No vazio da quarentena, sai procurando pela Internet a gente talentosa de Sergipe. Quem são os novos escritores? Achava que ia perder a viagem! Pela tradição, quase toda boa pena em Sergipe é cooptada pelo poder, e vira uma pena de aluguel.

Encontrei um oásis, um blog denominado “poca olho”, lotado de textos inteligentes e bem escritos. Gente de outra geração. Rian Santos, Djenal Gonçalves, Victor Fernandes, Camilla Canuto, Astolfo Barroso, Adelvan Kenobi, Antonio Passos e Gabi Etinger.

Uma turma afinada na escrita.

Eles se apresentam como escritores diferentes, e pedem para não serem levados a sério, pois adotam o humor como linguagem literária, tendo em vista a sua natureza libertina, libertária, emancipadora.

Um pedido, de humildade exagerada, mas não compromete. São bons escritores, os textos são primorosos. Uma gente sem rabo preso, que disseca as mazelas e as coisas boas da vida social sergipana.

Numa terra onde tem poeta que faz poesia por encomenda, só para agradar, uma gente livre, erudita e criativa é um tesouro.

Gostei muito!

Uma gente que diz escrever para fustigar as “vacas sagradas” da cultura sergipana, que não são tantas. Vivemos um tempo de vacas magras. É como se eles seguissem os versos de Vandré: “Se você não concordar, não posso me desculpar, vou pegar a minha viola e vou cantar em outro lugar.”

Em Sergipe tem boa literatura. É só procurar...

Antonio Samarone (médico sanitarista)

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