Estudos apontam que presença feminina é minoria nas áreas de Ciências Exatas

Redação, 16 de Outubro , 2023

As ciências exatas, em particular a matemática, têm sido historicamente dominadas pelo gênero masculino. Esse cenário influencia diretamente o interesse e a motivação das meninas nessas disciplinas. 

A falta de representatividade cria estereótipos prejudiciais, associando erroneamente as mulheres à fragilidade e sensibilidade, o que por sua vez desencoraja o desenvolvimento do raciocínio lógico e abstrato. A psicóloga e professora da Universidade Tiradentes (Unit), Ana Karolina Nunes Silveira, destaca a importância da representatividade como meio de romper com esse paradigma.

“Somos moldados socialmente pelos valores e crenças de nossa cultura. O machismo é uma dessas manifestações resultantes dessa dinâmica. Na área da matemática, predominantemente masculina, reforça-se a imagem de feminilidade como algo frágil, sensível e incapaz de racionalidade. Portanto, a representatividade se torna uma ferramenta crucial para quebrar esse padrão de pensamento, mostrando que a mulher também possui capacidade racional, coerência e determinação”, pontua.

De acordo com dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA) do Brasil, apenas cerca de 20% dos profissionais registrados na área de engenharia são mulheres. O cenário não é muito diferente nos Estados Unidos, onde dados da Sociedade de Computação (ACM) revelam que apenas aproximadamente 20% dos graduados em ciências da computação eram mulheres.

Embora a presença das mulheres na matemática tenha crescido ao longo dos anos, elas ainda constituem uma minoria em muitos contextos acadêmicos e profissionais. A União Matemática Internacional (IMU) fornece dados que indicam que, em geral, a representação das mulheres na matemática é inferior à dos homens, com variações entre os países.

Educação: o caminho para o empoderamento

Valorizar a educação é um elemento crucial no processo de empoderamento das meninas. “A mudança é um processo que exige uma postura crítica. Tornamo-nos aptos a questionar e analisar o mundo de forma crítica através da educação, um processo que transcende a mera escolarização”, enfatiza Ana Karolina.

Para mitigar os desafios enfrentados pelas meninas na área das ciências exatas, a presença de mulheres no ensino superior e em cargos de liderança emerge como uma estratégia eficaz. Ter referências femininas nesse campo proporciona modelos a serem seguidos e encoraja a quebra de barreiras. “Além da presença das mulheres no ensino superior, é crucial tê-las também em posições de liderança na área”, orienta.

O desencorajamento por parte da família também é um fator crítico que pode influenciar diretamente o interesse e o comprometimento das meninas nessas áreas. Ana Karolina sublinha: “Recebemos influências de diversos fatores em nossa formação, sendo a família o primeiro contato social. Portanto, ela exerce uma forte influência na formação de ideias, crenças e na forma como vemos o mundo, mas não é o único”, pontua.

Ambiente inclusivo e estimulante

Fomentar um ambiente educacional inclusivo demanda a presença de referências femininas na área. Ana Karolina destaca a necessidade de professoras e profissionais que sirvam de exemplo para as meninas, criando um ambiente que estimule o interesse e a confiança nas disciplinas de exatas. “Além da representatividade, precisamos de professoras, e outras profissionais na área, que sirvam de referência” relata.

O papel da sociedade é fundamental para apoiar e encorajar as meninas a superar obstáculos e prosperar nas áreas de exatas. “Somos seres sociais, existimos através das nossas relações. Portanto, a desconstrução social dessa ideia é crucial para legitimar a igualdade de gênero. Transformar esse paradigma é um passo vital para o empoderamento feminino nas ciências exatas”, reforça a psicóloga

A representatividade e a educação emergem como peças-chave no empoderamento das meninas nas áreas de exatas. Superar os desafios e promover a inclusão requer esforços coletivos, desde a família até a sociedade como um todo. Com ações concretas e a valorização da educação, é possível trilhar um caminho de igualdade e oportunidades para as futuras gerações de meninas nas ciências exatas.

Asscom Unit


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