Bionegócios: a nova fronteira sustentável na Amazônia

Redação, 19 de Setembro , 2023

Nos dias de hoje, o termo "bionegócios" está se destacando, especialmente após a iniciativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao assinar um decreto visando impulsionar esse setor na Amazônia. Mas o que exatamente são bionegócios e como podem ser fomentados em locais como Sergipe? Para esclarecer essas questões e adentrar no potencial desses empreendimentos, o Professor Marcelo Mendonça, do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Biotecnologia Industrial da Universidade Tiradentes (Unit) e Pesquisador do ITP, traz uma visão esclarecedora.

"O termo 'bionegócio' se refere a um tipo de empreendimento com características particulares, cujo produto ou insumo é derivado de recursos naturais da biodiversidade. Isso confere um diferencial na comercialização, ao agregar valor ao produto ou processo, promovendo a economia baseada na bio. É crucial compreender e refletir sobre o impacto potencial na economia local ao obter e comercializar produtos da biodiversidade de uma região ou bioma específico. Nesse contexto, equipes multidisciplinares e centros especializados são fundamentais para uma exploração consciente, que traga resultados para a bioeconomia local, avaliando sempre o impacto sobre a biodiversidade para garantir sua preservação", esclarece Mendonça.

A iniciativa assinada por Lula tem como propósito agregar valor e fomentar novos empreendimentos a partir dos recursos naturais da região. Mendonça ressalta que essa ação representa um avanço significativo para o desenvolvimento da região e para seus habitantes. “A criação do Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA) teve o intuito de atenuar essas questões e apoiar a exploração sustentável da biodiversidade amazônica", complementa.

Promovendo a riqueza da biodiversidade

A riqueza da biodiversidade amazônica é vasta e é objeto de estudo não apenas por pesquisadores do Brasil, mas também de outras nações. Uma variedade de produtos originados da biodiversidade amazônica é utilizada em diversos setores, desde alimentos até fitoterápicos.

"O CBA tem como missão criar alternativas econômicas por meio da inovação tecnológica para um aproveitamento econômico e social mais eficaz da biodiversidade amazônica, de maneira sustentável. Para alcançar esse fim, o CBA é dividido em mais de trinta unidades, incluindo laboratórios, unidades de apoio tecnológico, unidades de apoio técnico e áreas administrativas, contando com vários profissionais altamente qualificados com formação de mestrado e doutorado para executar as atividades e serviços", detalha.

Além da Amazônia, o Brasil abriga outros cinco biomas, incluindo a caatinga. Marcelo destaca o potencial desse bioma para a bioprospecção sustentável de novos produtos, capazes de impulsionar o desenvolvimento da região e do país.

“A biodiversidade da caatinga sustenta diversas atividades econômicas voltadas para fins agrosilvopastoris e industriais, especialmente nos setores farmacêutico, de cosméticos, químico e de alimentos", afirma.

Para que esse potencial seja plenamente explorado, Marcelo enfatiza a importância de investimentos em pesquisa científica e tecnológica, bem como a criação de marcos legais que regulamentem o acesso e uso conscientes dessa biodiversidade.

“É essencial estabelecer marcos legais por meio de políticas públicas que regulamentem o acesso e uso consciente dessa biodiversidade, preservando-a, mas também permitindo a geração de bionegócios que promovam o desenvolvimento econômico e social da região", conclui.

Essa crescente cultura empreendedora na região amazônica, impulsionada pela riqueza da biodiversidade, tem dado origem a uma nova geração de empreendedores focados em negócios sustentáveis. Isso não apenas abre novos horizontes econômicos, mas também contribui para a preservação desse valioso ecossistema.

Marcelo Mendonça aponta para exemplos de sucesso, como a startup Engenho Café de Açaí no Amapá, que reaproveita o caroço do açaí para produzir uma bebida aromática rica em antioxidantes e fibras. Outras iniciativas, como a Soul Brasil Cuisine, estão desenvolvendo produtos a partir de ingredientes nativos da biodiversidade brasileira, promovendo o desenvolvimento sustentável das comunidades da floresta.

Esses empreendimentos representam não apenas uma promissora fonte de receita, mas também um testemunho da capacidade empreendedora que surge quando se une inovação tecnológica e preservação ambiental. Com iniciativas como o Centro de Bionegócios da Amazônia, o Brasil está pavimentando o caminho para um futuro onde a biodiversidade não é apenas preservada, mas também valorizada como um recurso econômico fundamental.

Asscom Unit


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