O futuro do SUS. (por Antonio Samarone)
Os resultados do combate a Pandemia no Brasil foram negativos. A nossa prioridade foi o atendimento aos casos graves. Os recursos foram destinados a criar leitos de UTI e hospitais de campanha. A atenção primária e as ações de vigilância epidemiológica foram esquecidas.
Claro, analisar por que chegamos a mais de 620 mil óbitos, requer uma abordagem mais profunda. Estou levantando apenas os efeitos da Pandemia sobre o SUS.
A necessária concentração de esforços no combate à Peste desmobilizou as ações rotineiras de Saúde Pública. Os programas de Saúde Pública foram desativados. Estou falando da vacinação de rotina, pré-natal, combate as DST, diabetes, hipertensão etc.
Da mesma forma que os hospitais suspenderam as cirurgias eletivas, as Unidades Básicas congelaram a atenção primária.
Talvez a principal missão na Saúde Pública dos futuros governantes seja retomar e ampliar as ações da Atenção Primária. Antes da Pandemia a cobertura da Atenção Primário no Brasil era de apenas 40%, onde o necessário é cobrir 90% da população. Exige-se mudanças profundas.
Saindo do sonho: a conjuntura aponta em direção contrária, ao avanço na privatização do SUS. Hoje, 38% dos profissionais de saúde do SUS possuem vínculos com as "OS", empresas terceirizadas, contratadas pera gerir o SUS. Os políticos adoram, pelo possibilidades de clientelismo e outras mazelas.
O Brasil gastou em 2017 com a Saúde 9,2% do PIB (600 bilhões). Não é pouco, os países ricos gastam em média 10 por cento. Entretanto, no Brasil tem um detalhe perverso. Desses gastos 52% são privados, para atender a 22% da população e 48% dos gastos são públicos destinados a 78% da população.
A desigualdade de acesso aos Serviços de Saúde no Brasil é faraônica.
A partir de 2017, o financiamento do SUS foi sufocado. Durante a Pandemia foram aportados recursos extras. Em 2021 injetou-se 40 bilhões, desses, 90% para ampliar os leitos de UTI. A medicina de mercado bebeu nessa fonte.
Ressalte-se que a Pandemia deixou sequelas a médio prazo, em especial sobre os idosos. A demanda da população ao SUS será crescente e complexa. Não me peçam otimismo! Os futuros governadores herdarão um grande problema.
A necessidade do SUS ficou evidente durante a Pandemia. Como reconstruí-lo? Não tenho uma receita. O sonho de uma Sistema de Saúde público e gratuito continua. Mas por enquanto, é só um sonho. No Brasil, a medicina de mercado se tornou dominante.
Quanto custa um Sistema de Saúde universal com esses propósitos. Quem vai empunhar essa bandeira? Quem vai pagar essa conta?
*Antonio Samarone (médico sanitarista)*
Siga os canais do Portal 93 Notícias: YouTube, Instagram, Facebook, Threads e TikTok
Participe da comunidade da 93 Notícias no Whatsapp e receba as principais notícias do dia direto no seu celular. Clique aqui e se inscreva.
Outras Notícias
As Mais Lidas
- Tragédia: Acidente com táxi de lotação de Itabaiana deixa duas vítimas fatais e três feridos
- Suspeito de agredir a própria mãe é preso no interior de Sergipe
- Corpo carbonizado encontrado debaixo de ponte é identificado
- Motociclista morre após colidir com carro e ser atropelado em seguida por outro veículo
- Incêndio destrói ônibus na garagem da empresa Atalaia