O Que Fazer?. (por Antonio Samarone)

Redação, 04 de Novembro , 2021 - Atualizado em 04 de Novembro, 2021

 

Fiz uma visita de surpresa a Seu Jacó, pescador de Indiaroba. É um ribeirinho do Rio Sagui. Fui conhecer os seus viveiros (todos legalizados). Um belo exemplo de atividade sustentável.

Na despedida, ele me fez um “mimo”: doutor, quer levar esses guaiamuns gordos. De supetão, eu aceitei. Ele colocou os doze crustáceos num saco e me entregou.

Bichos bonitos, casco azul, garras de 30 cm, gordos, parecendo um Major.

Aqui começou um grande problema: onde eu vou guardar esses inquietos guaiamuns? Todos agitados! Acho que não concordaram com a transferência. Desconfiaram das minhas intenções.

Eles têm razão. O meu pensamento era mandar fazer um pirão com eles.

Eu não sei lidar com guaiamu. Tenho um trauma infantil. Ainda acredito que quando um guaiamu pega, só solta quando ronca trovão. E os trovões nunca mais roncaram por aqui.

Em resumo, quero distância dos caranguejos. Estava confiando na funcionária, que trabalha aqui em casa.

Já cheguei em casa anoitecendo e a funcionária, nascida e criada no Mosqueiro, filha de pescador e marisqueira, já tinha ido embora.

E agora, onde vou guardá-los até amanhã? Não tenho nem cestos nem cotangi.

Tive uma ideia infeliz. Transferi os 12 guaiamuns indóceis, para um grande isopor e cobri com uma grade pesada. Botei comida à vontade (massa de milho, frutas) e água potável. Mesmo assim, a revolta deles era grande.

Quando amanheceu, fui inspecionar as futuras vítimas do pirão, e todos tinham fugido.

Comeram uma banda do isopor e migraram para o jardim. Pensei em contratar um especialista para recapturá-los. Mas não existem referencias no Google. Liguei para o Corpo de Bombeiros, eles disseram que não prestam esse serviço.

O mundo mudou. Os caranguejos de Sergipe não fugiam. Podia-se deixar o caçuá aberto. Se um ou outro quisesse fugir, os outros os puxava para baixo. Aqui em Sergipe ninguém sobe, a inveja é soberana.

Acho que esses meus guaiamuns são baianos, das bandas do Conde.

Surgiu um novo dilema: começamos a nos apegar aos guaiamuns. Já botamos até nomes. No jardim eles se acalmaram e começaram a fazer tocas. Parecem crentes em uma vida nova.

Viraram guaiamuns de estimação. Vão morrer, só quando chegar a hora..

Qual será a reação dos vizinhos no condomínio? Recentemente eles fizeram uma cruzada contra os pombos. Imaginem se os guaiamuns aprecem na piscina de alguém. Abrirão a CPI do guaiamu.

Pensei em recapturá-los e devolvê-los a Seu Jacó. Não, me disseram, pode parecer uma grosseria.

Enquanto escrevo, o destino dos guaiamuns está sendo deliberado.

Antonio Samarone (médico sanitarista).


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