Governo de Sergipe estreita relações com Embaixada na Irlanda para difusão da renda irlandesa de Divina Pastora

Objetivo da gestão estadual é dar todo apoio possível e necessário para promover, cada vez mais, a renda irlandesa para o mundo

Redação, 25 de Janeiro , 2023

Promover o intercâmbio cultural e comercial para difusão da renda irlandesa foi o tema de videoconferência, realizada nesta quarta-feira, 25. A reunião contou com a participação do governador de Sergipe, Fábio Mitidieri, da representante da Embaixada do Brasil na Irlanda, Anecy Scholling, e do secretário Especial do Trabalho, Emprego, Empreendedorismo, Jorge Teles. 

O governador Fábio Mitidieri ressaltou que o intuito do Governo de Sergipe é promover a difusão da cultura da renda irlandesa e aproveitar o potencial comercial do produto. “O Governo do Estado quer dar todo apoio possível e necessário para promover, cada vez, mais a renda irlandesa para o mundo. Tenho compromisso com a cidade de Divina Pastora, de fortalecer essa cultura tão tradicional e tão importante para o nosso país. Nossa intenção é, cada vez mais, enaltecer essa tradição que é passada de geração a geração e promover, por meio dela, a geração de emprego e renda para a região”, destacou.

Reconhecida como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a produção da renda irlandesa – artesanato sem similar no mundo produzido em Divina Pastora, município do leste sergipano, distante 39 km de Aracaju – se constitui numa importante atividade geradora de renda e de identidade cultural para mais de 300 mulheres da região.

Segundo a representante da Embaixada do Brasil na Irlanda, Anecy Scholling, o intercâmbio vai reviver o saber fazer esquecido na Irlanda e também explorar o lado comercial da renda. “Ficamos muito felizes em saber que temos o apoio do Governo do Estado e do município. Nosso intuito é enaltecer essa tradição que se perdeu ao longo do tempo na Irlanda”, apontou a representante, que pretende promover, no segundo semestre de 2023, uma exposição sobre a renda no país.

A ideia é promover estudos, exposições, cursos, feiras e até exportação do produto produzido em Divina Pastora. Segundo o secretário Especial do Trabalho, Emprego, Empreendedorismo, Jorge Teles, o intercâmbio é a demonstração de que o artesanato é prioridade para o governo e motivo de orgulho para Sergipe. “Representa uma repatriação do ofício que foi perdido na Irlanda. É importante que a gente construa essa interlocução entre todos os atores para que a gente tenha êxito nesse intercâmbio cultural e comercial. Que seja um marco inicial de muito outros que nós teremos com essa abertura comercial com o município de Divina Pastora, com a Irlanda, unidos através dessa arte que veio da Irlanda para o Brasil e agora volta do Brasil para a Irlanda”, disse o secretário.

Visibilidade

A artesã Maria das Graças Santos Sampaio aprendeu aos 14 anos o ofício de fazer a renda irlandesa. Para ela, que sempre participa de feiras pelo Brasil, comercializando a renda que produz junto com as outras artesãs, o intercâmbio vai dar mais visibilidade à renda produzida em Divina Pastora. “Eu vejo com uma grande oportunidade de explorar comercialmente e também culturalmente. A renda irlandesa para a nossa região é muito importante. É uma das principais fontes de renda, principalmente para as mulheres do município”, disse a artesã que utiliza a renda como complemento da aposentadoria.

Da mesma forma acredita a presidente da Associação das Rendeiras Independentes de Divina Pastora (Asdrin), Neidiele Silva. “Há anos, a gente tenta uma exportação da nossa renda, buscando mercados para divulgar e disseminar a cultura, que é passada de geração em geração. Então, a gente espera um retorno positivo. A nossa renda irlandesa é reconhecida como Patrimônio Imaterial do Brasil. Somos detentores dessa arte. O nosso saber fazer é registrado no Livro de Saberes. Por isso, a gente tenta sempre focar na divulgação, na comercialização, para expandir o nosso conhecimento e passar também para as futuras gerações”, pontuou a representante da associação que conta com mais de 35 rendeiras cadastradas.

Já a representante da Prefeitura de Divina Pastora, Jaqueline da Silva Souza, ressaltou a importância das relações para economia e cultura do município. “Estamos muitos esperançosos. A Prefeitura de Divina Pastora é parceria das rendeiras, por meio das associações, e tem muito interesse em continuar junto promovendo a cultura da renda. É uma das principais fontes de recursos  da nossa região, atividade muito importante que engrandece o município, o estado e o país. Então, a prefeitura vem demonstrar esse apoio e reforçar a parceria para valorização da nossa tradição”, colocou. 

A coordenadora da Economia Solidária do NAT, Luciana Simary, que trabalha diretamente com a associações de rendeira do estado, espera que o estreitamento de laços seja revertido em benefício para as artesãs. “Nós que trabalhamos diretamente com as artesãs sabemos da luta diária que é para expor os produtos. Para muitas delas, o artesanato é um complemento de renda e para outras é até a renda fixa. Então nós sempre vamos buscar fomentar tanto o artesanato quanto a economia solidária”, afirmou.  

História

Estima-se que a história da renda irlandesa teve início por volta do século XV, na Europa. Com origem motivada por artesãs medievais, quando descobriram a renda de agulha. Foi na Itália que surgiu, além de outras rendas, a irlandesa, que, apesar de ser assim chamada, foi repassada pelas missionárias da Itália às missionárias da Irlanda, que, posteriormente, chegaram ao Brasil e difundiram a técnica em Divina Pastora.

Há algumas versões de como a técnica realmente chegou a Divina Pastora. Uma das rendeiras mais reconhecidas da cidade, Dona Alzira contou que a técnica chegou a Divina Pastora há mais de um século, através de freiras irlandesas que chegaram ao município para ensinar catequese. “As freiras ensinaram a técnica a Dona Juli, que era dona de Engenho. Dona Maroca, que era minha tia, trabalhava na casa de Dona Juli e aprendeu com ela. Dona Maroca ensinou às irmãs, entre elas Dona Sinhá, também minha tia, que ensinou a outras meninas da família, entre as quais minha prima Lourdes, que foi com quem aprendi a fazer a renda irlandesa”.


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