Patrimônio Cultural ou Natural?* (por Antonio Samarone)

Noticias, 20 de Junho , 2022


 

Sua excelência, o deputado zezinho sobral, festejou a aprovação de um projeto de lei concedendo ao “caranguejo” o título de “patrimônio cultural e imaterial de Sergipe”. Um título vazio e pomposos.

Caranguejos são todos os crustáceos com cinco pares de pernas e cefalotórax, são patrimônios naturais dos biomas marinhos. Outra coisa, caranguejos são muito, milhares de espécies. Acho que título do deputado seja para o caranguejo uçá (Urca cordata).

Reconheço que os caranguejos sergipanos são diferentes dos baianos. Os caranguejos baianos são transportados em caçuás fechados, os caranguejos sergipanos em caçuás abertos. Os caçuás com os caranguejos sergipanos podem ficar abertos que ninguém foge. O primeiro que começar a subir, os outros puxam para o fundo do cesto.

Essa banalização do patrimônio cultural é um incentivo ao desrespeito. Se tudo é patrimônio cultural, perde-se a especificidade, nada é!

O caranguejo nem é patrimônio cultural, muito menos imaterial. Talvez os modos de degustação, de preparação e da pesca dos caranguejos em Sergipe têm especificidades culturais. A cultura é uma manifestação humana.

O monumento mais visitado em Sergipe é um caranguejo de fibras na orla de Atalaia. A maior obra do Governador Jackson Barreto. Roma tem Moisés, de Michelangelo, Aracaju tem o caranguejo de fibras. Isso é cultura, mas o caranguejo no mangue é natureza.

O nome Sergipe origina-se do tupi si´ri ü pe, que significa “rio dos siris”. Não deriva do nome do Cacique Serigy, como disse recentemente um parlamentar federal do PT. Os siris já foram homenageados dando nome ao Estado de Sergipe, mesmo assim não são patrimônios culturais.

O ex-vereador Cosme Fateira, causou uma grande polêmica por muito menos: deu um título de cidadão aracajuano ao urubu, mas não teve a coragem de transformá-lo em patrimônio cultural e imaterial de Sergipe.

Os caranguejos são os urubus dos mangues, se alimentam de carniças e detritos.

O ex-vereador Rafael Oliveira apresentou um projeto de lei proibindo se comer as fêmeas dos siris, principalmente as ovadas, por razões compreensíveis. Um projeto claramente preservacionista.

Achar que o caranguejo é um bem cultural confunde com o seu lado natural da necessidade da preservação. Mas o caranguejo como um bem imaterial já é um apelação espiritual.

Talvez o deputado pudesse dar comendas parlamentares aos caranguejos e as caranguejeiras.

Em tempo, os órgãos ambientais abandonaram a preservação dos caranguejos em Sergipe, enquanto patrimônio natural.

*Antonio Samarone (médico sanitarista)*


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