Talentos Sergipanos. Professor Edgar Barros (por Antonio Samarone)

Noticias, 06 de Julho , 2022



 

Morreu um poeta!

Passei parte da vida alisando os bancos escolares. Centenas de professores tentaram me ensinar em vão. Apreendi pouco, do muito que me ensinaram nas escolas. Esqueci muita coisa.

Os professores tentaram me ensinar, cada um ao seu modo. Sou grato a todos.

Entretanto, alguns professores foram especiais, ficaram na memória.

No início da década de 1970, fui aluno de biologia do professor Edgar Barros dos Santos (foto), no Murilo Braga. Humilde, discreto, Edgar era um técnico agrícola, especializado em inseminação artificial. Licenciado em ciências biológicas. Depois formou-se em odontologia.

Edgar foi dentista do IPES.

Edgar nasceu professor. Didático, fluente em metáforas, deixava a turma extasiada, ninguém dava um pio, todos de respiração presa, atentos, para não perder uma palavra do professor Edgar. A sua aula era um espetáculo.

A aula começava no canto superior do quadro negro. Tudo arrumado. Desenhos perfeitos, esquemas esclarecedores. No final da aula, ele chegava no canto inferior, no lado oposto do quadro. Um artista do quadro negro e do giz. A sua aula era uma obra de arte.

Edgar nunca usou o apagador. A sua aula ficava na lousa por dias, ninguém se atrevia apagá-la. Alunos de outras turma, professores, bedéis, todos extasiados.

A aula sobre a anato-fisiologia do aparelho reprodutor feminino era inesquecível. Na faculdade de medicina a aula de obstetrícia pareceu repetitiva. Lembrava-me de tudo da aula de Edgar no Murilo Braga. Naquele tempo, célula e genética estavam chegando. Biologia era botânica, zoologia e corpo humano.

O professor Edgar Barros, filho de Seu Epaminondas e Dona Duartina, morreu essa semana, aos 73 anos. Não ficou nem famoso, nem rico. Não terá um monumento em Praça Pública, A sua morte não foi notícias.

Mas afirmo sem receio: Edgar Barros foi um gênio em sala de aula, um poeta da biologia. Hoje, meio século se passou e as suas aulas continuam impressas em minha memória.

Eu fui um esforçado professor de biologia no Arquidiocesano. Quando recebia elogios sobres as aulas, pensavam em silencio: vocês não conhecem Edgar.

Receba as minhas homenagens, professor Edgar.

*Antonio Samarone (médico sanitarista)*


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