O futuro do SUS. (por Antonio Samarone)

Noticias, 28 de Abril , 2022 - Atualizado em 28 de Abril, 2022



 

Os resultados do combate a Pandemia no Brasil foram negativos. A nossa prioridade foi o atendimento aos casos graves. Os recursos foram destinados a criar leitos de UTI e hospitais de campanha. A atenção primária e as ações de vigilância epidemiológica foram esquecidas.

Claro, analisar por que chegamos a mais de 620 mil óbitos, requer uma abordagem mais profunda. Estou levantando apenas os efeitos da Pandemia sobre o SUS.

A necessária concentração de esforços no combate à Peste desmobilizou as ações rotineiras de Saúde Pública. Os programas de Saúde Pública foram desativados. Estou falando da vacinação de rotina, pré-natal, combate as DST, diabetes, hipertensão etc.

Da mesma forma que os hospitais suspenderam as cirurgias eletivas, as Unidades Básicas congelaram a atenção primária.

Talvez a principal missão na Saúde Pública dos futuros governantes seja retomar e ampliar as ações da Atenção Primária. Antes da Pandemia a cobertura da Atenção Primário no Brasil era de apenas 40%, onde o necessário é cobrir 90% da população. Exige-se mudanças profundas.

Saindo do sonho: a conjuntura aponta em direção contrária, ao avanço na privatização do SUS. Hoje, 38% dos profissionais de saúde do SUS possuem vínculos com as "OS", empresas terceirizadas, contratadas pera gerir o SUS. Os políticos adoram, pelo possibilidades de clientelismo e outras mazelas.

O Brasil gastou em 2017 com a Saúde 9,2% do PIB (600 bilhões). Não é pouco, os países ricos gastam em média 10 por cento. Entretanto, no Brasil tem um detalhe perverso. Desses gastos 52% são privados, para atender a 22% da população e 48% dos gastos são públicos destinados a 78% da população.

A desigualdade de acesso aos Serviços de Saúde no Brasil é faraônica.

A partir de 2017, o financiamento do SUS foi sufocado. Durante a Pandemia foram aportados recursos extras. Em 2021 injetou-se 40 bilhões, desses, 90% para ampliar os leitos de UTI. A medicina de mercado bebeu nessa fonte.

Ressalte-se que a Pandemia deixou sequelas a médio prazo, em especial sobre os idosos. A demanda da população ao SUS será crescente e complexa. Não me peçam otimismo! Os futuros governadores herdarão um grande problema.

A necessidade do SUS ficou evidente durante a Pandemia. Como reconstruí-lo? Não tenho uma receita. O sonho de uma Sistema de Saúde público e gratuito continua. Mas por enquanto, é só um sonho. No Brasil, a medicina de mercado se tornou dominante.

Quanto custa um Sistema de Saúde universal com esses propósitos. Quem vai empunhar essa bandeira? Quem vai pagar essa conta?

*Antonio Samarone (médico sanitarista)*


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