 2020

A Morte das Abelhas e dos Mangangás...
(por Antonio Samarone)

Com o fim do Estado Novo (1945), implantou-se em Itabaiana um modelo de dominação política dicotômica, de certa forma herdado das disputas Pebas X Cabaús da República Velha (1989 – 1930).

Esse modelo perdurou em Itabaiana até a eleição de 2020.

Essa forma de se fazer política durou 75 anos em Itabaiana. Ficou abalada com última a eleição. Nesse modelo, os que ganhavam estavam de cima e os que perdiam ficavam de baixo, não havia meio termo. A fidelidade do eleitorado era passada de pai para filhos.

Em Itabaiana, com a redemocratização de 1945, dois grupos políticos ligados ao PSD e a UDN se enfrentavam. O primeiro liderado por Manoel Teles e o segundo por Euclides Paes Mendonça. Criaram eleitores apaixonados, fanáticos, que matavam e morriam por seus líderes.

Os seguidores da PSD eram chamados “Rabos Brancos” e os da UDN “Caras Pretas”. Desconheço a origem.

A paixão política estremada do eleitorado era conveniente para os dois chefes, pois evitavam alternativas de votos. No fundo, eles disputavam o domínio do comércio atacadista da cidade.

Depois da construção da BR – 235, Itabaiana se transformou no centro comercial de Sergipe.

Essa rivalidade foi a regra em Itabaiana por quase um século.

Depois, a mesma disputa foi comandada por Chico de Miguel (herdeiro da UDN) e Luciano Bispo (herdeiro do PSD).

Os seguidores de Chico de Miguel eram denominados de “Abelhas” e os de Luciano Bispo de "Mangangás".

Há oito anos, Valmir de Francisquinho, uma dissidência do grupo de Chico de Miguel, chegou à Prefeitura de Itabaiana. Implantou uma forma diferente de se fazer política. Tratou o eleitorado sem distinção da paixão política, enfrentou os conflitos com o diálogo, modernizou a gestão pública, valorizou a educação e cuidou da cidade.

Deu certo: Valmir de Francisquinho se tornou um bom Prefeito.

Tanto os eleitores de Chico de Miguel como os de Luciano Bispo diziam privadamente: “temos que reconhecer, Valmir é um bom Gestor.”

Nessa eleição de 2020, Valmir derrotou Luciano Bispo pele terceira vez e o grupo de Chico de Miguel pela segunda, com uma vantagem esmagadora.

Nem Luciano Bispo nem o grupo de Chico de Miguel deixam herdeiros políticos. A velha disputa termina com a derrota dos dois grupos. É o fim de uma longa Era.

Claro, os atuais deputados estaduais Luciano Bispo e Maria Mendonça podem se reeleger deputados. Apenas, não serão mais polos da disputa política em Itabaiana.

A oposição em Itabaiana está vaga.

Valmir de Francisquinho conquistou a hegemonia inconteste da política em Itabaiana e derrotou inapelavelmente a oposição. Os dois grupos foram dizimados politicamente.

Uma nova oposição em Itabaiana vai ser construída. Como em política não existe vácuos, já começou a movimentação dos interessados.

Quem será a nova oposição em Itabaiana?

Enxergo três possibilidades: 1. Os derrotados dos dois grupos, arrumam-se em torno de outro líder, criando um grupo novo; 2. O candidato derrotado, Edson Passos, um empresário endinheirado da construção civil, cria um grupo político; 3. Políticos do grupo de Valmir, engrossam o pescoço e criam uma dissidência.

Dado as características socioeconômicas de Itabaiana, tradição política, base cultural, dificilmente surgirão lideranças fora desse quadro político acima traçado.

De todo jeito ocorreu uma mudança: a disputa política não retornará ao modelo Pebas X Cabaús da República Velha.

Antonio Samarone (dos ferreiros da Itabaiana)


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