O MILHO EM SERGPE - PARTE (III) por Manoel Moacir Costa Macêdo
Nas últimas duas décadas, a cada novo ano, as safras agropecuárias brasileiras superam as anteriores. Elas contribuem com mais de 20% do Produto Interno Bruto - PIB da décima-segunda economia mundial. O setor superavitário da economia nacional. Diversos são os indutores desse crescimento, uns internos e outros externos.
No plano externo, destaque para a inserção da soja e do milho nas cadeias produtivas das carnes como commodities no mercado internacional. Internamente, a pujante produção agropecuária brasileira, inicia com o tropical território brasileiro, abundância de terras agricultáveis, água doce, energia limpa, sol para fotossíntese, ciência e tecnologia disponível, empreendedorismo dos produtores rurais e três safras anuais, pari-passuaos incentivos do Estado brasileiro, como a pesquisa agropecuária, assistência técnica e crédito públicos. Novos territórios foram explorados e incorporados à produção agropecuária. Novas espécies foram descobertas e adaptadas ao clima, solo e temperatura no diverso e amplo território brasileiro. É fato que a “produção agropecuária brasileira é movida por ciência”, mas inexiste neutralidade científica nas inovações tecnológicas.
No caso da produção do milho no Estado de Sergipe, destaque para a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA, pelas duas unidades de pesquisa, respectivamente a EMBRAPA Milho e Sorgo, localizada em Minas Gerais e coordenadora da pesquisa de milho no Brasil e a EMBRAPA Tabuleiros Costeiros, localizada em Aracaju, Sergipe, com uma rede de seis áreas experimentais distribuídas no menor estado brasileiro. Ambas desenvolvem pesquisas com o milho desde os anos oitenta, em linha com a realidade estadual e nordestina. Importante acentuar a assistência técnica e extensão rural do Estado de Sergipe, pela atual Empresa de Desenvolvimento Agropecuário - EMDAGRO, junto aos produtores rurais sergipanos.
A partir de 1986, com o lançamento da variedade de milho “BR Fidalgo” pela EMBRAPA em parceria com as organizações estaduais de crédito e assistência técnica, continuaram a geração e difusão de novas variedades de milho, como as “BR Sertanejo, BR Asa Branca e BR Catingueiro”, entre outras. Em informe público doze anos passados, a EMBRAPA divulgou a importância das novas variedades de milho para Sergipe e o Nordeste: “em 2009, foram produzidas e comercializadas 6 mil toneladas da BRS Caatingueiro (variedade desenvolvida pela Embrapa) para atendimento às demandas do [...] Nordeste, representando uma área plantada de 200 mil hectares. O lançamento dessa variedade garantiu o financiamento, pelos órgãos oficiais (instituições públicas de financiamento e o Pronaf), do cultivo do milho devido às suas características superiores de ciclo curto em relação às demais variedades disponíveis. Essa variedade garantiu a inclusão de milhares de agricultores familiares do semiárido nordestino com impacto econômico e social positivo para região”.
As ações do Estado em apoio à produção agropecuária sergipana continuam até a quadra atual. Em 2015, a EMBRAPA Tabuleiros Costeiros, disponibilizou aos Estados de Sergipe, Alagoas e Bahia, o SEALBA, um território produtivo, baseado na pluviosidade de 450 mm de chuvas anuais. Precipitação pluvial suficiente para o cultivo de sequeiro de grãos. Uma inovação aos sistemas de produção agropecuários. O território do SEALBA, iniciais de Sergipe, Alagoas e Bahia é formado por 171 municípios, sendo 69 localizados em Sergipe, 74 em Alagoas e 28 no nordeste da Bahia, numa área territorial distribuída em 33,2% no estado de Sergipe (1.707.815 ha), 36,1% em Alagoas (1.859.438 ha), e 30,7% na Bahia (1.581.688 ha), no total de 5.148.941 hectares.
Evidências demonstraram o papel estratégico do Estado brasileiro na produção do milho em Sergipe. As inovações e difusões de tecnologia oriundas da EMBRAPA em parceria com a EMDAGRO foram determinantes no sucesso desse cultivo. A produção agropecuária brasileira tem sido lastreada na ciência, tecnologia e inovações desenvolvidas por organizações públicas brasileiras e no empreendedorismo dos produtores rurais.
Manoel Moacir Costa Macêdo é engenheiro agrônomo
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