142 ANOS DE RIO REAL: TERRA NOSSA, NOSSA TERRA por Manoel Moacir Costa Macêdo e Marivaldo Alves de Macêdo Júnior

Noticias, 06 de Julho , 2022 - Atualizado em 06 de Julho, 2022

 


Terra nossa e nossa terra. Escolhemos onde viver e não onde nascer. Mistérios da existência. Geografia da reencarnação. Sentidos do desconhecido: de onde vimos e para onde vamos. Somos rio-realenses em sua completa tradução. Somos assim, porque somos daqui. Merecemos aqui chegar, num acordo milagroso entre pais e filhos.  Rio Real aniversariou, mas pouco tem a comemorar. 142 anos de história administrativa e política. Cidade não é apenas rua, praça, rio, riacho, esgoto, desigualdade, asfalto, paralelepípedo, violência e periferia; mas gente, sonhos, sabores, alegrias, desejos e esperançar. Vida e criaturas. Terra sem gente é terra morta. Aniversário é mais que aritmética de anos, mas história, sociologia, geografia e política. É casa grande e senzala. É preto e branco. É pobre e rico. É novo e velho. É utopia e realidade.

 


Terra nossa e nossa terra. Não olvidemos de seus sons, cheiros e tradições. Caminhamos lado-a-lado metade de sua história. Não é pouco. Não é matéria, mas espírito. Está conosco, onde quer que estejamos. Tatuada na carne, na alma, na oralidade, na escrita e na memória. O perdido no tempo, debitem à irresponsabilidade de quem deveria proteger e preservar.    

 


Terra nossa e nossa terra. Iniciada nas terras devolutas e sem donos da vizinha e patriarcal Itapicuru. Comunismo primitivo do século XIX. A pureza de suas águas, brejos de argilas negras e águas limpas abraçaram os colonizadores que penetravam no árido sertão do povoado Brejo Grande -, primeira identidade dessa terra.

 


Terra nossa e nossa terra. A era da agricultura, ciclo evolutivo da humanidade, elevou em 1855 à categoria de freguesia de Nossa Senhora do Livramento do Brejo Grande. Louvor e bem-aventurança a abençoada padroeira de Rio Real, a mãe de Jesus Cristo -, embaixador supremo do planeta. Cubra de bênçãos e cuidados os conterrâneos sofridos, os que partiram precocemente, os que interromperam as suas trajetórias, os felizes, os presentes e os expulsos, num descuido circunstancial, pois uma mãe não abandona os nascidos do seu ventre.

 


Terra nossa e nossa terra. Em 1880 foi denominada de Barracão e em 1931, mudou para Rio Real e assim ficou. Apologia ao rio que separa, mas não divide os estados de Bahia e Sergipe. Divisa cravada entre os extremos norte e sul. Próximos na geografia e distantes no acolhimento. Imposição da natureza, de um rio outrora caudaloso e pesqueiro, hoje um mísero riacho. Divisa gêmea em sentimentos e apartada em oportunidades e quereres.    

 


Terra nossa e nossa terra. Completou 142 anos em 08 de julho de 2022. Sem velas, sem cores e sem inclusões. Parabéns seletivos. Envelhecida e idosa. Velhice expressa na face do abandono, sofrimento e carências, de quem deveria cuidar e proteger. Não está no “fim de mundo”, mas no paralelo gêmeo, não de um, mas de dois estados federativos. Convergência de baianos e sergipanos, inseparáveis no trabalho, na culinária, no falar e no viver.

 


Terra nossa e nossa terra, és maior nos citros e na ancestral cerâmica, menor no amor, no trabalho, na saúde e no viver em paz dos filhos naturais, abastados e adotivos. Baianos e sergipanos, gêmeos na essência humanista, acolham os rio-realenses pobres e invisíveis.  O mapa da violência não lhe cabe, nem a injustiça social, nem a desgraça e nem a justiça miserável.

 


Terra nossa e nossa terra, não é povoado, nem vila, nem Brejo Grande e nem Barracão, mas Rio Real, generoso e ansioso pelo esperançar de seus mais de quarenta mil rio-realenses no campo e na cidade, no rural e no urbano, no centro e na periferia, no luxo e na miséria e no andar de cima e de baixo. Não está no ocaso, mas na rota das capitais da Bahia e Sergipe e no encontro regional das referenciadas Alagoinhas e Feira de Santana.

 


Terra nossa e nossa terra, ainda que tardiamente, cumpra com a sua história, bravura e livre-arbítrio de sua gente. No vindouro aniversário, haverá de estar no rumo do desenvolvimento acolhedor de filhos, moradores, empreendedores, visitantes e admiradores. Rio Real, foste criada pela divindade e protegida pela Imaculada, para ser altiva e próspera, distante da pobreza, da desigualdade e do esquecimento, numa divisa de ninguém, violenta e escura.

 


Foto: Manoel Moacir

 

Foto: Marivaldo Macêdo

 


Manoel Moacir Costa Macêdo e Marivaldo Alves de Macêdo Júnior são irmãos de pai e mãe, engenheiros agrônomos, advogados, nascidos e criados em Rio Real.


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