NOBEL DA PAZ PARA O PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DA ONU

Por Manoel Moacir Costa Macêdo e Clayton Campagnolla

Redação, 20 de Novembro , 2020 - Atualizado em 20 de Novembro, 2020


O Prêmio Nobel da Paz é um dos seis prêmios Nobel estabelecidos em 1895 pela vontade do químico industrial, inventor e fabricante de explosivos, o sueco Alfred Nobel, que dedicou parte de sua herança para premiar aqueles que contribuíssem para o avanço da ciência e da cultura em prol da humanidade. A dinamite e a gelatina explosiva são alguns dos seus inventos. Um conjunto de prêmios internacionais concedidos anualmente por instituições suecas e norueguesas. A premiação do Nobel da Paz acontece em Oslo na Noruega, outorgada pelo Comitê Norueguês do Nobel. O prêmio grosso modo, pode ser visto como uma compensação às belicosas invenções. Época em que a ciência parecia neutra. Adiante se revelou o contrário, carrega nas suas entranhas as faces do bem e do mau. Os demais são os prêmios de “Química, Física, Fisiologia ou Medicina, Economia e Literatura”.

Uma premiação relevante e cobiçada. A distinção ultrapassa as fronteiras nacionais, para alcançar o planeta. Para os cientistas o píncaro da glória, mais pela simbologia, que pela remuneração. Num olhar geral, a premiação acolhe os inventos biológicos que cuidam da vida, do bem-estar das pessoas e da desejada paz. Uma unidade nas entregas das ciências naturais e humanas.

●         No ano de 2020, o “Prêmio Nobel da Paz” foi conferido ao “Programa Mundial de Alimentação da Organização das Nações Unidas - ONU” por promover a “paz em áreas afetadas por conflitos”. O programa “prestou assistência a cerca de cem milhões de pessoas em oitenta e oito países que são vítimas da insegurança alimentar e da fome aguda”. Para o engenheiro agrônomo José Graziano da Silva, ex-diretor geral da FAO - Organização para Alimentação e Agricultura da ONU, “a premiação é um reconhecimento de que a fome tem sido ao mesmo tempo causa e consequência das guerras e conflitos desde sempre”. Existe correlação entre fome e paz. Onde existe comida, não existe guerra. O menor custo para eliminar os conflitos e as guerras é acabar com a fome.
Atualmente, quase setecentos milhões de pessoas no planeta estão em situações de insegurança alimentar, isto é, não dispõem do prato de comida de cada dia. No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE entre 2017 e 2018, a fome atingiu mais de dez milhões de brasileiros e brasileiras, ou seja 4,6% da população pátria, sendo mais expressiva nos domicílios chefiados por negros, mulheres e na região Nordeste. Cabe destacar que oitenta e cinco milhões de pessoas apresentam algum grau de insegurança alimentar, ou seja estão em risco de fome.  No meio rural a fome ultrapassa 7% da população. Contradição inaceitável para um país que a cada ano colhe safras recordes de alimentos. A Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB estima para a próxima safra a monta de duzentos e setenta e oito milhões de toneladas de grãos. Comida suficiente para alimentar a população brasileira. A fome persiste, pela incapacidade dos pobres comprar comida em face da enorme desigualdade social. Situação acolhida como normal no ambiente de uma sociedade cristã.  Realidade agravada com a pandemia da Covid-19, onde duzentos milhões de pessoas no mundo serão acrescidas no mapa triste e vergonhoso da fome.

O “Prêmio Nobel da Paz” para o “Programa Mundial de Alimentação da Organização das Nações Unidas - ONU” não personaliza nem o inventor, nem a invenção, mas a causa, ganhos e alcance. Uma contribuição ao mais elementar direito da vida: o de comer. A premiação pode ainda ser interpretada“como uma resposta ao surgimento perigoso de um nacionalismo explícito em diferentes partes do mundo, do populismo de governos e uma mensagem de apoio aos esforços de coordenação diante de desafios globais para combater a fome, melhorar as condições de paz nas zonas afetadas por conflitos e pelos esforços para impedir a utilização da fome como arma de guerra e conflito".

Acertada a premiação numa quadra em que "a necessidade de solidariedade internacional e cooperação multilateral é mais evidente do que nunca”. Para Graziano, a “paz não pode ser atingida se não houver segurança alimentar no nexo paz-desenvolvimento-emergência humanitária”. Como pregou o pacifista brasileiro Betinho: “quem tem fome, tem pressa”. Pobreza e fome caminham lado a lado.

Manoel Moacir Costa Macêdo e Clayton Campangolla são engenheiros agrônomos

 


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