O Último Subversivo. (por Antonio Samarone)

Redação, 07 de Agosto , 2021



Postei um pequeno texto sobre as circunstâncias de um novo golpe no Brasil. Recebi diversas considerações. A mais intrigante foi a de um amigo comunista. Ele queria saber quem, havendo um golpe, seriam os subversivos a serem presos em Sergipe.

Começamos a procurar.

Quem são os revolucionários, os inimigos da ordem capitalista que conspiram para a implantação do Comunismo no Brasil. Quantas células comunistas estão em atividade em Sergipe.

Quais são as bandeiras que os vermelhos carregam e quem são eles?

Se Bolsonaro consumar o golpe prometido, em Sergipe, eles vão precisar prender muito inocente. Comunistas, comunistas mesmo, a moda antiga (daqueles que comiam criancinhas), eles não encontrarão meia dúzia.

A vida não é boa para a maioria, a ordem social continua excludente, injusta, discriminatória, o que falta para a subversão encontrar militantes? Simples, disse-me ele, as raízes sociais foram diluídas e a atomização acelerada. A culpa pelo fracasso passou a ser pessoal e psicologizado, assumido como uma derrota individual.

Eu tentei teorizar:

Nas sociedades do desempenho todos são empreendedores de si próprio. A revolta caminha para a depressão. Os subversivos, que queriam mudar a ordem social, se transformaram em depressivos, clientes dos dopings químicos.

Se a causa do mal-estar é identificada no social, a subversão é uma alternativa de luta; se a causa for identificada no âmbito psicológico, a revolta é contra si próprio, e a depressão é um descaminho. O destino é a dependência química e o suicídio.

A nova ordem das sociedades pós-moderna nós empurrou para esse mal-estar.

Para evitar observações dos especialistas em “transtorno mental”, esclareço, existem depressões orgânicas por outras causas, que não são objetos desse pequeno texto.

Claro, a discussão é bem mais complexa. Estou apenas levantando o debate possível nas redes sociais. Sem precisar insultar os que não estão enxergando.

Onde estão os últimos subversivos?

Não falo da militância das causas identitárias, todos com suas bandeiras justas e imediatas. Mas as suas pautas podem ser atendidas, em boa parte, sem precisar virar o mundo de ponta a cabeça.

Eu procuro os comunistas que assombram a ultradireita brasileira, os que querem subverter a ordem capitalista. Quero saber o que eles propõem como uma nova ordem, que tanto assusta essa gente.

Na verdade, boa parte da ultradireita brasileira luta contra a civilização. São herdeiros da ordem escravista e acreditam numa supremacia quase branca, alertou-me o comuna.

No final da conversa, o amigo comunista me fez uma revelação surpreendente:

“Samarone, eu tenho medo de que depois do golpe, não me prendam. Não que eu seja esse subversivo todo, mas diante da carência, para mim seria frustrante que eles me deixassem solto. Seria uma mancha em minha biografia.”

“Exigirei a minha prisão!” Disse-me exaltado o último subversivo declarado em Sergipe.

Antonio Samarone (médico sanitarista)


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