A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid aprovou, no início da sessão desta quinta (7) requerimento do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) reconvocando o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. "Na oitiva anterior de Queiroga, alertei que chegaria o dia de escolher entre o diploma e o cargo. Este dia chegou e, aparentemente, Queiroga optou pelo cargo. É preciso ouvir novamente o ministro e cobrar compromissos efetivos com a saúde dos brasileiros", afirmou o senador, referindo-se à aparente mudança de comportamento de Queiroga, um cardiologista, desde que assumiu, em 23 de março, substituindo o general Eduardo Pazuello no pior momento da pandemia de Covid-19. O Brasil, na época, somava quase 300 mil mortes. Agora são quase 600 mil. O dia do novo depoimemento de Queiroga ainda será definido pela CPI.

O requerimento do senador teve entre suas justificativas seu posicionamento sobre a vacinação de adolescentes, que acabou autorizada, e também pela falta de um plano de vacinação claro e rigoroso para 2022. Segundo o senador, nessas e em outras ocasiões, a maior autoridade de saúde do país se manifestou "de forma vaga e alarmista. No início da semana, a comissão chegou a dar prazo de 48 horas para o ministro responder a questionamentos sobre a vacinação de adolescentes e a aplicação de doses de reforço dos imunizantes contra o novo coronavírus. Não havia consenso no grupo majoritário da CPI, que conta com senadores de oposição e independentes ao governo de Jair Bolsonaro, para determinar um terceiro depoimento de Queiroga à comissão. O clima mudou nesta quinta-feira.

Esta será a terceira vez que a CPI convoca o ministro. A decisão foi tomada no mesmo dia em que a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde, órgão consultivo do Ministério da Saúde, retirou da pauta a análise de um estudo de especialistas contra o uso de cloroquina contra a Covid. A droga é comprovadamente ineficaz para a doença. O requerimento questionando a Conitec também é do senador Alessandro Vieira, e foi citado em sua entrevista à rádio CBN, quando indicou influência do Palácio do Planalto na retirada de pauta da reunião da Conitec da análise do uso da cloroquina para tratamento de Covid.

Queiroga chegou ao Brasil no último dia 4, após ter viajado com o presidente Jair Bolsonaro para Nova York (EUA), onde Bolsonaro discursou na Assembleia Geral das Nações Unidas. A viagem foi marcada pelo fato de Queiroga ter contraído Covid e pelo gesto obsceno do ministro da Saúde em direção a pessoas que se manifestavam contra Bolsonaro. O primeiro depoimento de Queiroga à CPI da Covid aconteceu em 6 de maio. Na ocasião, o ministro evitou responder sobre alguns temas, entre os quais cloroquina, tratamento precoce e declarações de Bolsonaro sobre a pandemia, o que irritou os senadores da comissão. O segundo depoimento aconteceu um mês depois, em 8 de junho. Novamente questionado sobre temas como cloroquina, disse que essas discussões são "laterais".

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