Pelos caminhos da História: quem banha Aracaju, Rio Sergipe ou Rio Cotinguiba?
foto: Guia Melhores Destinos
Quem banha a cidade de Aracaju, o Rio Sergipe ou o Rio Cotinguiba?
Por Carlos Braz
A história é uma ciência social em constante mutação. E seus obreiros, os historiadores, arqueólogos, sociólogos, geógrafos, entre outros, são os responsáveis diretos pelas descobertas de novas fontes que, não raro, põem ao chão todo um pensamento histórico acumulado e difundido durante séculos pelas civilizações.
Ao lado desse labor incessante, as novas tecnologias permitiram um avanço inimaginável tempos atrás, no campo das pesquisas documentais e de campo. Outro fator importante nesse contexto é a valorização do testemunho oral e material das minorias étnicas, relegadas ao ostracismo por um etnocentrismo cultural secular.
O resultado dessa “revolução” são as constantes releituras de alguns fatos históricos. Em Sergipe, esse fenômeno é real, e muitos eventos da nossa História já são enxergados sob nova ótica, diante das pesquisas que produziram resultados irrefutáveis, até que surja outra que a confronte.
Entre as polêmicas levantadas pelos historiadores locais citamos uma questão geográfica e hidrográfica que dominou a intelectualidade sergipana durante o século XIX e início do século XX : quem banha a cidade de Aracaju, o Rio Sergipe ou o Rio Cotinguiba?
Sua relevância se faz sentir a partir da participação dos intelectuais da época e ícones da nossa historiografia, que se envolveram na contenda em lados opostos. Para Clodomir Silva a controvérsia se inicia em 1802, quando o geógrafo Manoel Ayres do Casal em sua obra Corografia Brasílica ou relações histórico-Geográfica do Reino do Brasil, publicada em 1802 cita que a barra do Rio Cotinguiba separa Aracaju da Ilha de Santa Luzia.
Em um trabalho publicado em 1808, na obra Memória sobre a Capitania de Sergipe, Marcos Antônio de Souza cita a barra situada entre Aracaju e Ilha de santa Luzia como barra do Cotingiiba. Logo adiante, contudo, confunde-se ao citar que o Rio Cotinguiba é afluente do rio Sergipe.
Já Luís Carlos Silva Lisboa em Chorografia do Estado de Sergipe publicado em 1887 cita como o Rio Cotinguiba o estuário que desagua no Oceano Atlântico.
O pai da historiografia Sergipana, Felisbelo Freire, no seu livro "História Territorial" refere-se como Rio Cotinguiba o que passa à frente da capital sergipana..
A intervenção do IHGS Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe em 1925 foi fundamental importância para o fim do embate, quando seu membro Elias Montalvão defendeu de maneira incontestável usando argumentos técnicos e geográficos que o Rio que banha Aracaju é o Rio Sergipe, e põe um ponto final na questão. O projeto de lei de 27 de outubro de 1925 sancionado em três de novembro do mesmo oficializa como Rio Sergipe o estuário que corre no lado leste de Aracaju.
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