NOVO ANO, NOVO IMPERADOR E VELHO IMPÉRIO por Manoel Moacir Costa Macêdo

Redação, 31 de Dezembro , 2020 - Atualizado em 31 de Dezembro, 2020

Um novo ano inicia. Esperanças renovadas. Ainda é cedo, para avaliar a extensão da vitória do partido democrata norte-americano. Eleição presidencial que ultrapassa as fronteiras internas para alcançar o planeta. Menos pelo presidente, mais pela grandeza dos Estados Unidos e do derrotado bilionário, bélico, negacionista e populista republicano. Projeto vencedor sem rupturas, em acordo com a tradição de democracias consolidadas. Dois partidos políticos historicamente pelejam a disputa pelo poder. Ambos abençoados pelo mercado financeiro da poderosa Wall street. Com programas definidos, eles disputam a preferência dos eleitores. Uma aberração tupiniquim, são as eleições brasileiras com três dezenas de ocasionais partidos políticos. Um “manicômio partidário”, numa combalida democracia representativa.

Os Estados Unidos da América, não significa um conjunto de estados confederados da América do Norte, mas um império vencedor após a Segunda Guerra Mundial. Marco dos vitoriosos na geopolítica mundial. Poder político, militar, científico, territorial e econômico concentrados em um único país, determinam a supremacia mundial. No passado, predominaram os cruéis impérios do Velho Mundo. No presente, um estado-nacional em disputa para manter a hegemonia política e econômica mundial. “As relações entre nação, democracia e império ainda foram motivo de debate em meados do século XX”. Como escreveu um ex-presidente do partido democrata norte-americano: “os Estados Unidos gostam de partir para a luta [...] com profundas consequências humanas das decisões tomadas em Washington”.

O dizer imperial, é uma metáfora numa quadra de estados-nacionais globalizados, sucessores de antigos e tradicionais impérios, a exemplo do Bizantino, Britânico, Chinês, Otamano e Russo. Não quer dizer uma apologia a Guerra Fria que apartou os povos em capitalistas versus comunistas. Os de dentro e os de fora da “cortina de ferro”. Os genuínos impérios do passado e os simbólicos do pressente possuem algumas características em comum: avidez por domínios, conquistas e poder. O vencido presidente, revelou sentimentos imperiais em “América primeiro, supremacia racial e construção de um muro”, separando os ricos dos pobres. A “modernidade líquida”, ao invés de muros, necessita de pontes entre os povos globalizados e divididos entre os que muito tem e os que nada possuem. O presidente vencedor definiu como prioridades de governo o “controle da pandemia, as mudanças climáticas, as tensões raciais, a recuperação econômica e a cura do esgaçado tecido social interno”. Para os “ianques” as crises climáticas são tratadas como uma ameaça à segurança nacional. Para os demais, a retórica partidária de direitos humanos, democracia e alianças multilaterais desiguais. Uma agenda para os norte-americanos de dentro e de fora do seu território.

Numa simplista abstração, a versão democrata vitoriosa, mudou apenas o imperador, mas o império continua, distinto do obscurantismo derrotado. Reconhecido ganho. A apertada vitória eleitoral, não garante a derrota do racismo, nem das discriminações migratórias e menos ainda dos freios de dominação numa arena assimétrica, repartida entre minoritários civilizados e majoritários retardatários. Pesquisas recentes mostraram que “68% dos americanos aprovam a presença americana nas questões mundiais, 25% acreditam na liderança americana no planeta e não compraram a ideia de uma nova era progressista”. Evidências de que o império continua em “organizações de poder - colônias, protetorados, domínios, territórios, forças a integrar a cultura dominante, regiões semiautônomas -, valendo-se de recursos humanos e materiais fora do alcance de qualquer regime estritamente nacional e buscando controlar tanto terras e povos fronteiriços como regiões distantes”.  

A vitória do partido democrata norte-americano não altera em essência as relações e nem os rumos internos do Brasil, exceto a subordinação de manifesta para tácita. Existem similaridades atuais e históricas entre os dois países, a exemplo da pandemia, do comércio e do meio ambiente. O setor produtivo globalizado lastreado em interesses corporativos, comerciais e financeiros sufocarão as ideologias entre presidentes e imporão a cooperação entre países. Nas relações internacionais, a regra é menos retórica e mais ação. Menos saliva e mais pragmatismo. Menos fricção e mais equilíbrio. Menos loucura e mais sanidade. Quem viver, verá.

Manoel Moacir Costa Macêdo é engenheiro agrônomo e advogado


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