O Ninho de Arapuá. (por Antonio Samarone)
“Oricuri madurou é sinal de que arapuá já fez mel” – João do Valle.
Bateu um peso na consciência: o que fazer com ninho de arapuá, que impera soberano no alto de uma canafístula-brava, aqui em São José dos Náufragos? No fundo não é ninho é uma colmeia.
O ninho é uma bola preta de meio metro, de barro, gravetos e cera. Friável e grudento.
A Arapuá (Trigona ruficus) é uma abelha social, pretas, com reflexos violáceos. São as únicas que fazem ninhos pendurados em árvores, parecendo cupinzeiros.
As arapuás são valentes, mas não possuem ferrão ou se possuem não os usam. Quando são atacadas pelos humanos, reagem enrolando-se nos cabelos do agressor. O cabelo enrola e vira uma gosma inodora.
O mel é pouco e de gosto desagradável. São úteis na polinização das bananeiras. Mas são avexadas, terminam destruindo algumas flores, em especial de laranjeiras e coqueiros, atrapalhando a produção.
O povo acredita que elas são daninhas e prejudicam a frutificação.
São tratadas como pragas, com fogo e veneno.
Fui aconselhado a expulsá-las, mas resolvi protegê-las.
Antonio Samarone (médico sanitarista).
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