E a Cultura? (por Antonio Samarone)

Redação, 14 de Abril , 2023



 

Estou embarcando para uma nova missão!

O Prefeito de Itabaiana me convocou para ser o Secretário da Cultura. Não posso rejeitar. Itabaiana vive uma nova Era, uma nova transição econômica e política. Um grupo político resolveu apostar na gestão pública de qualidade. Esta experiência já dura dez anos.

Mudou Itabaiana!

Até a segunda metade do século XX, Itabaiana era uma província agrícola. Um celeiro. Com a construção da BR – 235 e a chegada de um ginásio público, viramos uma economia mercantil. Itabaiana se transformou num centro distribuidor de mercadorias. Cresceram o comércio e os transportes.

A realidade mercantil encontrou atores vocacionados para o comércio. O Itabaianense sabe comprar e vender com maestria.

O caminhão criou um polo de riquezas, gerando renda e trabalho para muita gente. A Cidade tornou-se a capital nacional do caminhão.

A economia cresceu e a Cidade ganhou novos ares. Grandes empreendimentos imobiliários brotaram e a realidade se transformou. O dinheiro corre para Itabaiana. Este capital precisa dar novos saltos.

Emerge uma nova Era!

O capital acumulado procura investimentos viáveis e seguros. Precisa expandir-se e alargar as fronteiras. Foi assim na primeira fase, na década de 1950. Muitos comerciantes Itabaianense ganharam o Nordeste. (Bom Preço, Paes Mendonça).

Os novos desafios, conquistas e avanços, necessitam de lideranças políticas arejadas. Gente com outra cabeça. E estas lideranças já surgiram e mudaram a forma de fazer política em Itabaiana.

A boa gestão da coisa pública é indispensável!

Essa nova Era precisa do dedo da Cultura. A autoestima precisa de fundamentos, narrativas e significados. Isto quem dá, é a Cultura.

E o que é a Cultura?

O senso comum associa a cultura com o conhecimento escolar. Existem as pessoas cultas e as incultas. Não é nada disso!

A palavra Cultura vem do verbo latino “colere”, que significa cuidar. A agricultura cuida da terra, a puericultura, das crianças e o culto, cuida das divindades.

A Cultura cuida dos ausentes, dos significados, do tempo, dos símbolos e valores de uma sociedade.

É a Cultura que elabora os significados, qualifica o real, dá sentido às coisas, constrói e destrói narrativas. Uma sociedade só chega à civilização pela Cultura.

A Cultura usa a linguagem e o trabalho, para criar o que não existe. Existe uma cultura popular e uma erudita. Nas duas, as manifestações podem ser profundas e superficiais. A ideologia deturpa, qualificando uma e desqualificando a outra, previamente.

Tanto a Cultura popular como a erudita podem ser de resistência ou de conformismo, criativa ou superficial, propositora ou passiva.

Existe uma confusão entre a Cultura popular e a Cultura de massas. O mercado criou uma Cultura de massas. Tornou a Cultura apenas um entretenimento, diversão, mercadoria posta ao consumo imediato. A Cultura de massas é uma mistura diluída, sem raízes e efêmera.

Não podemos ignorar a Cultura de massas, pois ela existe e é dominante. Atende a valores e anseios manipulados de consumo. É um Ki-suco adocicado, sem nutrientes.

O papel do poder público é elaborar políticas que fomentem as manifestações culturais, eruditas e populares. Quem cuida da Cultura de massas é o mercado. Ela tem viabilidade econômica, se mantém com as próprias pernas.

A Cultura explode em Itabaiana por conta própria, de forma autônoma. A música, com duas filarmônicas, sendo uma a mais antiga do Brasil. Uma tradição na fotografia. Uma academia de letras, uma bienal de livros (sexta edição), o teatro amador, as manifestações tradicionais, a Chegança, o Reisado, a Quadrilha Junina (a única no Nordeste marcada por uma mulher).

A Cultura mantém a memória do passado (museus, memoriais), dá significado ao presente e pavimenta o futuro. A Cultura cria raízes, aproxima as pessoas, reforça as identidades e une os divergentes. Cria valores e símbolos.

Aceitei a missão por acreditar que o atual grupo político que comanda Itabaiana, tem os mesmos propósitos e as mesmas ambições: fortalecer uma civilização no agreste, que possa servir de inspiração para Sergipe.

“Alea Jacta Est”.

Antonio Samarone (médico sanitarista)


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