SANTO ANTÕNIO DE LISBOA, DE PÁDUA E DE ITABAIANA

Por Jerônimo Peixoto

Jerônimo Peixoto, 12 de Junho , 2023 - Atualizado em 12 de Junho, 2023

                                           

SANTO ANTÔNIO DE LISBOA, DE PÁDUA E DE ITABAIANA

 

            Fernando Martins de Bulhões e Taveira de Azevedo, filho único do Oficial da Guarda de Dom Afonso, nasceu para ser santo. Sua alta nobreza não o distinguiu, dentre os cidadãos portugueses, tanto quanto o fez sua inclinação à mística de Francisco de Assis, que o levou à honra dos altares. Embora tivesse se valido da condição de nobre para adquirir excelente formação intelectual, serviu-se do fiel cumprimento do evangelho para abraçar a construção do castelo espiritual, que o tornou reconhecido como santo, com apenas alguns meses de sua morte. Seu processo de canonização foi aberto quinze dias após seu sepultamento. É uma espécie de “santo súbito”.

            No dia 13 de junho de 1232, quando se completou um ano de sua morte, Pádua celebra-o como padroeiro. A fama de santidade do frade da ordem franciscana invadiu toda a Europa cristã, tornando-se populares os relatos milagrosos a ele atribuídos. Só para a sua canonização foram contados 53 milagres. Não se trata de um nobre que se santificou, mas de um santo que se notabilizou pelo testemunho de fé, pelo conhecimento teológico e pelo amor devotado à Mãe de Jesus, pelo serviço aos pobres e pelos préstimos aos doentes.

            A iconografia se encarregou de lhe esculpir uma imagem em que traz o livro dos Evangelhos nos braços e, sobre ele, o Menino Jesus, para afirmar a sua intimidade com a simplicidade e com a Palavra de Deus, a ponto de, em suas atitudes, poder-se visualizar a imagem de Jesus. Ter o Menino nos braços significa configurar-se a Cristo, por uma vida de virtudes especiais. Ter o Evangelho à mão significa testemunhar a Palavra Santa aos quatro ventos da humanidade. Além disso, a ternura da criança o remete ao carinho que guardou – pela vida afora – aos pequeninos.

            Os frades franciscanos, os capuchinhos, mais tarde, iriam se encarregar de levar seu nome ao Novo Continente, para ajudar na conversão dos que eram considerados “incivilizados”. A gentilidade precisava de exemplos fortes para, por tais referenciais, achegar-se à proposta do Evangelho. O Brasil foi catequizado por europeus afeitos ao Santo de Lisboa. Muito rapidamente, multiplicaram-se as paróquias sob o patrocínio de Santo Antônio, e este nome se popularizou entre os brasileiros, de sorte que as famílias, ao nominarem seus filhos, faziam atos de consagração destes ao Santo de Pádua. Havia, ainda, o costume de se tomar Santo Antônio para Padrinho dos filhos. Esse costume perdurou até os idos de sessenta, quando o Concílio Vat. II fez entender o verdadeiro sentido da figura do padrinho, que é mais do que mera devoção.

            Quem cuida dos pobres ganha evidência e passa a ser conhecido. Tal se deu com o Santo de Assis, que arrastou multidões e encantou o coração do Cônego Regular de Santo Agostinho, tornando-o frade franciscano. O mesmo se deu com Santo Antônio, que se tornou grande referência no cuidado com os marginalizados e oprimidos. Ainda hoje, ele é uma referência no combate à fome e às desigualdades sociais. Estamos falando de um santo que viveu, de fato, o ideal do Evangelho, tornando-se sal e luz para os outros, grandes e pequenos, mulheres e homens, sem discriminar, sem excluir.

            O povo, então, se habituou a pedir favores a Santo Antônio. Ele entende a linguagem dos humildes, porque, embora intelectual, fez-se um com os pobres e desamparados. Há certa facilidade, no inconsciente popular, de se dirigir a Santo Antônio, sem qualquer cerimônia. Ele é o santinho que compreende as dores, as angústias, as esperanças, os gritos dos oprimidos por libertação. Ele é um exemplo de quem se imiscui entre os pobres, para, também pobre, partilhar da alegria do Evangelho.

            Assim, Pedro, Zé, Honório, Onofre, Margarida, Maria, Josefa, Joaninha, Tereza, Luzia, Antônia sabem se achegar a ele, sem qualquer acanhamento. Basta se ajoelhar ante sua imagem, com a intenção de se postar diante do próprio Santo, para chorar suas mágoas, suas angústias, confessar seus erros e misérias e suplicar por favores especiais, aquela ajudinha para melhorar o relacionamento, comprar a casa própria, arrumar emprego, sarar do mal de que padece. Há tempo e espaço para todos, no coração sacrossanto de Santo Antônio. Por isso, tornou-se tão popular, a ponto de as pessoas o chamarem de “meu Santo Antônio. Ele é de Lisboa, de Pádua, de Assis, de todos os lugares, também de Itabaiana, cidade que nasceu sob seus auspícios, na capelinha da “Igreja Velhas, origem da povoação serrana.

            Que Santo Antônio nos inspire gestos, palavras e atitudes, em prol da conversão diária, mas também da conversão ao serviço aos pobres. Viva o Santinho de Itabaiana!

                                                                                     Jerônimo Peixoto


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