SETEMBRO AMARELO por Manoel Moacir Costa Macêdo

Redação, 03 de Setembro , 2021


Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina - CFM, organiza nacionalmente o “Setembro Amarelo”, um chamado a evitar o suicídio e louvar a continuidade da vida. O dia 10 desse mês é, oficialmente, o “Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio”.

Não se trata de uma iniciativa brasileira e nem é recente. Em setembro de 1994, nos Estados Unidos, o jovem de 17 anos Mike Emme cometeu suicídio. No dia do seu velório, seus pais e amigos decidiram distribuir cartões amarrados em fitas amarelas com frases de apoio para pessoas que pudessem estar enfrentando problemas emocionais. Assim nasceu a simbologia da cor amarela. A vida é uma onda de energias condensadas na unidade bio-psico-espiritual. Coesão da existência humana num encontro de almas em sociedade. Grandeza de forças arquivadas pelas sucessivas vivências.

Na sociedade do espetáculo, predomina a competição, o egoísmo, o orgulho, a aparência e o consumismo exagerado. Uma geração de pairas e excluídos apartados dos valores elementares do iluminismo. Disputas e competições individuais. Vencer a qualquer custo. Desprezo à cooperação e a solidariedade. Uma jaula de ferro com seres humanos aprisionados, como feras por poder e dinheiro. Os modelos são os empacotados pelas “mãos insensíveis do mercado”. Ambiente do “ter mais, consumir mais e acumular mais”. Exploração entre humanos como instrumentos de produção material. Constrição cognitiva, pensamento restrito, violência e desespero, a receita da angústia, do medo, do sofrimento, da frustação e da malvada depressão - a doença do século. Armadilha sutil para as soluções descabidas: o suicídio.

Estima a Organização Mundial da Saúde - OMS que acontecem anualmente no mundo em torno de 800 mil suicídios, aproximadamente uma morte a cada oito segundos. No Brasil são 12 mil suicídios a cada ano. Cerca de 97% dos casos de suicídio estavam relacionados a depressão, a bipolaridade e ao abuso de substâncias químicas. Triste realidade, que ataca em maior intensidade os jovens e idosos. Não são estatísticas frias, nem números descartáveis, nem devem ser aceitos como normais, mas vidas ceifadas precocemente. O suicídio é uma brutalidade do ser humano, presente na sociedade desde a antiguidade e por causas biológicas, emocionais, psíquicas e espirituais.

Atormento que carece de cuidado, apoio e amparo da saúde pública. Ele pode ser tipificado como o suicídio direto: desespero egoísta e altruísta e o indireto: instigado pelas extravagâncias, vícios e excessos. O ser humano é o único vivente terreno que comete o suicídio. Entre as causas do suicídio, destaque para o sentimento de culpa por erros passados, dificuldades de lidar com as frustações do presente, enfraquecimento da esperança, ansiedade e depressão. Agrava os hábitos do fumo, do alcoolismo, do consumismo, da ganância, da usura e da inveja entre outros “pecados capitais”. O suicídio carece de terapias que acolham a unidade do corpo e do espírito.

O suicídio expressa o desespero com as misérias do viver e as dores da alma. A fuga como remédio da cumprimento pleno da reencarnação terrena. A interrupção da vida em seu ciclo natural, é uma transgressão às leis divinas e humanas. Pela lei da imortalidade da alma, ninguém tem o direito de dispor voluntariamente de sua própria vida. A outorga de fugir dos deveres terrenos, não é concedida a nenhum vivente. Àqueles que venham infringir, sujeitam-se às dolorosas consequências nas múltiplas dimensões temporais e espaciais.

A prevenção do suicídio, deve acolher a unidade bio-psico-espiritual do ser integral. Cuidar do corpo e da alma seguindo os ensinos da psiquiatria, psicanálise, psicologia e terapias que nem sempre os olhos veem e os ouvidos escutam na lógica reconstruída da pós-materialidade. Não olvidar da alimentação saudável, da harmonia com a natureza, da alegria de viver com o próximo, com a família e com o ambiente social. Cuidados incessantes com a saúde física e mental no bem-viver. Como prega a cristandade na mensagem profética: “eu vim para que todos tenham vinda em abundância”. “Abreviar a vida é ato de desamor, de vingança, de loucura e de queda no abismo”. No dizer do poeta, “viver é não ter vergonha de ser feliz”.

Manoel Moacir Costa Macêdo é engenheiro agrônomo e advogado.


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