Eu confesso? (por Antonio Samarone)

Redação, 25 de Março , 2023


 

Não posso deixar de falar sobre o que tenho visto e ouvido.

Segundo o IBGE, a expectativa de vida aos 68 anos (o meu caso), é de 17 anos. É com esse tempo que posso planejar o futuro. É o que me resta.

Não estou reclamando!

O que fazer com esses 17 anos? O meu corpo não reconhece essa previsão da estatística e já está amuando. Ele possui os seus próprios desígnios. A medicina se oferece em vão, para mantê-lo azeitado. Nos impõe restrições e sofrimentos, sem os resultados prometidos.

O corpo está programado para a dissolução (cadáver adiado), para retornar ao pó, como ensinam a doutrina e a vida. A hora é de contarmos o que vimos e ouvimos, com a memória.

O homem começou a falar a uns 70 mil anos. A linguagem foi o encanto do Cro-Magnon. A bíblia cristã começa a vida com a fala. No princípio era o verbo! Antes era o gesto. Ninguém discursa com os brações amarrados.

A cultura entra pelo ouvido. A escrita é posterior. Os Acádios derrotaram os sumérios e formaram o primeiro Império. São conhecidos, por terem deixado tudo escrito, em tabuletas de barro. Viveram na Mesopotâmia.

Depois que os fenícios inventaram o alfabeto, a cultura tomou a forma humana.

Ontem conversei com Jorge Carvalho, um velho amigo, sobre novas trilhas. Vovas viagens de exploração da Expedição Serigy. Um consenso: trilhas que não exijam esforço físico. O corpo já pede descanso, desde que não seja o eterno. E a alma, como diz a canção, pede um pouco mais de paciência.

É preciso acreditar em ilusões, sem elas, a vida acaba.

Acredito na imortalidade, na versão de Jorge Luís Borges. A imortalidade do espírito universal.

Antonio Samarone (médico sanitarista)


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