Neste domingo, 27, o Fantástico, da Rede Globo, veiculou uma reportagem onde dirigentes do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores do Transporte Urbano de São Paulo foram acusados de receber propina para atuar em favor de donos de empresas de ônibus.

Segundo o delegado da Polícia Civil de São Paulo, Fernando Santiago, a investigação teve início após a prisão do secretário geral da entidade, Francisco Xavier da Silva Filho, conhecido como Chiquinho, Chico Rico ou Chico Propina, apelido dado pela fama de pegar propina de empresários do segmento do Estado de São Paulo.

“Tudo começou com a apreensão de cerca de R$ 94 mil na posse do secretário geral do Sindicato dos Motoristas de São Paulo. A partir daí chegamos a uma lista de transferências bancárias a dirigentes do sindicato. Esse dinheiro seria pago para manter dirigentes em uma condição amistosa com as empresas de ônibus, evitando com que greves fossem deflagradas. Fazia com que os dirigentes deixassem de atuar na defesa dos trabalhadores sindicalizados”, disse o delegado à reportagem.

A suspeita é de que parte do dinheiro arrecadado pelo Sindicato teria financiado a campanha de Valdevan Noventa (PL) à Câmara Federal em 2018. O que chamou a atenção do Ministério Público foi o fato de Valdevan morar em São Paulo há 30 anos e ter se candidatado pelo estado de Sergipe.

“Era um forasteiro, uma pessoa que não tinha laços, nem vínculos no Estado de Sergipe. Havia repasses de recursos de pessoas que estavam situadas no Estado de São Paulo, algumas delas eram pessoas jurídicas que repassaram dinheiro através de terceiros para a campanha do deputado Valdevan. A gente entendeu que as fraudes eram bem fortes contra ele e que houve irregularidades na campanha”, afirmou Heitor Alves Soares, procurador regional eleitoral de Sergipe.

Valdevan fazia parte do sindicato desde o ano 2000 e era o presidente da entidade desde 2013, deixando o cargo para disputar a eleição em 2018. Vale ressaltar que antes mesmo de assumir o mandato em Brasília, Valdevan foi preso por indícios de crimes na prestação eleitoral, que incluía doações oriundas de pessoas que não tinham condições para tal, sendo diplomado enquanto estava preso. Em maio deste ano, o deputado teve o mandato cassado pelo TRE/SE, mas segue na Câmara enquanto o último recurso seja julgado.

Em 15 de janeiro deste ano, a polícia surpreendeu Chico Propina com dinheiro dentro do carro, após receber uma mensagem com o seguinte conteúdo: “Bom dia, meu diretor. Ta por onde? Já voltou da Bahia? Vem pegar seus camarão aqui”. Para a polícia, camarão seria um código para propina.

Após a prisão e a apreensão do celular, a polícia chegou a uma lista de transferências mensais para 16 dirigentes do sindicato, incluindo o próprio Chico Propina, algumas de até R$ 280 mil.

Chico Propina acumula um patrimônio descrito pela polícia como faraônico: dois apartamentos no litoral, um apartamento de alto padrão em um bairro nobre de São Paulo, além de uma casa em construção na cidade de Atibaia, avaliada em R$ 2 milhões.

Os investigados responderão pelos crimes de lavagem de dinheiro, peculato e organização criminosa.

VALDEVAN RESPONDE

Ao Fantástico, o deputado federal Valdevan Noventa afirmou, por meio de nota, que a denúncia é extremamente infundada e que seu nome não é citado no inquérito de São Paulo: “ainda sobre eventuais recebimentos de recursos advindos do Sindicato para sua campanha em 2018, tal informação é extremamente infundada. Reforçando que o parlamentar e seus advogados desconhecem qualquer ligação ou citação de nome de Valdevan nos autos do inquérito policial que tramita em São Paulo e que tal inquérito nada tem a ver com a ação ingressada pelo Ministério Público Eleitoral Sergipano”, disse a nota.

Por: Blox do Max

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