A Rota da Castanha. (por Antonio Samarone)

Redação, 19 de Maio , 2023 - Atualizado em 19 de Maio, 2023

 

Sair da burocracia e fui visitar dois dos povoados de origem quilombola em Itabaiana: Barro Preto, Tabuleiro dos Caboclos, Carrilho, Tabocas e Dendezeiro.

Curiosamente, o único povoado reconhecido oficialmente como quilombola é o Zangûe, no boqueirão do poético Rio Jacarecica (onde não se encontra evidências).

As Flechas é outra história, lá havia um colônia de Malês, negros muçulmanos e alfabetizados. É de lá o líder abolicionista Quintino de Lacerda.

Ontem fui aos povoados Tabocas e Dendezeiros. Um lindo vale ao pé de serras, cheirando a castanha assando. A castanha parece com café torrando, o odor vai longe, e enche as nossas ventas. O cheiro me lembrou a casa dos meus avós, nas Flechas.

Eu gosto do cheiro da castanha assando.

A economia das Tabocas e o do Dendezeiro gira em torno da castanha e do pequenos negócios nas feiras livres, nos finais de semana. Um terra de experientes feirantes, todos especialistas no que vendem. Da carne aos temperos.

Desde a entrada, pelo Carrilho, é visível a origem africana daquela gente. A história de Fernão Carrilho, um entradista, que no século XVII, sufocou os mocambos daquele pé de serra, está confirmada.

O dendezeiro é uma palmeira originária da África Central e o dendê é um ingrediente básico em muitas comidas de origem africana.

Taboca é bambu, e eu desconheço a origem. Na localidade existe o Riacho Tabocas, hoje assoreado. Acho que devia ser um afluente do Vaza Barris.

Não se construía quilombos longe de fontes de água.

Procurei a professora Isabel, diretora da Escola Municipal. Encontrei um salão lotado de crianças assistindo a um vídeo educativo sobre assédio sexual. Um corpo docente unido, esclarecido e comprometido com a qualidade do ensino. Uma graça de Deus.

É a primeira escola municipal que visito em Itabaiana, cheguei de surpresa e muito me agradou.

Conversamos sobre a cultura negra, danças, capoeira, culinária e sobre as relações da educação com a cultura. Professores motivados e comprometidos com o ensino público.

Me contaram uma história engraçada. A Escola chama-se Maria Vieira de Mendonça, uma homenagem a ex-prefeita e ex-deputada Maria Mendonça. Nos tempos da antiga política, os adversários chamavam apenas Escola Maria Vieira e os correligionários de Escola da Filha de Chico de Miguel.

Coisas antigas da política em Itabaiana. Hoje é Escola Municipal e a merecida homenagem respeitada.

Prometi que no segundo semestres, a Cultura vai levar o cinema e a boa música para os povoados e para a Zona Rural. Começaremos pelo Carrilho.

Comprei as afamadas roscas e o bolo de leite de João de Nanam, mesmo sem poder desfrutá-los, por conta da diabetes. Comprei-os só pela beleza e pelo cheiro. Só comi uma tilasquinha. É esse o bolo raiz que estou procurando.

Liguei pedindo ajuda ao historiador Wanderlei Menezes, um profundo pesquisador da cultura Itabaianense. Ele sugeriu: vamos fazer a rota da castanha. Eu de pronto respondi: vamos!

Em Itabaiana, a cultura é um mundo ainda pouco conhecido.

Antonio Samarone (médico sanitarista)

 


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